Ingrid Cañete promove palestras sobre o assunto em todo o
país
Crianças devem ser estimuladas e
preparadas para que possam desenvolver habilidades
Johnatan Castro
Em seu
consultório em Porto Alegre (RS), a psicóloga Ingrid Cañete recebe pais e
crianças índigo em busca de orientação. “Muitos pais procuram o consultório
falando que o filho é teimoso. Na verdade, eles trazem um saber muito grande e
o que eles não suportam é a energia do controle. E mesmo que eles não digam, se
sentem inseguros”, explica a especialista, que se dedica ao assunto há cerca de
12 anos.
Assim,
todos os especialistas convergem na opinião de que a educação, a preparação e o
acompanhamento das crianças índigo são fundamentais para o desenvolvimento
desses seres. Mais do que entendê-los, como afirma a psicóloga Valdeniza Siri,
é preciso saber que sua identificação perante a sociedade deve ser feita de
maneira cuidadosa, sem rotulação ou exposição, respeitando suas qualidades e
defeitos. “O índigo tem sido apresentado ao grande público sem alardes e sem
misticismo, o que é correto, porque eles estão aqui para provocar mudanças, mas
não são perfeitos nem heróis”, diz.
Falta de
educação adequada, desequilíbrio familiar e contaminação pelo ambiente social
são alguns dos motivos que, segundo os especialistas, além de interromperem a
missão, podem trazer graves conse-quências. “O papel dos pais é fundamental na
educação e preparação das crianças índigo porque, devido a sua natureza, eles
vêm resgatar a responsabilidade da família na educação”, afirma Valdeniza.
Um dos
principais equívocos na hora da identificação dos índigos ainda envolve
psicólogos e psiquiatras. Em função de seu comportamento “diferenciado”, quando
muitas vezes a criança só se interessa por algumas atividades e assuntos
específicos, os índigos são diagnosticados como portadores do Transtorno do
Déficit de Atenção (TDA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH).
A maior
consequência disso é uma grande quantidade de crianças medicadas com
metilfenidato, a Ritalina, psicoestimulante tarja preta cujo Brasil é o segundo
maior consumidor do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. “Isso ocorre
com frequência porque a sociedade tem a tendência a enquadrar tudo o que é novo
no modelo que já existe. Os índigos são superativos e, não, hiperativos”, descreve
Valdeniza.
Mas é
importante lembrar que nem toda criança que apresenta déficit de atenção e
hiperatividade é índigo e, da mesma forma, nem todo í ndigo sofre de tais
processos.
Cuidado
Para o
terapeuta holístico José Carlos Palermo, as habilidades dos seres índigos
carregam uma potencialidade que deve ser tratada com muito cuidado. “Os índigos
não têm limites, e isso pode tender tanto para o bem quanto para mal. A melhor
maneira de lidar com isso é havendo entendimento. Eles não aceitam voz de comando,
mas aceitam negociação. Se, por exemplo, eles estão num lar com pessoas
espiritualizadas, que lhes dão o que necessitam, serão mais estáveis”, diz.
Ingrid
Cañete relata em seu livro diversos encontros e experiências com os seres
índigos e sugere que eles estão em toda parte. Ela conta que essas crianças
sofrem quando percebem que o meio em que vive e as pessoas com quem convivem
não correspondem a suas expectativas e a sua missão. “Elas acham que os pais
não confiam nelas, não as respeitam. E se alguns pais partem para agressão,
talvez elas queiram se defender. Eles têm uma reação muito forte, que assusta
alguns adultos. Mas porque elas não reconhecem o medo”, explica.
O modelo educacional também surge como entrave para
o aprimoramento dos dons índigos. “Muitas delas preferem fazer prova oral,
querem maior movimentação na sala de aula e preferem aulas mais dinâmicas e
criativas. Quando falamos com professores sobre os índigos, eles conseguem
imediatamente identificá-los entre seus alunos”, diz Valdeniza.
Sem dogmas religiosos
Apesar de
algumas das habilidades das crianças índigo se apresentarem de forma direta, os
pais podem encontrar manifestações bastante subjetivas no comportamento desses
seres. Desde a intuição aguçada ao olhar profundo, como descrevem os autores,
passando pela consciência de sua missão e a relação com a natureza e os
animais, vários são os detalhes que podem intrigar. Para a psicóloga Ingrid
Cañete, é nesse momento que a informação torna-se mais necessária.
Dons como os da personagem Clara em “Amor, Eterno Amor” também são amplamente
defendidos pelos estudiosos. Esses seres ainda teriam um sistema imunológico
fortalecido, com defesas para doenças como câncer. “Essas manifestações são
possíveis em qualquer ser humano, porque todos nós temos percepção
extra-sensorial, mediunidade. O fato é que essas aptidões naturais ficaram
delegadas à religião e por isso são vistas com reservas. Os índigos estão nos
mostrando que, quer aceitemos ou não, somos espíritos em evolução. Fazemos parte
de uma realidade que vai muito além da realidade física, material”, afirma a
psicóloga Valdeniza Siri.
Para a presidente da Associação Brasileira de
Psicólogos Espiritualistas (Abrape), Ercília Zilli, as crianças índigo não se
encaixam em nenhum dogma religioso. “Elas não pertencem necessariamente a uma
religião ou raça, mas parecem refletir um estado de consciência importante e
são crianças extremamente sensíveis, diferentes, naturalmente bondosas, desde
que compreendidas e incentivadas nos seus talentos, que muitas vezes não são
valorizados pela nossa sociedade”, conclui.