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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Creática: Uma nova Educação para os Genios do Futuro



Natalio Domínguez Rivera

A Creática consiste em uma estimulação integral da pessoa de cara para o futuro. É um Programa para descobrir, não para ensinar nada. E menos ainda para entreter as crianças com exercícios complicados. Isto seria demasiado desperdício para o tempo que levamos trabalhando com afinco neste modelo.
Na Creática usamos iniciar nossas conversas com uma parábola muito significativa: contam que um menininho, vizinho de um grande atelier de escultura, costumava parar e olhar com curiosidade os trabalhos dos artesãos e dos artistas. Assim, se tornou amigo de um deles. Um dia foi visitar o seu amigo e se surpreendeu ao ver que alguém colocara ali uma imensa pedra. Porem, não disse nada. Quando voltou a visitar seu amigo, passadas as férias, encontrou no lugar da pedra um lindo cavalo de mármore branco. Voltando-se intrigado para seu amigo perguntou:
-         Como você sabia que dentro daquela pedra havia um cavalo?
O artista não pode deixar de sorrir e elevar os ombros como resposta.
A frase do pequeno era algo mais profundo que uma ocorrência infantil. Era nada menos que a parábola de toda vida humana. A verdade é que o cavalo já estava dentro da pedra, e que a habilidade artística consistia precisamente nisso: em saber ver o cavalo dentro, e ir tirando do bloco de pedra tudo o que sobrava. O escultor não trabalhou acrescentando partes do cavalo. Mas tirando a figura encerrada dentro do bloco de pedra, vendo dentro o que ninguém via.
Com a educação acontece o mesmo. A verdadeira genialidade de um diretor, de um pai ou de um mestre não é induzir, completar desde fora, agregar pedaços a criança para educá-lo, mas extrair, e-ducir (daí vem a palavra educação), não completar ao que falta a criança, porque não lhe falta nada a sua natureza, tudo está dentro dela.
Este é o novo enfoque: não ensinar, assistir ao sentido comum, fazer com que, com alguns dados que vamos lhe dando, ela vá trabalhando, como a larva, para emergir, para sair, para descobrir todas as possibilidades, as aptidões, os processos que de forma embrionária estavam dentro dela, pondo em movimento o programa. Podemos induzir-lhe a ciência, mas não a vida, as condutas, os valores, a sociabilidade, a espiritualidade, a transcendência, que já vieram no pacote como programa de vida. Mas, havia algo que não tinha sido levado em conta pela psicologia tradicional: o surgimento de uma nova classe de crianças diferentes, não compreensível para os dados que possuíamos.
Quando em 1970 surgiu o Movimento para o Desenvolvimento da Inteligência, hoje chamado Creática, ainda não se falava das crianças Índigo. Porem estava aparecendo cada vez com mais freqüência, crianças surpreendentes que em nada se diferenciavam biologicamente das demais crianças, mas que psicologicamente eram “anormais em excesso” comparadas com seus similares.
Destacavam-se por sua limpeza mental, sua aceleração vital, sua maturidade precoce no campo ideativo, ainda que não nas tarefas escolares, sua capacidade crítica um tanto cáustica e mordaz, seu descontentamento com o sistema educativo, sua facilidade em manejar instrumentos eletrônicos e, sobretudo, uma visão distinta da vida e um repúdio pelas tarefas rotineiras. Crianças que estavam aparecendo com uma personalidade muito definida, sem possibilidade de diagnóstico, porque cada uma delas era diferente, e nas quais não se podia aplicar o clássico C.I. (cociente intelectual), não porque fossem mais inteligentes, mas porque elas estavam em outra onda.
Nunca tinham aparecido tantas e tais exceções juntas na história da psicologia. Durante sete anos se trabalhou primeiro isolando o problema, e buscando depois uma forma de aliviar a situação dessas “crianças precoces”, como as denominávamos. A equipe começou a suspeitar no principio que eram crianças excepcionais que na loteria da natureza haviam sido premiadas. Nós resistíamos a aceitar sua normalidade. Buscávamos clinicamente sintomas e detalhes de anormalidade. Hoje estamos convencidos de que é para elas que temos de olhar e de quem temos de esperar, porque são as que vão configurar as sociedades do futuro, para um mundo mais humano.
No entanto, ainda suspeitávamos que estas crianças fossem fruto da tempestade de informação dos meios de comunicação de massa e da proliferação dos jogos eletrônicos. Por isso deixamos de chamá-los “crianças problema”, e passamos a chamá-los jocosamente “crianças Nitendo”, os que hoje seriam chamados “crianças Internet”.
O caso é que aparecia este fenômeno em crianças que não recebiam tempestades eletrônicas. Ou seja, era preciso admitir que fosse um fenômeno de novo interesse, e nos negávamos sequer a pensar na mais leve suspeita de mutação genética. Os estudos de laboratório parecem estar na onda de que, como não somos especialistas na matéria, preferimos não opinar. Estão notando e certificando nestas três últimas gerações uma inicial e potente mudança estrutural a nível psicobiológico nas crianças.
É uma lástima que, oficialmente, as escolas e os colégios privados estejam ainda enfrentando estas crianças, e tachando-os de “sujeitos problemas”, e até de enfermos emocionais ou tomados de certa psicopatia. São crianças muito diferentes das crianças que fomos.
Para muitos educadores, havia uns sintomas alarmantes nas crianças hiperativas que era um problema em sala de aula e no ambiente familiar, com uma mente estranhamente desperta, agressiva para o docente superior e normal, ou para os pais autoritários e monárquicos. Estas crianças eram inquietas, extremamente inteligentes, questionadoras, incompreendidos, com péssimas notas às vezes, porem brilhantes idéias destruidoras de velhos paradigmas.

Nossa preocupação aumentou quando nos trabalhos de campo dos alunos da cátedra de Psicologia Evolutiva apareceram em todas as classes sociais umas crianças não classificadas em nenhuma das características evolutivas dos veneráveis tratadistas do passado (Hurlock, Piaget, Moragas, etc.).
Cada dia aumentava o numero de “crianças problemas por excesso”, como os denominávamos num primeiro momento, que não eram compreendidas nem em família nem em sala de aula, que eram isoladas, quando não, abertamente repudiadas ou verbalmente agredidas. Hoje a essas crianças nós chamamos de “Índigo”, ao que parece por sua aura tingida de anil. Os que não temos o dom de perceber essa aura, não os catalogamos, e menos ainda nos atrevemos a diagnosticá-los. O que menos importava era a denominação.  O que tínhamos que fazer, já que estavam ali, era ajudá-los e compreendê-los.
Em cada amostragem eram mais numerosos os casos. Impunha-se criar novas formas de tratá-los e educá-los. Não se contentavam com a instrução. Empenhavam-se em serem pessoas humanas distintas, e discutiam conosco seus programas, sempre diferentes e melhores que os que lhes estava sendo proporcionado por sua sociedade e pelas autoridades educativas.
Em um dado momento, quase que paralelamente, foram aparecendo casos de crianças estranhas na China, Romênia e Estados Unidos. As universidades do mundo começaram a se preocupar com o problema. No ano de 1983 o Presidente do Instituto de Creática, por ocasião de um curso-oficina de Desenvolvimento da Inteligência solicitado pelo Governo da China Popular, ouviu falar na Universidade de Beijing de certas “crianças superpsiquicas”, e se inteirou das surpreendentes habilidades dessas crianças, que sem nenhum treinamento prévio, captavam o pensamento alheio, liam uma pagina de um livro fechado, moviam uma bola no ar com energia projetada e, sobretudo, apresentavam uma maturidade até então inconcebível para os cânones normais de evolução psíquica e certa imunidade contra enfermidades crônicas, como o Câncer e a Hepatite B.
Nada nos informaram as personalidades chinesas que visitaram Caracas, mas depois soubemos que a razão de sua visita era que haviam recebido a notícia de que na Venezuela se havia criado desde 1978 um Ministério para o Desenvolvimento da Inteligência, e que tinham vindo, precisamente, segundo posterior confissão (primeiro três professores da Universidade de Beijing e depois o próprio Vice- ministro de Educação) com a intenção, oculta de inicio, de indagar se nós teríamos a solução ou, pelo menos, uma explicação para o fenômeno.
Ali se confirmaram nossa suspeita de que o fenômeno não era regional, que era algo mais que uma super-ativação devida aos meios e aos jogos eletrônicos, que estava aparecendo uma espécie de mudança brusca e rápida em nível de espécie, em duas ou três gerações, quando era regra geral que uma mutação, biológica ou psíquica, em qualquer espécie, levava centenas e até mesmo milhares de anos.
Mas que tipo de mutação, deveríamos chamar “a caminho”, já que o parecer do que estava acontecendo era de que elementos do ADN que se encontravam inativos apareciam nestas crianças funcionando com normalidade. Decidimos deixar para os biólogos estudar o fenômeno mutacional, e nos dirigimos ao que nos correspondia: a solucionar os problemas iminentes de conduta com um critério de utilidade. Queríamos encontrar para eles uma evidencia de reconhecimento, onde soubessem que os compreendíamos ainda que não os entendêssemos, e que estávamos fazendo o possível para atender a necessidade de velocidade evolutiva.
Quando nos demos conta, o rio nos foi levando para novas formas educacionais, pelas quais não havia o que ensinar ao aluno, senão colocá-lo em situação de aprendizagem. Com isto desaparecia a figura do educador ritual, exigente de memorização, e aparecia o companheiro de viagem que demanda do aluno raciocínios e responsabilidades em sua aprendizagem pessoal, em suas idéias, em suas condutas e em sua particular escala de valores.
E assim nasceram os programas, com suas características pertinentes para as crianças destas novas gerações. Nascia a Creática, a ressurreição da Maiêutica de Platão e de Sócrates, que afirmava sem rubor que ele não era o pai da criatura nas mentes de seus alunos, mas o parteiro das idéias, e que as ajudava a nascer. Avançamos nas exigências acadêmicas em mais de quatro anos, para escândalo dos temerosos. E o resultado é que essas crianças problema não eram as tais, e que se deleitavam com nossos desafios e que se sentiam felizes de que ninguém lhes ensinara nada, senão que eles, revolvendo os dados que lhes dávamos procedendo do concreto nos exemplos, tiravam suas próprias conclusões, por investigação, por senso comum, por lógica natural.
Estes programas, desde a Educação de Pais e pré-natal, até a Universidade, não estão construídos para as “crianças comuns” que nós fomos, ou dessas que desafortunadamente ainda persistem, apesar do retrocesso, em qualquer instituição pedagógica das quais os governos de todos os países fomentam, para evitar jovens rebeldes e adultos críticos. Os Manuais da Creática foram construídos para os “gênios do futuro”, que já estão entre nós, como um acontecimento que muitos preferem ignorar. Mas que já não podem negar nem parar. Simplesmente já está aqui.
Para mim foi altamente significativo que no Colégio Dom Bosco de Puerto La Cruz, um menino de apenas quatro anos, do Maternal, se safou das mãos de sua mãe, que havido ido buscá-lo, para abordar-me e perguntar:
- É você que faz os absurdos?
- Sim, lhe respondi.
- Me deixa te dar um beijinho?
Comoveu-me. E enquanto me agachava até ele, não pude deixar de pensar como haveriam de raciocinar ante esta anedota aqueles autores que estudamos nas Escolas de Psicologia que defendiam que antes dos doze anos de idade cronológica somente um gênio seria capaz de compreender um absurdo.
Estas crianças não compreendem (e não por rebeldia sem causa, mas porque simplesmente não compreendem) que lhes exigimos rotinas e disciplinas que são compreensíveis só em ovelhas, como nas filas, a compostura, o silêncio desnecessário, mas que são capazes de fazê-lo quando não os obrigam, senão quando aponte a sua auto responsabilidade.
Já não podemos deter esta avalanche silenciosa. Eles estão aqui, e não se comportam assim por capricho, senão simplesmente “porque são assim”. Quando não recorremos a sua responsabilidade, mas apenas tentamos obrigá-los por autoridade ou por rotina, se tornam indisciplinados, desafiantes e caprichosos. É sua única defesa, porque se sentem injustamente agredidos, tudo “porque são pequenos” (esta frase é de um deles). Elas sentem-se tão pessoas como nós, ainda que diferentes, e exigem respeito e compreensão. A única forma de compensar nossas injustiças (sem culpa, certamente) é tornando-nos amigáveis, e não considerando-nos condutores de trem, mas companheiros de viagem: pais e mestres, não chefes onipotentes.
Assustamo-nos ao perceber que estas crianças nos exijam raciocínio e honestidade. Não são “nossos” por sermos seus pais ou por estarem inscritos em nossas origens. Os pais têm sido as mãos da Divindade para que viessem ao mundo, e os mestres para fazê-los crescer como humanos, e não as altas representações a quem devem respeito e veneração. Por isso às vezes em seus olhos podemos ler certa reprovação de que estamos fazendo diante deles o ridículo com nossas posturas monárquicas e nossas exigências autoritárias.
Estas crianças através do raciocínio nos tiram do sério, porque ocultamente nós sabemos que elas têm que toda a razão. Para elas a educação do passado não tem lugar em suas vidas. Por isso temos de tratar de encontrar a educação para o futuro: não dar-lhes a solução, mas sim, perguntas respeitosas. Quando será que um autor de livros escolares irá preparar manuais de trabalho escolar que não tenham respostas, senão perguntas tecnicamente elaboradas? Hoje isto é ainda uma utopia. Porem chegará o momento que estas crianças esperam.
Elas não perdoam quando dizemos que fizeram algo de mal , que não louvemos suas intenções e vejamos somente seus erros. Não querem que as protejamos tanto, tornando-lhes a vida fácil, mas sim, sentindo-as capazes, propondo-lhes desafios contínuos, porque estamos seguros de elas tem capacidade suficiente para encontrar soluções. Que com nossas palavras e nossa confiança afirmemos sua autoestima, e não os perdoando por se sentirem incapazes.
Porem tendo sempre em conta que são crianças, e, portanto manipuladores quando nos distraímos. Tenhamos em conta que na infância a histeria (tentar ser o eixo do seu meio e centro de atração) é natural, e por isso nos adultos é uma regressão neurótica. Porem, que essa luta seja franca e sem fraudes, que as armas sejam idéias e sorrisos. Não caiamos na estéril luta geracional. Não nos deixemos anular e que não descubram em nós insegurança e debilidade porque então estaremos perdidos, e é grande o mal que com isso lhes fazemos. Porem é difícil não deixar-se manipular por estas crianças que nos superam e a quem concebemos como os salvadores da humanidade. E antes de tudo não perder o controle.  
Em meados da década de 80, uma mãe levou a meu consultório um casal de gêmeos aos que a primeira vista se podia ler em seus olhos uma super-normalidade. Pois bem, acontece que a mestra de sua série (devia ser de segunda série) os havia “diagnosticada” como atrasadas e com necessidade urgente de psicólogo, já que tinham um alto índice de atenção dispersa. Ao interrogar-lhes a sós para sua folha de vida, ambos me repetiram de diversas formas que a mestra era uma tonta que acreditava que sabia tudo, que não admitia que lhe perguntasse nada, e que os tratava como criancinhas que não sabiam de nada. Alem do mais, repetia tudo várias vezes como se fosse bebê, e que por isso elas se distraiam. Seu C.I. Refletiu dígitos próximos a genialidade. Já tínhamos outros dois casos mais que foram engrossar a lista de gênios do futuro para os quais estávamos confeccionando os manuais de Creática.
Logicamente, os docentes formados nas aulas universitárias anteriores aos anos 70 reagiram com estupor e até com agressividade, ante as afirmações da equipe de Creática. Porem persistimos em nosso labor de investigação e confecção dos manuais. O resultado é que tínhamos razão. Todo ele tinha que ver de alguma maneira com a luta geracional, com a incompreensão e o choque de velhos e novos paradigmas.
Não eram manuais de estimulação precoce, nem antecipada, mas uma atividade que denominamos como Estimulação Pertinente Circunstancial. Pertinente, porque é a que corresponde a esta classe de crianças estranhas, hiperativas, inquietas; e Circunstancial, porque foi confeccionada para este momento histórico e para esta avalanche inesperada que nos tem surpreendido. Possivelmente numa geração futura já não seja suficiente estes manuais, e tenha que se duplicar ou triplicar estas previsões.
Os gênios do futuro nascem. Porem não se fazem, não aprecem, até que os descubramos e os ativemos de alguma forma casual ou intencionada. A razão da Creática é uma forma intencionada de ativação. Em resumo: o problema não são as crianças. O problema somos nós. Não estamos preparados para isso. Elas são os normais para seu momento vital e histórico. Nos já estamos passando de moda. Há que admiti-lo e acoplar-se, se não quisermos perder-nos e perder-los.
Tem-nos chegado à boa notícia que na Venezuela existem pelo menos dois colégios para crianças Índigo, um em Caracas e o outro em Valencia, que tem abertas as inscrições para o próximo ano escolar. A ajuda, de momento, pode ser presencial para Caracas e Valencia, ou virtual por internet, para o interior do país e para o exterior.
Estou seguro que muitos colégios seguirão este exemplo, para dar resposta adequada à inquietude destas crianças a quem podemos chamar diferentes, para não ter que catalogá-los, e muito menos diagnosticá-los. Metaforicamente, cravemos nossas almas para dar graças a Divindade por havermos conhecido este belo momento da história em que a humanidade se colocou na rampa de lançamento, para um porvir mais de acordo com nosso destino e nossa qualidade de humanos.


Fonte: Extraído do Livro “Consciência Índigo: Futuro Presente”


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