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domingo, 21 de junho de 2009

Série Educando os Educadores - Parte 2


por Daniel Jacob

Tenho amado e apreciado a muitos mestres ao longo dos anos. Alguns deles foram meus e outros são mestres que encontrei pelo caminho. Pessoas maravilhosas, vibrantes, vivas, preocupadas com o que faziam. São a prova positiva de que ainda se consegue abundancia de bondade no sistema educativo. Eles fazem bem o seu trabalho, e tem um impacto substancial em muitas vidas.
Minha mestra de inglês da Oitava Série, a senhorita Jamieson, foi a primeira pessoa que descobriu minha habilidade para falar em público. Ela me escolheu para uns projetos de “Interpretação Oral” – ler histórias e poesias com sentimento e imaginação – e isto mudou a minha vida. Ainda posso ouvir-me, enquanto recitava ingenuamente “Os Sinos” de Edgar Allan Poe a uma classe agradecida. Daí, fui para a Oratória e Dramaturgia, onde minha própria imagem no Secundário e na Universidade se converteu na de um “ator” e um artista. Todos nós precisamos de uma “imagem” própria no sistema escolar e na vida e essa se converteu na minha.

No Secundário, o Sr. Johnson se converteu em meu mentor e amigo. Suas aulas Teatro se davam em um pequeno bangalô em um lote atrás da Escola Secundária Politécnica de Long Beach na California. Os “atores e atrizes” mais dedicados na Poli, nunca usavam os arquivos que nos designaram no edifício principal. O Sr. Johnson nos deu caixotes e armários no bangalô para guardar nossos artigos pessoais, assim íamos alem dos recreios e desenvolvíamos uma espécie de comunidade. Encantava-nos passar nossos horários de almoço e recreio conversando com o “Sr. J” e entre nós. Ele nunca parecia cansar-se de nossas aplacadas
ou nossos pontos de vista adolescentes e escandalosos.

AS EXCESSÕES E A REGRA

Um punhado de meus próprios mestres foram pessoas excepcionais. Talvez alguns dos seus tenham sido também excepcionais também. E este é justamente o ponto, não é assim? Há exceções, e logo está lá a regra. Seriamos bastante descuidados neste estudo se não tomássemos nota de fileiras de mestres lá fora - com titularidade e quase invencíveis – que caminham dormindo ao longo de cada dia escolar e fuxica nos cursos de estudo “padrão” e descarregam repetição, tédio e mal-estar mental nas mentes jovens e férteis.

Paul Simon, sucintamente, colocou em uma de suas primeiras canções e gritava: “Quando penso em toda a porcaria que aprendi no secundário – é maravilhoso que ainda possa pensar[1]!” Há que reconhecer que esses problemas não residem totalmente nos mestres. Grande parte disto aponta para o mal-estar administrativo e legislativo também. Estar atado a um currículo “estabelecido” durante 20, 30, 40 anos pode matar o espírito investigativo de qualquer um.

Continuamente estou ouvindo queixas de que estão se preocupando demasiadamente com as estatísticas e pontuação das provas e muito pouco por conectarem-se genuinamente com as crianças e relacionarem-se com eles ou o que é vital pata seu mundo. Um Mestre ganhador de um prêmio me fez esta confidência: “Passamos o tempo seja preparando as crianças para as provas (padronizadas) ou lhes fazendo provas. Há muito pouco tempo para fazer alguma coisa mais.“
No sistema atual, se um Mestre quebra o “protocolo” e cria um entorno de aprendizagem realmente inovadora, seus colegas põem a boca no trombone a respeito, porque isso faz com que os demais se vejam mal. Também põem a administração na defensiva. Alem de tudo, alguém poderia se queixar.

Os estudantes, que podem detectar a inteligência e a autenticidade a uma milha de distancia, imediatamente fogem a galope de qualquer coisa que os irrite e leve as lagrimas. Se isso tem também uma aplicação vital para os dolorosos desafios com os quais se deparam diariamente, e lhes falam numa linguagem que podem entender, a curva de resposta vai mais longe ainda. Se o Mestre escuta realmente, no lugar de falar-lhes somente, os resultados se tornam astronômicos.

Porem, são os “resultados” o objeto primordial aqui, muito alem da pontuação aceitáveis das provas? Ou as chaves deste dilema são as mesmas chaves que abrem as portas de qualquer outra parte da vida – a saber, a política e o dinheiro? Mestres brilhantes, imaginativos, entusiasmam as crianças. Isto é um fato comprovado. No entanto, em muitas instancias, são castigados por isso. Um grande número de mestres dotados eventualmente deixa seus empregos devido à pressão administrativa ou de seus colegas para que se adaptem aos “padrões e práticas” aceitadas de tempos que passaram.
BUSCANDO ENCONTRAR A CRIANÇA INTERIOR.

Esta situação externa é um espelho perfeito da vida interior da maioria das pessoas do planeta, não importando a idade. Exatamente assim é com muitos de nós estamos tratando a nossa Criança Interior Mágica.

Na escola física, os jovens são forçados a suportar as lições e projetos dos que se faz um ritual, que estão fora de moda, “padronizados” e que seus superiores insistem em fazer-lhes suportar. Aqui estamos falando das sempre presentes, sempre importantes “Três “Rs”. Os adultos odiaram aprender a respeito delas quando eram pequenos, e estão determinados a fazer que com que seus próprios filhos passem por essa mesma prova de paciência também.Concedido, aprender estas habilidades pode ser essencial para uma vida eficiente e cotidiana. Porem, quem consegue descobrir essa compreensão e fazer uma escolha em livre arbítrio para conseguir o remédio? Damos as crianças a oportunidade de descobri-lo – ou simplesmente encaixam, como o resultado inevitável? Os adultos “responsáveis” dizem a sua progênie: “Sabemos que precisam disto, assim aqui está.” Ainda que algumas crianças aceitem essa opinião sem questionar, um grande numero deles resistem furiosamente.
A partir do momento em que passam pela porta da escola, cometamos a forçar as crianças a sentarem-se quando tem vontade de moverem-se, a escutar quando tem perguntas que fazer ou compreensões que compartilhar, e a memorizar algo velho quando suas consciências despertas anseiam criar algo novo.

E deixando para trás a escola e entrando na “adultez”, as pessoas a perseguem com a adesão compulsiva a essas formas tradicionais de comprometer-se com a vida ou rebelar-se contra elas, bloqueando-os a todos e impedindo-lhes perceber a inspiração momento a momento e a beleza que continua golpeando as portas de seus corações famintos!

Vão do trabalho escolar ao trabalho dos adultos, com muito pouco espaço intermediário. Logo se casam e tem seus próprios filhos. Aos que tratam de expandir esse bendito espaço intermediário se os chama “preguiçoso” e os pais choram de agonia, temendo que seus filhos nunca cheguem a nada.

Contatar com a Criança Mágica, em qualquer nível, não é mais complicado que pedir o jantar em um restaurante. Dão um cardápio a criança e a perguntam: “O que quer comer?” O difícil é esperar a resposta. Se a criança não aprendeu a ler, temos um caso. Se a criança não tem fome, temos outro caso. Entretanto, temos que aguardar o tempo, não é certo?

A palavra “tempo” joga uma grande parte em tudo isto. Um dos aspectos mais essenciais do processo de crescimento de qualquer pessoa é o TEMPO. Todos nós precisamos de tempo para sentir, tempo para darmos conta das coisas, tempo para experimentar desejo e tempo para ir satisfazendo nossas necessidades e desejos. Porem, os pais e os mestres só têm certa quantidade de tempo para dar-nos. Quando dão fazem sentirem-se enormemente afetados. Podem ver isso na quantidade de tempo que lhes deram seus próprios pais e mestres.

Falei da “apropriação” das crianças por parte dos pais e da sociedade, na série “A Nação Imaginada”.
Podem encontrá-la em espanhol em:
http://www.manantialcaduceo.com.ar/libros.htm.
A soberania pessoal representa um grande papel na motivação de alguém para expandir-se e ser criativo cada dia de sua vida. O mesmo acontece com o sentimento de valorização pessoal. No próximo seguimento gostaria de discutir a importância de criar um entorno de aprendizagem genuíno. Para que se completem e sejam efetivas as transações de aprendizagem, o fluxo de energia deve mover-se em ambos os sentidos. Deve-se compartilhar o poder e deve haver realizações em todos os níveis. Se isto não ocorre, a educação se converte em educação morta, e se perderão os dons e o potencial de outra geração.

© Daniel Jacob, 2004 – Publicado na Revista Virtual de Planet Lightworker em agosto e setembro deste ano.
Tradução do original em inglês para o espanhol: Susana Peralta
Tradução do espanhol: sandraferris@globo.com

[1] NT: na verdade este desabafo de Paul Simon é uma adaptação de uma citação de Albert Einsten sobre o espirito investigativo do ser humano.