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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Visão Cósmica da Educação - Parte 3


1 – Como a vontade direcional, propósito, incentivo básico. Esta é a energia dinâmica que faz seu ser funcionar, trá-lo-a a existência, determina a duração de sua vida, transporta-o através dos anos, longos ou curtos e se abstrai ao fim de seu ciclo vital. Este é o espírito no homem, manifestando-se como a vontade de viver, de ser, de agir, de prosseguir, de evoluir. No seu aspecto mais baixo opera através do corpo, ou natureza mental e, em conexão com o físico denso, se faz sentir através do cérebro.

2 – Como uma força de coesão. É aquela qualidade significativa essencial que faz cada homem diferente, que produz aquela complexa manifestação de humores, desejos, qualidades, complexos, inibições, sentimentos e características que produzem uma especial psicologia humana. Este é o resultado da inter-relação entre o espírito, ou aspecto energia, e a matéria, ou natureza corporal. Este é o homem subjetivo distinto, sua coloração, ou nota individual; é isto que estabelece o ritmo da atividade vibratória de seu corpo, produz seu particular tipo de forma, é responsável pela condição e natureza de seus órgãos, suas glândulas e seus aspectos exteriores. Esta é a alma e – no seu aspecto mais baixo – é vista operando através da natureza emocional e, em conexão com o corpo físico, através do coração.

3 – Como a atividade dos átomos e células dos quais o corpo físico é composto. É a totalidade daquelas pequenas vidas das quais os órgãos humanos, compreendendo o homem inteiro, são compostos. Estes têm uma vida própria e uma consciência que é estritamente individual e identificada. Este aspecto do princípio vital trabalha através do corpo vital e, em conexão com o mecanismo sólido da forma tangível, através do baço.

Entretanto, até que venha o tempo no qual a consciência da alma seja tocada e conhecida e o Uno sem forma possa ser percebido através da clara luz da intuição, muito do que foi dito continuará abstruso. Uma das primeiras lições que necessitamos aprender é que nossas mentes, sendo até então incapazes de responder às intuições ocultas, tornam impossível para nós, dizer com segurança que tal condição seja esta, aquela ou outra; que, até que possamos atuar em nossa consciência de alma, não temos condição para afirmar o que é e o que não é; que, até nos termos submetido ao necessário treino, não estaremos em posição de afirmar ou negar coisa alguma. Nossa atitude deveria ser aquela de uma inquirição razoável e nosso interesse, o do filósofo que investiga desejoso de aceitar uma hipótese na base de sua possibilidade, mas não desejoso de aceitar como verdade provada coisa alguma, antes de conhecermos o fato por nós mesmos e em nós mesmos.
Alma, o Princípio Mediador. Há dois ângulos ou pontos de vista pelos quais se deve atingir a natureza da alma: um é o aspecto da alma em relação ao quarto reino da natureza, isto é, o humano, e o outro, aquele dos reinos subumanos da natureza, os quais - deve ser lembrado- são reflexos dos três superiores.

Deve-se ter em mente que a alma da matéria, a “anima mundi”, é o fator sensível na própria substância. É a capacidade de resposta da matéria através do universo e aquela faculdade inata em todas as formas, desde o átomo do físico, até o sistema solar do astrônomo, que produz a inegável inteligente atividade que todos demonstram. Pode ser chamada de energia atrativa, coesão, sensibilidade, vitalidade, plenitude dos sentidos ou consciência, mas talvez o termo mais esclarecedor seja aquele que a alma é a qualidade que toda forma manifesta. É aquela coisa sutil que distingue um elemento de outro, um mineral de outro. É a intangível natureza essencial da forma que no reino vegetal determina se uma rosa ou uma couve-flor, um olmo ou o agrião brotarão; é um tipo de energia que distingue as várias espécies do reino animal e torna um homem diferente de outro na sua aparência e caráter. O cientista tabulou, analisou e investigou as formas; nomes foram selecionados e dados aos elementos e minerais, às formas da vida vegetal e às espécies de animais; a estrutura das formas e a história de seu progresso evolutivo foram estudadas e se alcançaram deduções e conclusões, mas a solução do problema da vida em si mesmo ainda confunde os mais sábios e até que a compreensão da “teia da vida” ou do corpo vital que jaz sob cada forma e liga cada parte de uma forma a cada outra parte, seja reconhecida e conhecida como um fato na natureza, o problema permanecerá insolúvel.

A definição da alma pode ser considerada como algo mais factível do que a do espírito devido ao fato de que há muitas pessoas que, numa ou noutra oportunidade, experimentaram uma iluminação, uma revelação, uma elevação e uma beatitude que as convenceram de que há um estado de consciência tão afastado daquele normalmente experimentado, capaz de trazê-las a um novo estado de ser e a um novo nível de conscientização. É algo sentido e experimentado e envolve aquela expansão psíquica que o místico registrou através dos tempos.

1 – A alma, macrocósmica e microcósmica, universal e humana, é aquela entidade que é trazida à existência quando o aspecto espírito e o aspecto matéria se relacionam reciprocamente.

a) A alma por isso não é nem espírito nem matéria, mas a relação entre eles.

b) A alma é o mediador entre esta dualidade; é o princípio meio, e elo entre Deus e Sua forma.

c) Por isso, a alma é um outro nome para o princípio Crístico, quer na natureza, quer no homem.

2 – A alma é a força atrativa do universo criado e (quando atuando) mantém unidas as formas de modo que a vida de Deus se possa manifestar ou expressar através delas.

a) Por isso a alma é o construtor da forma e é aquele fator atrativo em toda forma no universo, no planeta, nos reinos da natureza e no homem (que globaliza em si mesmo todos os aspectos) que traz a forma à existência, que capacita a desenvolver e crescer de modo a acomodar mais adequadamente a vida que a habita e que conduz para diante todas as criaturas de Deus no caminho da evolução, reino após reino, em direção a um objetivo final e uma gloriosa consumação.

b) A alma é a própria força de evolução.

3 – Esta alma se manifesta diferentemente nos vários reinos da natureza, mas sua função é sempre a mesma, quer estejamos lidando com um átomo da substância e seu poder de preservar sua identidade e forma, e levar adiante sua atividade segundo suas próprias linhas, quer estejamos lidando com uma forma em um dos três reinos da natureza, mantida unida pela força da coesão, demonstrando características, perseguindo sua própria vida instintiva e trabalhando como um todo em direção a alguma coisa mais elevada e melhor.

a) Por isso a alma é aquilo que dá características distintas e diferentes manifestações à forma.

b) A alma atua sobre a matéria, forçando-a a assumir certas formas, a responder a certas vibrações e a erigir aquelas formas fenomênicas específicas que nós reconhecemos no mundo do plano físico como mineral, vegetal, animal e humana – e para o iniciado certas outras formas, além disso.

4 – As qualidades, vibrações, cores e características, em todos os reinos da natureza, são qualidade da alma, como são os poderes latentes em qualquer forma procurando expressão e demonstrando potencialidade. Na sua totalidade, ao fim do período evolutivo, revelarão qual é a natureza da vida divina e da alma do mundo – aquela super alma que revela o caráter de Deus.

a) Por isso, a alma, através destas qualidades e características, se manifesta como resposta consciente à matéria, pois as qualidades são trazidas à existência através da interação dos pares de opostos, espírito e matéria e seus efeitos recíprocos. Esta é a base da consciência

b) A alma é o fator consciente em todas as formas, a fonte daquela conscientização que todas as formas registram e daquela capacidade de responder às condições grupais ambientes que as formas em todos os reinos da natureza demonstram.

c) Por isso, a alma poderia ser definida como o aspecto significativo em toda forma (feita através desta união do espírito e matéria) que sente, registra a plenitude de consciência, atrai e repele, responde ou nega resposta e mantém todas as formas numa condição constante de atividade vibratória.

d) A alma é a entidade perceptiva produzida através da união do Pai-Espírito e da Mãe-Matéria. É aquilo que no mundo vegetal, por exemplo, produz resposta aos raios do sol e ao desabrochar de um botão; é aquilo que no mundo animal capacita a amar seu dono, caçar sua presa e obedecer à própria vida instintiva; é aquilo, no homem, que o torna consciente de seu meio e de seu grupo, que o capacita a viver sua vida nos três mundos de sua evolução normal como o observador, o percebedor e o ator. É isto que o capacita, finalmente, a descobrir que esta alma é dual e que parte dela corresponde à alma animal e parte dela desconhece sua alma divina. A maioria, contudo, no tempo atual, não será encontrada funcionando plenamente, nem puramente animal, nem puramente divina, mas sim, podendo ser considerada como almas humanas.

5 – A alma do universo é – para melhor clareza – capaz de diferenciação, ou antes (graças às limitações da forma através das quais aquela alma tem de atuar), capaz de reconhecimento em diferentes graus de vibração e estágios de desenvolvimento. A natureza da alma no universo, por isso, manifesta-se em certos grandes estados de percepção com muitas condições intermediárias, das quais as maiores podem ser assim enumeradas:

a) Consciência, ou aquele estado de conscientização na própria matéria, devido ao fato de que a Mãe-Matéria foi fecundada pelo Pai-Espírito e assim a vida e a matéria foram reunidas. Este tipo de consciência diz respeito ao átomo, molécula e célula dos quais todas as formas são construídas. Assim é produzida a forma do sistema solar, de um planeta e de tudo aquilo que é encontrado sobre ou dentro de um planeta.

b) Consciência sensível inteligente, ou seja, a que é evidenciada nos reinos mineral e vegetal. É esta que é responsável pela qualidade, forma e coloração das formas vegetais e minerais e por suas naturezas específicas.

c) Consciência animal, a conscientização da resposta da alma de todas as formas no reino animal, produzindo suas distinções, espécies e natureza.

d) Consciência humana, ou autoconsciência, em direção à qual tem tendido o desenvolvimento da vida, da forma e da consciência nos outros três reinos. Este termo relaciona-se com a consciência individual do homem e nos estágios primitivos é mais animal do que divina, devido à dominância do corpo animal com seus instintos e tendências. O homem é definido com precisão como “um animal mais um Deus”. Mais tarde ela é mais estritamente humana, nem puramente animal nem inteiramente divina, mas flutuando entre os dois estágios, assim tornando o reino humano o grande campo de batalha entre os pares de opostos, entre o estímulo ou impulso do espírito e o engodo da matéria ou mãe-natureza e entre o chamado eu-inferior e o homem espiritual.

e) Consciência do Grupo, que é a consciência das grandes totalidades, alcançada pelo homem através do desenvolvimento, antes de tudo, de sua consciência individual, a totalidade das vidas de suas naturezas animal, emocional e mental, mais a centelha da divindade habitando dentro da forma que elas criam. Então vem a tomada de consciência de seu grupo, como especificada para ele no grupo de discípulos trabalhando sob algum Mestre que representa para ele a Hierarquia.

f) A Hierarquia poderia ser definida como a totalidade daqueles filhos de homens que não estão mais centralizados na autoconsciência individualizada, mas que entraram numa compreensão mais ampla, da vida do grupo planetário, até a completa conscientização do grupo, da vida em Quem todas as formas têm sua existência, a consciência do Logos planetário, aquele “Espírito perante o trono” Que se manifesta através da forma de um planeta, como o homem se manifesta através de sua forma no reino humano.

A alma por isso pode ser considerada como a unificada sensibilidade e a relativa conscientização daquilo que jaz por trás da forma de um planeta e de um sistema solar. Estas últimas são a totalidade de todas as formas orgânicas ou inorgânicas, como o materialista as diferencia. A alma, embora constituindo um grande todo, é, todavia, limitada em sua expressão pela natureza e qualidade da forma na qual se acha e há consequentemente formas que são altamente reativas à alma, da qual também são expressão, e outras que – devido à sua densidade e à qualidade dos átomos dos quais são compostas – são incapazes de reconhecer os aspectos superiores da alma ou de expressar mais do que sua vibração, tom ou cor inferiores. O infinitamente pequeno é reconhecido, o infinitamente vasto é presumido; mas, contudo, ele permanece como um conceito até o momento em que a consciência do homem seja inclusiva, tão bem quanto exclusiva. Este conceito será compreendido quando se estabelecer contato com o segundo aspecto e os homens compreenderem a natureza da alma. Deve-se também lembrar que exatamente assim como a trindade básica de manifestação produziu simbolicamente no homem como a quota de energia dele (energia física), seu sistema nervoso e a massa corporal, também a alma pode ser conhecida como uma trindade, as correspondências superiores das inferiores.

Antes de tudo existe o que se poderia chamar a vontade espiritual – aquela quota da vontade universal que qualquer alma pode expressar e que é adequada ao propósito de capacitar o homem espiritual a cooperar no plano e propósito da grande vida na qual ele tem sua existência. Há também a Segunda qualidade da alma que é o amor espiritual, a qualidade da consciência do grupo, da inclusividade, da mediação, da atração e da unificação. Esta é a característica capital da alma, pois somente a alma a tem como o fator dinâmico. O espírito, ou mônada, é primariamente distinguido pela inteligência, mas a alma tem destacadamente a qualidade de amor que demonstra como sabedoria também, quando a inteligência da natureza do corpo se funde com o amor da alma.

Corpo – a Aparência Fenomênica. Pouca coisa precisa ser escrita sobre isto aqui, pois a natureza do corpo e o aspecto forma têm sido objeto de investigação e assunto para a reflexão e discussão dos pensadores do mundo há séculos. O investigador moderno admite a Lei da Analogia como base de suas premissas e reconhece, às vezes, que a teoria hermética “como acima, assim é embaixo” pode lançar muita luz sobre os problemas atuais. Os postulados que se seguem podem ajudar a esclarecer:

1 – O Homem, em sua natureza corpórea, é uma totalidade, uma unidade.

2 – Esta totalidade é subdividida em muitas partes e organismos.

3 – Contudo, estas muitas subdivisões funcionam de uma maneira unificada e o corpo é um todo correlacionado.

4 – Cada uma de suas partes difere na forma e na função, porém são todas interdependentes.

5 – Cada parte e cada organismo é, por sua vez composto de moléculas, células e átomos, e todos são mantidos unidos na forma de um organismo pela vida da totalidade.

6 – A totalidade chamada homem pode ser aproximadamente dividida em cinco partes, algumas de maior importância do que outras, porém todas completando esse organismo vivo que nós chamamos ser humano:

a) A cabeça.

b) O torso superior, ou a parte que fica acima do diafragma.

c) O torso inferior, ou a parte abaixo do diafragma.

d) Os braços.

e) As pernas.

7 – Esses organismos servem a propósitos diversos, e sobre o seu devido funcionamento e ajustamento apropriado depende o conforto do todo.

8 – Cada um destes tem sua própria vida, que é a totalidade da vida de sua estrutura atômica, e é também animado pela vida unificada do todo, dirigida a partir da cabeça pela vontade inteligente ou energia do homem espiritual.

9 – A parte importante do corpo é a tríplice divisão de cabeça, torso superior e torso inferior. O homem pode funcionar e viver sem braços e pernas.

10 – Cada uma destas três partes é, por sua vez, tríplice do ponto de vista físico, constituindo a analogia das três partes da natureza do homem e das nove da vida monádica perfeita. Há outros órgãos, porém os enumerados são aqueles de maior significado esotérico do que os demais.

a) No interior da cabeça encontram-se:

1 – Os cinco ventrículos do cérebro, ou o que podemos chamar de cérebro como um organismo unificado.
2 – O seio carotídeo e as glândulas pineal e hipófise.
3 – Os dois olhos.

b) No interior da parte superior do torso estão:

1 – A garganta.
2 – Os pulmões.
3 – O coração

c) Na parte inferior do torso estão:

1 – O baço.
2 – O estômago.
3 – Os órgãos sexuais.

11 – A totalidade do corpo é também tríplice:

a) A pele e a estrutura óssea.

b) O sistema vascular ou sanguíneo.

c) O tríplice sistema nervoso.

12 – Cada uma destas triplicidades correspondem às três partes da natureza do homem:

a) Natureza física: a pele e a estrutura óssea são a analogia dos corpos denso e etérico do homem.

b) Natureza da alma: Os vasos sanguíneos e o sistema circulatório são a analogia dessa alma todo-penetrante que permeia todas as partes do sistema solar, assim como o sangue percorre todas as partes do corpo.

c) Natureza do espírito: O sistema nervoso, que energiza e atua no homem físico, é a correspondência da energia do espírito.

13 – Na cabeça temos a analogia do aspecto espírito, a vontade dirigente, a mônada, o Uno.

a) O cérebro com seus cinco ventrículos é a analogia da forma física que o espírito anima em relação ao homem, quíntupla totalidade que é o meio pelo qual o espírito, no plano físico, tem para expressar-se.

b) As três glândulas na cabeça estão estritamente relacionadas com a alma ou natureza psíquica – superior e inferior.

c) Os dois olhos são a correspondência, no plano físico, da mônada, que é vontade e amor-sabedoria, ou atma-budi, segundo a terminologia ocultista.

14 – Na parte superior do corpo, temos a analogia da tríplice natureza da alma.

a) A garganta, correspondendo ao terceiro aspecto criativo ou natureza corporal, a inteligência ativa da alma.

b) O coração, o amor-sabedoria da alma, o princípio búdico ou crístico.

c) Os pulmões, a analogia do sopro da vida, são a correspondência do espírito.

15 – Na parte inferior do torso, temos novamente este tríplice sistema:

a) Os órgãos sexuais, o aspecto criativo, o modelador do corpo.

b) O estômago, como manifestação física do plexo solar, é a analogia da natureza da alma.

c) O baço, o receptor da energia e, portanto, a expressão no plano físico do centro que recebe esta energia, é a analogia do espírito energizante.

O corpo vital é a expressão da energia da alma e tem a seguinte função:

1 – Ele unifica e liga num todo a soma de todas as formas.

2 – Ele dá a cada forma sua particular qualidade e isto se deve:

a) Ao tipo de matéria atraído para aquela particular parte da trama da vida.

b) À posição no corpo do Logos planetário, por exemplo, de qualquer forma específica.

c) Ao particular reino da natureza que está sendo vitalizado.

3 – É o princípio da integração e a força de coesão da manifestação, no sentido estritamente físico.

4 – Esta trama é a analogia subjetiva com o sistema nervoso, e os iniciantes na ciência esotérica podem, se se recordarem disso, representar para si mesmos uma rede de nervos e plexos distribuídos pelo corpo todo, ou a totalidade de todas as formas, coordenando e ligando e produzindo uma unidade essencial.

5 – Dentro dessa unidade está a diversidade. Assim como os vários órgãos do corpo humano estão inter-relacionados pela ramificação do sistema nervoso, também dentro do corpo do Logos planetário estão os vários reinos da natureza e a multiplicidade de formas. Por trás do universo objetivo está o corpo sensível mais sutil – um organismo, não muitos, uma forma sensível, conectada e capaz de reagir aos estímulos.

6 – Essa forma sensível não é somente a que responde ao meio ambiente, mas, é o transmissor – de fontes internas – de certos tipos de energia e o objetivo deste estudo pode ser aqui fixado como o de considerar os vários tipos de energia transmitida à forma no reino humano, a capacidade da forma em responder aos tipos de força, os efeitos dessa força sobre o homem e sua gradual capacidade de resposta à força emanando:

a) Do seu meio ambiente, mais o seu próprio corpo físico externo.

b) Do plano emocional, ou força astral.

c) Do plano mental, ou correntes de pensamento.

d) Da força egoica, uma força somente registrada pelo homem e da qual o quarto reino da natureza é o guardião e tem efeitos misteriosos e peculiares.

e) Do tipo de energia que produz a concreção das ideias no plano físico.

f) Da energia estritamente espiritual, ou força do plano da mônada.

Os diferentes tipos de força podem todos ser registrados no reino humano. Alguns deles podem ser registrados nos reinos subumanos e o aparelho do corpo vital no homem é de tal modo constituído que através de suas três manifestações objetivas, o sistema nervoso tríplice, através dos sete plexos maiores, dos gânglios nervosos menores e dos muitos milhares de nervos, o homem objetivo inteiro pode responder a:

a) Os acima mencionados tipos de força.

b) Energias geradas e emanando de qualquer parte da trama da vida etérica planetária.

c) A trama da vida solar.

d) As constelações do Zodíaco que parecem ter um real efeito sobre nosso planeta e das quais a astrologia é ainda um estudo imaturo.

e) Certas forças cósmicas que, será reconhecido mais tarde, atuam e produzem modificações em nosso sistema solar e consequentemente sobre nosso planeta e em todas as formas sobre e dentro dessa vida planetária.

A tudo isso a trama da vida planetária responde e, quando os astrólogos trabalharem de modo ocultista e considerarem o horóscopo planetário chegarão mais rapidamente à compreensão das influências cósmicas e zodiacais.


A “anima mundi” é aquilo que está por trás da trama da vida. Esta última é apenas o símbolo físico dessa alma universal; é o sinal visível e externo da realidade interior, a concreção da entidade sensível que reage e que liga o espírito à matéria. Esta entidade nós chamamos de alma universal, o princípio médio do ponto de vista da vida planetária. Quando nós estreitamos o conceito até a família humana e consideramos o homem individualmente, nós o chamamos de princípio mediador, pois a alma da humanidade não é somente uma entidade unindo o espírito e a matéria, e mediando entre a mônada e a personalidade, mas a alma da humanidade tem uma função ímpar de exercer a mediação entre os três reinos superiores da natureza e os três inferiores. Os três superiores são:

1 – A Hierarquia Espiritual de nosso planeta, espíritos da natureza ou anjos e espíritos humanos, que ficam num ponto especial na escada da evolução. Destes, Sanat Kumara, encarnando um princípio do Logos planetário, é o mais elevado, e um iniciado do primeiro grau é o mais baixo, com correspondentes entidades no que nós chamamos de reino dos anjos, ou devas.

2 – A Hierarquia dos Raios – certos grupamentos dos sete raios em relação com nosso planeta.

3 – Uma Hierarquia de Vidas, reunidas por um processo evolutivo fora de nossa evolução planetária e de quatro outros planetas, as quais incorporam em si mesmas o propósito e plano do Logos em relação com os cinco planetas envolvidos.

Ao estreitar o conceito, descendo até o microcosmo, o ego ou alma age verdadeiramente como o princípio médio conectando a Hierarquia das Mônadas com formas diversificadas que elas usam sequencialmente no processo de :

a) Ganhar certas experiências, resultando em atributos adquiridos.

b) Produzir certos efeitos, iniciados num sistema anterior.

c) Cooperar no plano do Logos Solar em relação com o Seu (se se pode usar um pronome falando de uma vida que é uma existência e, no entanto, é um conceito estendido) Carma – um ponto muitas vezes desprezado. Esse Seu Carma precisa ser esgotado através do método de encarnação e o subsequente resultado da energia encarnada sobre a substância da forma. Isto é simbolizado para nós, se ao menos pudéssemos alcançá-lo, na relação do sol com a lua. “O Senhor Solar com seu calor e luz galvaniza os moribundos Senhores Lunares para uma vida espúria. Esta é a grande ilusão; e a Maya de Sua Presença” – assim diz o Antigo Comentário frequentemente citado. Da mesma forma, o conceito acima tem nele verdades para a alma individual.

Este princípio mediador está agora em processo de revelação. O aspecto inferior está funcionando. O superior permanece desconhecido, mas aquilo que os liga (e ao mesmo tempo revela a natureza do superior) está na iminência de ser descoberto. A estrutura, o mecanismo, está agora pronta e desenvolvida para ser utilizada; a vida vital que pode guiar e motivar a máquina está igualmente presente e o homem agora pode inteligentemente usar e controlar, não somente a máquina, mas o princípio ativo.

O grande símbolo da alma no homem é o seu corpo vital ou etérico e pelas seguintes razões:

1 – Ele é a correspondência física com a luz interior do corpo a que chamamos o corpo da alma, o corpo espiritual. É chamado a “taça de ouro” na Bíblia e se distingue por:

a) Sua qualidade luminosa.

b) Seu ritmo de vibração, que sincroniza sempre com o desenvolvimento da alma.

c) Sua força de coesão ligando e conectando cada parte da estrutura corporal.

2 – É a “trama da vida” microscópica, pois ela se acha sob toda parte da estrutura física e tem três propósitos:

a) Transportar através do corpo o princípio vital, a energia que produz a atividade. Isso ela faz através do sangue e o ponto focal para esta distribuição é o coração. Ele é o condutor da vitalidade física.

b) Capacitar a alma, ser humano ou homem espiritual, a ficar em relação com seu ambiente. Isto é desenvolvido através de todo o sistema nervoso e o ponto focal dessa atividade é o cérebro. Este é a sede da receptividade consciente.

c) Produzir, finalmente, através da vida e da consciência, uma atividade radiante, ou manifestação de glória, que tornará cada ser humano um centro de atividade para distribuição de luz e energia atrativa para outros no reino humano e, através do reino humano, para os reinos subumanos. Esta é uma parte do plano do Logos planetário para a vitalização e renovação da vibração dessas formas que nós designamos subumanos.

3 – Este símbolo microcósmico da alma não somente serve de apoio para a estrutura física inteira e assim é um símbolo da “anima mundi”, ou a alma do mundo, mas é indivisível, coerente e uma entidade unificada, desta maneira simbolizando a unidade e homogeneidade de Deus. Não há organismos separados nele, mas é simplesmente um corpo de força fluindo livremente, essa força sendo uma mistura ou unificação de dois tipos de energia em quantidades variáveis, energia dinâmica e energia magnética ou atrativa. Esses dois tipos caracterizam igualmente a alma universal – a força da vontade e a do amor, ou de atma e budi, e é o jogo destas duas forças sobre a matéria que atrai para o corpo etérico de todas as formas os átomos físicos necessários e que – tendo-os assim atraído – pela força da vontade os dirige para atividades definidas.

4 – Este corpo coerente e unificado de luz e energia é o símbolo da alma, tendo dentro de si sete pontos focais, onde a condensação, se é preciso chamá-la assim, das duas energias que se fundiram, se intensifica. Esses correspondem aos sete pontos focais no sistema solar, por onde o Logos Solar, através dos sete Logos Planetários, focaliza Suas energias. O ponto a ser notado aqui é simplesmente a natureza simbólica do corpo etérico ou vital, pois é compreendendo-se a natureza das energias manifestadas e a natureza unificada da forma e do trabalho, que se pode alcançar alguma ideia relativa ao trabalho da alma, o princípio mediador da natureza.

5 – O simbolismo também pode ser desenvolvido quando alguém se lembra que o corpo etérico liga o corpo denso, puramente físico, com o corpo astral ou emocional, puramente sutil. Nisto se vê o reflexo da alma no homem, a qual liga os três mundos – correspondendo aos aspectos sólido, líquido e gasoso do corpo humano estritamente físico – aos planos superiores no sistema solar, ligando assim o mental ao búdico e a mente aos estados intuicionais da consciência.

A Mente Universal pode ser melhor entendida na medida em que ela se expressa através do que nós chamamos a mente concreta, a mente abstrata e a intuição ou razão pura.


A mente concreta é a faculdade da construção da forma. Os pensamentos são coisas.

A mente abstrata é a faculdade de modelar padrões, ou a mente que trabalha com os anteprojetos sobre os quais as formas são modeladas.

A intuição ou razão pura é a faculdade que capacita o homem a entrar em contato com a Mente Universal e alcançar o plano sinteticamente, lançar-se sobre as Ideias divinas ou isolar alguma verdade fundamental e pura.

O objetivo de todo trabalho de um aspirante é compreender aqueles aspectos da mente com os quais ele tem que aprender a trabalhar. Seu trabalho, portanto, poderia assim ser resumido:

1 – Ele tem que aprender a pensar, a descobrir que ele tem um aparelho chamado mente e a desvelar suas faculdades e poderes.

2 – Em seguida, ele tem de aprender a recuar em seus processos de pensamento e das propensões a construir formas e descobrir as idéias que se situam sob o pensamento-forma divino, o processo mundial, e assim aprender a trabalhar em colaboração com o plano e subordinar a construção do seu próprio pensamento-forma a essas idéias. Ele tem de aprender a penetrar no mundo dessas idéias divinas e a estudar o “modelo das coisas nos céus” tal como é chamado na Bíblia. Ele precisa começar a trabalhar com os anteprojetos sobre os quais tudo o que existe é moldado e modelado. Ele se torna então um estudante-simbolista, e de um idólatra ele passa a ser um idealista divino.

3 – Daquele idealismo desenvolvido ele deve progredir ainda mais profundamente, até entrar no reino da intuição pura. Ele poderá então tocar a verdade em sua fonte. Ele entra na Mente do Próprio Deus. Ele intui tão bem quanto idealiza e é sensível aos pensamentos divinos. Eles fertilizam sua mente. Mais tarde, ao elaborar tais intuições, ele as chamará de idéias ou ideais e baseará nelas todo seu trabalho e conduta nas atividades.

4 – Depois segue-se o trabalho de construção consciente do pensamento-forma, baseado nestas idéias divinas, emanando como intuições da Mente Universal.

Personalidade – Todas as formas, em si mesmas, não são expressões de uma personalidade. Para assegurar isto, três tipos de energia precisam estar presentes – três tipos, fundidos, misturados e coordenados num organismo funcionante. Uma personalidade é, portanto, uma fusão da energia mental, da energia emocional e da força vital, e estas três estão mascaradas, ocultas ou reveladas por uma concha externa ou forma de matéria física densa. Esta crosta externa é em si mesma uma forma de energia negativa. O resultado desta união de três energias em uma forma objetiva é a consciência-própria. Sua função produz aquele sentido de individualidade que justifica o uso da palavra “eu” e que relaciona todas as ocorrências a um ego. Onde esta entidade central consciente existe, utilizando a mente, reagindo sensorialmente através do corpo emocional e energizando o físico denso (via o corpo vital) então existe uma personalidade. É a existência autoconsciente na forma. É a consciência da identidade em relação às outras identidades e isto é igualmente verdadeiro de Deus ou do homem. É um senso de identidade, todavia, que persiste somente durante o processo criador e por tanto tempo quanto o aspecto matéria e o aspecto consciência apresentem a eterna dualidade da natureza. Em nosso desenvolvimento evolutivo ela não é conscientizada nas formas subumanas; ela é conscientizada no reino humano e é conscientizada mas fundida e negada pelas formas e consciências maiores a que nós chamamos de super-humanas.

Antakarana. Sutratma. O antakarana é a ponte que o homem constrói – através da meditação, da compreensão e do mágico trabalho criativo da alma – entre os três aspectos da natureza de sua mente. Por esta razão, os objetivos primordiais da educação vindoura serão:

1 – Produzir o alinhamento entre mente e cérebro através da correta compreensão da constituição interna do homem, particularmente do corpo etérico e dos centros de força.

2 – Edificar, ou construir, uma ponte entre cérebro-mente-alma, produzindo assim uma personalidade integrada, que seja uma firme expressão do desenvolvimento da alma, moradora interna.

3 – Construir a ponte entre a mente inferior, a alma, a mente superior, para que a iluminação da personalidade se torne possível.

Devemos nos treinar para distinguir entre o sutratma e o antakarana, entre o fio da vida e o fio da consciência. Um é a base da imortalidade e o outro é a base da continuidade. Um fio (o sutratma) conecta e vivifica todas as formas num todo funcionante e personifica em si mesmo a vontade e o propósito da entidade manifestante, seja ela homem, Deus ou um cristal. O outro fio (o antakarana) personifica a resposta da consciência, dentro da forma a uma firme expansão gradativa de contatos no interior do todo envolvente.

O sutratma é a corrente direta de vida, intacta e imutável, que pode ser considerada, simbolicamente, como uma corrente direta de energia vivente fluindo do centro para a periferia, e da origem para a expressão externa ou aparência fenomênica. É a vida. Gera o processo individual e o desenvolvimento evolutivo de todas as formas. É, portanto, o caminho da vida, que vem da mônada à personalidade, através da alma. Este é o fio da alma e é uno e indivisível. Ele transporta a energia da vida e encontra seu ancoradouro final no centro do coração do homem e em algum ponto focal central em todas as formas da expressão divina. Nada é e nada permanece senão a vida.

O fio da consciência (antakarana) é o resultado da união da vida e da substância ou das energias básicas que constituem a primeira diferenciação em tempo e espaço; isso ocasiona algo diferente, que somente emerge como uma terceira manifestação divina, depois que a união das dualidades básicas tenha tido lugar. É o fio que é tecido como um resultado do aparecimento da vida na forma sobre o plano físico. Falando simbolicamente, poderia ser dito que o sutratma trabalha de cima para baixo e é a precipitação da vida na manifestação exterior. O antakarana é tecido, evolui e é criado como resultado desta criação primária e trabalha de baixo para cima, de fora para dentro, do mundo do fenômeno exotérico para o mundo do significado e das realidades subjetivas.
PROPOSIÇÕES
Abordaremos a seguir as ideias-semente sobre educação. Elas nos ajudarão nas formulações de propostas e métodos.

Fonte: http://portaldosanjos.ning.com/group/mestredjwalkul/forum/topics/visao-cosmica-da-educacao-3


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Visão Cósmica da Educação - Parte 2


O ignorante e o sábio se encontram num terreno comum, como sempre acontece com os extremos. Entre ambos se encontram aqueles que não são, nem totalmente ignorantes, nem intuitivamente sábios, são a massa das pessoas educadas que têm conhecimento, mas, não entendimento e que ainda estão por aprender a diferença entre aquilo que pode ser captado pela mente racional, aquilo que pode ser visto pelo olho da mente e aquilo que somente a mente superior ou abstrata pode formular e conhecer. Isto finalmente se funde com a intuição, que é a “faculdade do conhecimento” do místico prático e inteligente que – relegando a natureza emocional e sentimental para o seu lugar próprio – usa a mente como um ponto focal e olha através daquela lente para o mundo da alma.

Um dos principais meios pelos quais o homem chega a uma compreensão daquela grande totalidade à qual chamamos de Macrocosmo – Deus, funcionando através de um sistema solar – é pela compreensão de si próprio, e a injunção délfica “Homem, conhece-te a ti mesmo” foi uma proclamação inspirada, destinada a dar ao homem a pista para o mistério da divindade. Através da Lei da Analogia, ou das correspondências, os processos cósmicos e a natureza dos princípios cósmicos são indicados nas funções, estrutura e características de um ser humano. São indicadas, mas, não explicadas ou elaboradas. Servem simplesmente como sinais na estrada, dirigindo o homem pelo caminho onde posteriores marcos podem ser encontrados e indicações mais definidas anotadas.

A compreensão da triplicidade do espírito, alma e corpo permanece, todavia, além do alcance do homem, mas uma idéia quanto às suas relações e sua função geral coordenadas pode ser indicada por uma apreciação do homem a partir do seu aspecto físico e seu funcionamento objetivo.

Há três aspectos do organismo humano que são símbolos, e somente símbolos, dos três aspectos do ser.

1 – A energia, ou princípio ativador, que se retira misteriosamente na morte, retira-se parcialmente nas horas de sono ou da inconsciência, e que parece usar o cérebro como sua sede principal de atividade e daí dirigir o funcionamento do organismo. Esta energia tem uma relação direta primária com as três partes do organismo a que chamamos cérebro, coração e aparelho respiratório. Este é o símbolo microcosmo do espírito.

2 – O sistema nervoso, com sua complexidade de nervos, centros nervosos e aquela multiplicidade de partes sensíveis e inter-relacionadas que servem para coordenar o organismo, produzir a resposta sensitiva que existe entre os muitos órgãos e partes que formam o organismo como um todo, e que servem também para o tornar consciente do, e sensível, ao meio que o cerca. Esta aparelhagem sensorial inteira é a que produz a conscientização organizada e a sensibilidade coordenada do ser humano inteiro, primeiro dentro dele mesmo como uma unidade e, secundariamente, sua capacidade de resposta e estrutura nervosa, coordenando, correlacionando e produzindo uma atividade grupal externa e interna, demonstra-se primariamente através das três partes do sistema nervoso:

A) Sistema cérebro-espinhal.
B) Sistema de nervos sensitivos.
C) Sistema periférico de nervos.

Ele está inteiramente associado com o aspecto energia, sendo o instrumento utilizado por aquela energia para vitalizar o corpo, para produzir sua atividade e funcionamento coordenados e para conseguir um relacionamento inteligente com o mundo no qual tem de participar. Ele se coloca por trás da massa de carne e ossos e músculos. Por sua vez, é motivado e controlado por dois fatores:

A – A totalidade da energia que é a quota individual da energia vital.

B – A energia do meio ambiente na qual o indivíduo se encontra e na qual ele tem de atuar e desempenhar seu papel.

Este sistema nervoso coordenador, esta rede de nervos inter-relacionados e sensitivos é o símbolo, no homem, da alma, e uma forma visível e exterior de uma realidade espiritual interior.

3 – Há, finalmente, o que poderia ser descrito como o corpo, a totalidade de carne, de músculos e de ossos que o homem vai carregando, correlacionados pelo sistema nervoso e tonificados pelo que vagamente chamamos “vida”.

Os três aspectos da divindade, a energia central, ou espírito; a força coordenadora, ou alma, e aquela que estas duas usam e unificam são, na realidade, um princípio vital se manifestando na diversidade. Estes são os Três em Um, o Um em Três, Deus na natureza e a própria natureza em Deus.

Estes três aspectos são vistos no homem, a unidade divina de vida. Primeiro ele os reconhece em si mesmo; depois ele os vê em cada forma em torno de si e finalmente ele aprende a relacionar estes aspectos de si mesmo com os similares aspectos em outras formas de manifestação divina. A correta relação entre as formas resultará na harmonização e no correto ajustamento do plano físico da vida.

A correta resposta ao particular meio ambiente resultará na correta relação com o aspecto alma, oculto em toda forma, e produzirá corretas relações entre as várias partes da estrutura nervosa interna a ser encontrada em todo reino da natureza, subumano e super-humano. Isto é, entretanto, praticamente desconhecido mas está sendo rapidamente reconhecido e quando for provado e compreendido será descoberto que naquele interior está a base da fraternidade e da unidade. Como o fígado, o coração, os pulmões, o estômago e outros órgãos no corpo são relacionados por intermédio do sistema nervoso pelo corpo todo, assim também descobrir-se-á que, no mundo, organismos tais como os reinos da natureza têm sua vida e funções separadas e no entanto estão correlacionados e coordenados por um vasto intrincado sistema sensorial que às vezes é chamado a alma de todas as coisas, a “anima mundi”, a consciência subjacente.

Lidando com as triplicidades tão frequentemente usadas quando se fala da divindade, tais como espírito, alma e corpo – vida, consciência e forma – é oportuno recordar que elas se referem a diferenciações da vida una, e que quanto mais se pode familiarizar com estas triplicidades, tanto mais será possível estar em relação com um círculo mais largo de homens. Mas quando se lida com as coisas ocultas e subjetivas e quando o assunto sobre o qual se escreve lida com o indefinível, então surgem dificuldades. Não é coisa difícil descrever a aparência pessoal de um homem, suas vestes, sua forma, e as coisas que o cercam. A linguagem satisfaz suficientemente quando se trata do concreto e do mundo da forma. Mas quando se tenta transmitir uma ideia de sua qualidade, caráter e natureza, imediatamente se depara com o problema do desconhecido, com aquela parte indefinível não vista que nós sentimos, mas que permanece em grande parte não revelada e não compreendida mesmo pelo próprio homem. Como então iremos descrevê-lo por intermédio da linguagem?

Se assim é do homem, quanto maior é a dificuldade quando procuramos através de palavras expressar aquela inexprimível totalidade da qual os termos espírito, alma e corpo são considerados como as principais diferenciações? Como iremos definir aquela vida indefinível que os homens têm (numa tentativa de compreender) limitada e separada numa trindade de aspectos ou pessoas, chamando o conjunto pelo nome de Deus?

Entretanto, onde esta diferenciação de Deus numa trindade é universal e é há muito tempo usada, onde todos os povos – antigos e modernos – empregam a mesma triplicidade de ideação para exprimir uma compreensão intuitiva, há segurança para o uso. Que algum dia nós poderemos pensar e expressar a verdade diferentemente pode de fato ocorrer, mas para o pensador comum de hoje os termos espírito, alma e corpo representam o agregado da manifestação divina, tanto na deidade do universo como naquela divindade menor, o próprio homem.

São sobejamente conhecidos os tabus, a tenacidade dos preconceitos, os interesses e miragens que conspurcam a realidade e a impedem de se manifestar e ser conhecida na sua inteireza. Por isso, algumas palavras e expressões precisam ter o seu significado tão perfeitamente delineado quanto possível, a fim de serem entendidas na sua real significação, para maior clareza destas ideias:

Shamballa. Há uma Hierarquia espiritual planetária que “dirige” os destinos do nosso planeta. A sede da cúpula desta Hierarquia é Shamballa, um vasto ponto focal de energias aprovisionadas e reunidas pelo Logos Planetário, com o fim de criar uma manifestação adequada de Sua intenção no desenvolvimento e no serviço planetário. É denominada “o centro onde a vontade de Deus é conhecida”.

Espiritual. A palavra “espiritual” não se refere ao assim chamado assunto religioso. Todas as atividades que impelem o ser humano em direção a alguma forma de desenvolvimento – físico, emocional, mental, intuicional, social – se for para o progresso de seu estado atual, será essencialmente de natureza espiritual e será indicativo da existência da entidade divina interna. O espírito do homem é imortal; persiste para sempre, progredindo de um ponto a outro e de estágio a estágio no Caminho da Evolução, desabrochando firmemente e em sequência os atributos e aspectos divinos.

Educação. Educação é o treinamento, dado inteligentemente, que permitirá à juventude contatar seu ambiente com inteligência e critério e se adaptar às condições existentes.

É um processo pelo qual a criança é equipada com a informação que a capacitará a agir como bom cidadão e a desempenhar as funções de um pai sábio, levando em consideração suas tendências inatas, seus atributos raciais e nacionais e, então, esforçar-se para acrescentar a estes, aquele conhecimento que a levará a trabalhar construtivamente no cenário do seu mundo e demonstrar ser um cidadão útil.

É um processo de adquirir a sabedoria como uma decorrência do conhecimento e da percepção consciente do significado que jaz além da exterioridade dos fatos revelados. É o poder de aplicar o conhecimento de tal maneira que um viver sadio, um ponto de vista compreensivo e uma técnica inteligente de conduta sejam os resultados normais.

É um processo pelo qual a unidade, ou um sentido de síntese, é cultivada, no qual os jovens são ensinados a pensar de si mesmos em relação ao grupo, à unidade familiar e à nação na qual o destino os colocou e a pensar em termos de relacionamento mundial e da sua nação em relação a outras nações. Isso cobre a preparação para a cidadania, a paternidade e a compreensão do mundo; é basicamente psicológico e deverá levar a uma compreensão da humanidade.

A educação é o processo através do qual a juventude aprende a raciocinar desde a causa até o efeito, a conhecer a razão por que certas ações estão inevitavelmente destinadas a produzir certos resultados e por que as tendências definidas da vida podem ser determinadas e certas profissões e carreiras provêm o cenário correto para o desenvolvimento e um campo de experiência útil e vantajoso.

Espírito, Vida, Energia. A palavra espírito se aplica àquele impulso indefinível, fugaz, essencial, ou Vida que é a causa de toda manifestação. É o sopro de Vida e é aquele rítmico influxo de energia vital que se manifesta por sua vez como a força atrativa, como a consciência, ou alma, e é a totalidade da substância atômica. É a correspondência na grande Existência ou Macrocosmo, daquilo que na pequena existência, ou microcosmo, é o fator vital de inspiração ao qual nós chamamos a vida do homem; isto é indicado pela respiração no seu corpo, a qual é abstraída ou retirada quando se esgota o curso da vida.

Dá-se ênfase ao fato de que espírito e energia são termos sinônimos e intercambiáveis, e somente na compreensão disto nós podemos chegar a uma verdadeira compreensão do mundo dos fenômenos ativos pelos quais nós estamos cercados e nos quais movemos.

Deve-se notar que somente se um homem compreender a si mesmo poderá ele chegar a uma compreensão daquela totalidade a que chamamos Deus.
Isto é um truísmo, mas quando trabalhado leva à revelação que torna o presente “Deus Desconhecido” uma realidade conhecida. Como? O homem se conhece como um ser vivo e chama de morte ao misterioso processo no qual alguma coisa, a que comumente designa como o sopro da vida, é retirado. Por esta retirada, a forma se desintegra. A força vitalizadora de coesão se foi e isto produz uma volta aos seus elementos essenciais, daquilo que até então tinha sido considerado como o corpo. Este princípio vital, esta essência básica do Ser, e este misterioso fator fugaz são a correspondência, no homem, daquilo a que nós chamamos espírito, ou vida, no macrocosmo. Assim como a vida no homem mantém unida, anima, vitaliza e põe em atividade a forma e assim faz dele um ser vivo, também a vida de Deus desempenha o mesmo fim no universo e produz aquele conjunto interligado, vivo, vital, ao qual chamamos de sistema solar. Este princípio vital no homem se manifesta de uma forma tríplice:


Continua no próximo post


Fonte: http://portaldosanjos.ning.com/group/mestredjwalkul/forum/topics/visao-cosmica-da-educacao-2




domingo, 5 de setembro de 2010

Visão Cósmica da Educação - Parte 1

Universidade de Shamballa
VISÃO CÓSMICA DA EDUCAÇÃO
A Educação na Nova Era


NOTA DOMINANTE:
A raça humana como um todo encontra-se agora na entrada do Caminho do Discipulado. O seu olhar contempla a visão do futuro, seja a visão da alma, uma visão de um melhor estilo de vida, de alívio na situação econômica, ou de melhor relacionamento inter-racial. É lamentavelmente verdade que esta visão seja frequentemente distorcida, orientada materialmente ou parcialmente percebida; mas, de uma forma ou de outra, existe hoje na massa do povo uma apreciável compreensão do “novo e desejável” – fato até agora desconhecido. No passado era o intelectual ou a elite quem tinha o privilégio de possuir a visão. Hoje, quem a possui é a massa dos homens. Portanto, a humanidade como um todo está preparada para um processo geral de alinhamento, e esta é a razão espiritual que subjaz por trás da guerra mundial. A “tesoura afiada do sofrimento deve separar o real do irreal; o açoite da dor deve despertar a alma adormecida para o primor da vida; o trauma do extirpar as raízes da vida do terreno do desejo egoísta deve ser suportado, e então o homem se libertará”. Assim reza o Velho Comentário numa de suas estrofes mais místicas. Assim é assinalado profeticamente o fim da Raça Ariana – não um fim no sentido de culminação, mas o encerramento de um ciclo de aperfeiçoamento mental, preparatório para outro onde a mente será aplicada corretamente como instrumento de alinhamento, como farol da alma e controladora da personalidade. (Os Raios e as Iniciações)

PREFÁCIO


O teor deste texto, Visão Cósmica da Educação – A Educação na Nova Era, é denso e como tal deve ser lido e estudado de forma reflexiva. Não há nele técnica ou método de ensino, mas postulados a partir dos quais devemos formular as nossas técnicas e métodos.

Pede-se ao leitor que faça a sua pesquisa com mente aberta, tendo como motor a boa vontade de extrair daí algo que possa contribuir para o objetivo do projeto.

Na Apresentação, analisamos um panorama da situação mundial da criança e do adolescente, com estatísticas e informações de órgãos das Nações Unidas, como a UNESCO e a UNICEF, onde são comentadas as falhas e erros do atual processo mundial, nos preparando para os desafios propostos. Os Pensamentos Introdutórios norteiam a nossa ação para o item seguinte. A longa exposição de Valores e Conceitos, e também o que consta nas Proposições, deve-se à superficialidade do atual enfoque dado ao assunto abordado, visando a necessidade premente de conhecimento e avanço neste campo de estudo levado para o âmago da educação. Aqui o preceito délfico ganha dimensões novas, ao impor o conhecimento de nós mesmos. Na Ação no Presente, lança-se alguma luz sobre o que pode ser feito para o estabelecimento imediato de unidades de ensino aproveitando-se os métodos atuais mais próximos das ideias expostas. A Ação no Futuro é resultado da ação no presente, e se baseia na formação do professor/educador que irá emergindo no seio dos estudantes, formando os chamados grupos-semente, pilares sobre os quais se assentarão as bases futuras.

Tudo isso está estribado na constatação de que “a natureza trabalha sem vazios e assim é, mesmo quando – do ponto de vista da ciência acadêmica – haja um hiato aparente entre os fatos e as espécies conhecidas”. Deparamos, na consciência, com regiões e aspectos desconhecidos e ainda não explorados, formando aparentes hiatos ou vazios que precisam ser relacionados com outras regiões e aspectos da natureza humana, notadamente com sua natureza divina. É para esse campo ainda não trabalhado que se direciona o nosso esforço, e é na mais tenra idade onde devemos começar a nossa jornada.

“As aspirações na vida vêm em forma de crianças”. (Rabindranath Tagore, Fireflies)

“Sabemos como encontrar pérolas no interior das ostras, ouro nas montanhas e carvão nas entranhas da terra, mas não somos conscientes dos germes espirituais, as criações nebulosas que a criança esconde no seu interior quando entra no mundo para renovar a humanidade”. (Maria Montessori, The Absorbent Mind)


“A criança não é um vazio receptivo esperando ser preenchido com nossa sabedoria”. (Idem)

“A natureza trabalha sem vazios e assim é, mesmo quando – do ponto de vista da ciência acadêmica – haja um hiato aparente entre os fatos e as espécies conhecidas”. (Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)

APRESENTAÇÃO

Enunciados-Chave:


A educação é uma empresa profundamente espiritual. Concerne ao homem na sua totalidade e isso inclui o seu espírito divino. (Alice A. Bailey, Problemas da Humanidade)

Devemos desenvolver as novas atitudes e técnicas que equiparão a criança para uma maneira completa de viver, tornando-a verdadeiramente humana, um membro construtivo e criativo da família humana. A melhor parte de tudo que passou deve ser preservada, mas deveria ser preservada somente como as bases de um sistema melhor e de um enfoque mais sábio do objetivo da cidadania mundial. (Idem)

Toda a tendência do presente empenho em avançar, que pode ser percebido tão marcadamente na humanidade, é capacitá-la a adquirir conhecimento, transmutá-lo em sabedoria pela ajuda do entendimento e, desse modo, tornar-se “completamente iluminada”. A iluminação é a meta maior da educação. (Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)


As nossas crianças são o nosso futuro. O problema da educação e a difícil situação das crianças do mundo são, portanto, as preocupações mais urgentes às quais a humanidade enfrenta hoje. Como Alice Bailey escreve nos Problemas da Humanidade, “O que fazemos com elas e para elas é de grande importância em suas implicações. Nossa responsabilidade é grande e nossa oportunidade única”. Na nossa encruzilhada atual, temos a oportunidade de integrar o melhor de nossos processos educativos do passado com essas novas tendências holísticas e espirituais que refletem como nunca a nossa humanidade em evolução.

Atualmente estamos nos tornando cada vez mais conscientes do fato da Humanidade Una e da interconexão de toda a vida no nosso planeta. Entretanto, basta ver os noticiários para saber que grande parte do desenvolvimento humano no mundo continua sendo desigual e não reflete a consciência da Humanidade Una ou da natureza interdependente de toda a vida do nosso planeta. Nossos educadores, portanto, enfrentam três desafios principais:

1 – Prover as necessidades das crianças e dos jovens, dando-lhes uma sensação de segurança e dos princípios básicos de uma educação que seja relevante com respeito à sua sobrevivência e bem-estar nas suas circunstâncias imediatas.

2 – Desenvolver a nova educação que permitirá aos jovens alcançar seu potencial individual e fazer frente à vida como cidadãos iluminados do mundo, a base para converterem-se em homens e mulheres reflexivos, integrados, criativos e inclusivos.

3 – Desenvolver cidadãos do mundo conscientes da sua herança espiritual e, portanto, capazes de inaugurar uma nova civilização baseada na rica diversidade de culturas existentes, reconhecendo, por sua vez, o destino espiritual da Humanidade Una.


Como veremos mais adiante, o termo educação é utilizado no seu sentido mais amplo, envolvendo não somente a educação escolar, mas também as relações lar-família e o entorno comunitário. Em cada um destes setores é aparente que ainda não estamos utilizando métodos educativos que vão nos permitir viver como cidadãos íntegros e construtivos.

Apresentamos um quadro geral, oferecendo sugestões sobre os princípios e objetivos e uma breve menção sobre algumas das numerosas áreas positivas que estão surgindo agora, no campo da educação, iniciativas pioneiras para satisfazer as necessidades educacionais das crianças e dos jovens.

Os programas e problemas educativos específicos devem ser encarados no contexto das necessidades globais, e o educador, como qualquer outra pessoa, necessita “atuar localmente, mas pensar globalmente”. Há certos objetivos educativos que são os mesmos para todos os povos e, portanto, é possível construir com olhares na universalidade da educação, uma universalidade que reflita a unidade espiritual subjacente a todas as pessoas em todas as partes.

Educadores iluminados de todas as partes estão tentando introduzir mudanças pioneiras em planos de estudos e métodos de ensinamento que despertem na criança a consciência de que ela forma parte de uma família global, e aprofundem também a sua compreensão de si mesma, de outras culturas e de outros povos. Essas qualidades e características podem ser vistas refletidas nos programas que enfatizam, por exemplo, uma educação para o entendimento internacional, uma educação do meio ambiente, uma educação concernente ao desenvolvimento, uma educação concernente aos direitos humanos, uma educação concernente à paz, uma educação holística e global.

Quando contempladas na sua totalidade, essas formas progressivas de educação da “nova era”, conhecidas sob vários termos, têm três características fundamentais: requerem o reconhecimento da totalidade do ser humano, incluindo sua dimensão ética, interior ou espiritual; postulam a necessidade de que os estudantes sejam conscientes do planeta como um todo, e centram a atenção na interconexão de toda a vida e na interdependência de todos os sistemas. Fazem um chamamento ao entendimento e exploração mais profunda e exaustiva do mundo interior, subjetivo, do ser humano, do ambiente exterior tangível/objetivo, e das relações conexivas e interdependentes entre todos. As dimensões interna e externa – ambas reconhecidas como relacionadas, e igualmente divinas – são merecedoras de compreensão e desenvolvimento.

O papel dos educadores é de importância central para esta nova educação. O preceito eterno de que ensinamos mais com o exemplo do que com a teoria é especialmente aplicável aos nossos educadores. Devido a que os professores passam tanto tempo com as crianças e os jovens, é imprescindível que estejam livres de preconceitos, que eles mesmos tenham um sentido de cidadania mundial e que reflitam atitudes sãs e construtivas. É importante que os professores sejam humanitários e amorosos e que sejam capazes de criar a atmosfera correta na qual a criança possa aprender e crescer livremente. Um entendimento dos fundamentos da psicologia poderia também ser considerado como um imperativo para que os professores pudessem realizar mais plenamente seu papel como educadores: ajudando a extrair dos estudantes seu potencial mais elevado, ao mesmo tempo que ensinando-os a trabalhar com e a superar suas debilidades e limitações.

O princípio dos anos 90 contemplou uma gigantesca onda de entusiasmo e esperança sobre a mudança de atitudes para com as crianças e seus direitos e necessidades, especialmente em relação com a educação. Esse fenômeno alentador é refletido no trabalho das Nações Unidas ao produzir três acontecimentos globais de grande importância: A Conferência Mundial Sobre Educação Para Todos, a ratificação da Convenção sobre os Direitos da Criança, e a Cúpula Mundial da Infância.

A importância da atual encruzilhada não deve ser subestimada. Grande parte de nossa forma de vida, que evoluiu durante os últimos dois mil anos da era de Peixes e que se encontra agora entrincheirada nos nossos hábitos de comportamento, sentimento e pensamento, geralmente adquiridos inconscientemente, se contradiz com os valores e oportunidades emergentes na entrante era de Aquário. Enquanto o objetivo do passado era produzir um indivíduo “pensante”, o objetivo do futuro é produzir pessoas verdadeiramente integradas, que possam “pensar com seus corações e sentir com suas cabeças”. A cooperação, a compaixão, e o amor-sabedoria devem ocupar o lugar das até agora predominantes e valorizadas qualidades de competitividade, autoafirmação, e separatividade. Embora essas últimas qualidades tenham tido um papel útil, conduzindo-nos até o nosso atual ponto evolutivo, agora devemos dar prioridade às atitudes e compreensões mais inclusivas e espirituais.

Nossos sistemas educativos devem, portanto, abarcar uma nova visão e meta. O crescente reconhecimento de que a dependência das drogas, a delinquência e a agitação generalizada, tão visíveis na nossa sociedade contemporânea provêm tanto da pobreza material quanto espiritual, estão nos conduzindo, também, a um novo entendimento do que constitui um sistema educativo adequado. Estamos reconhecendo que o problema da educação não é mais somente uma questão de alfabetizar e de transmitir um conjunto de conhecimentos objetivos. É também o problema de ser capaz de apresentar a hipótese da alma – o fator interior dentro de cada ser humano que produz “o bom, o verdadeiro e o belo”. A expressão criativa e o esforço humanitário serão então reconhecidos como o resultado lógico e científico dos procedimentos educativos aplicados especificamente.

Embora existam atualmente muitas pessoas que estão reconhecendo esse duplo desafio de melhorar a situação crítica das crianças e de melhorar o campo da educação, intentando entrelaçar as necessidades do passado e as do futuro, deve ser reconhecido que também é vital para cada um de nós, individualmente, refletir sobre a solução destes problemas. Uma educação que ilumine não está estruturada somente para alguns poucos no mundo, mas para todos. A capacidade de ser educado e iluminado encontra-se em cada ser humano. Assim também, cada indivíduo é, de alguma maneira, um educador – capaz de invocar e evocar o mais elevado daqueles com quem ele ou ela entra em contato. Enquanto alguns recebem o chamado vocacional de uma vida de ensinamento, todos nós temos a responsabilidade das corretas relações humanas e podemos compartilhar nossa luz e boa vontade com outros. Cada um de nós pode, também, ajudar na construção de formas mentais positivas e iluminadas, ajudando a criar uma opinião pública iluminada na qual os líderes mundiais podem se basear. Cada mente amorosa, cada coração reflexivo e cada mão capacitada são necessárias.

A Universidade de Shamballa insere-se neste contexto como um organismo que abarca, tão abrangentemente quanto possível, o universo educacional da criança e do jovem adolescente. Almeja alcançar a formação do homem integral ou personalidade essencial, sintetizando nele a liberdade plena da unidade inter-relacionada com o grupo e, consequentemente, com a humanidade e com a totalidade do Todo. Isto implica um ser coordenado, integrado e alinhado com todos os seus aspectos e partes componentes num todo orgânico, ao qual se dá o nome de “ser humano”, havendo de se comportar como cópia fiel de sua fonte de origem, que desabrocha rapidamente e se faz sentir crescentemente na vida diária.

Liberte a sua imaginação por uns instantes, imaginando a situação do mundo onde a maioria dos seres humanos está ocupada com o bem dos outros e não com os seus próprios fins egoístas. (Alice A. Bailey, Discipulado na Nova Era vol I)


A forma correta de educação consiste em entender a criança tal qual ela é, sem impor-lhe um ideal como pensamos que deveria ser. Fechá-la dentro do marco de um ideal é animá-la a se conformar, o que gera medo e causa-lhe um constante conflito entre o que é e o que deveria ser; e todos os conflitos internos têm sua manifestação externa na sociedade. Os ideais constituem, de fato, uma ameaça à nossa compreensão da criança e à compreensão da criança de si mesma.

Um pai que realmente deseja ajudar seu filho não o contempla através da trama de um ideal. Se ama a criança, a observa, estuda suas tendências, seus estados de ânimo e suas peculiaridades. Somente quando alguém não sente amor pela criança é que lhe impõe um ideal, tentando assim realizar nela as suas ambições, querendo que se converta nisso ou naquilo. Se alguém não ama o ideal, mas a criança, então existe uma possibilidade de ajudá-la a compreender a si mesma tal e qual ela é. (J. Krishnamurti, Education and the Significance of Life)

Primeiro, e acima de tudo o mais, o esforço deve ser feito para proporcionar uma atmosfera onde certas qualidades possam florescer e emergir. Esta atmosfera inclui o seguinte:

1) Uma atmosfera de amor, onde o medo esteja afastado e a criança perceba que não há razão para timidez, retraimento ou prevenção...

2) Uma atmosfera de paciência, na qual a criança possa se tornar, normal e naturalmente, um buscador da luz do conhecimento... onde nunca haja ideia de rapidez ou pressa...

3) Uma atmosfera de atividade ordenada, onde a criança possa aprender os primeiros rudimentos de responsabilidade...

4) Uma atmosfera de compreensão, na qual a criança tenha sempre a certeza de que as razões e os motivos de suas ações serão reconhecidos... (Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)

As Falhas do Sistema Atual.


Neste princípio do Século XXI, não podemos nos referir às falhas do sistema escolar sem reconhecer que todas as principais instituições da sociedade estão falhando. As crises são a experiência comum compartilhada por nossos sistemas de governo, igreja, família e educação. As instituições que antigamente previam uma aparente ordem, estabilidade e segurança, não atendem mais as nossas necessidades e atuais expectativas. Não são mais adequadas para a nossa nova percepção e maturidade. Assim como não podemos pôr vinho novo em odre velho, também nossos filhos se tornam amadurecidos para seus jogos e roupas favoritas, e a consciência da humanidade que desperta, está se tornando amadurecida para os antiquados sistemas políticos, religiosos e sócio-econômicos. Ninguém é tão afetado por essas falhas como nossas crianças – os mais vulneráveis e inocentes dentre nós.

Ao proclamar o princípio de “Prioridade” para as crianças, a Declaração da Cúpula Mundial da Infância de 1990 realçou as dificuldades que as crianças de todo o mundo enfrentam. Cada dia, inumeráveis crianças do mundo sofrem como vítimas da guerra e da violência; como vítimas da discriminação racial, das agressões, das ocupações e anexações estrangeiras; como refugiadas e crianças abandonadas obrigadas a abandonar seus lares e suas raízes; como vítimas do abandono, a crueldade e a exploração. Cada dia milhões de crianças são açoitadas pela pobreza e a crise econômica; pela fome e falta de alojamento, pela epidemia, analfabetismo e pela degradação do meio ambiente. Cada dia, 40.000 crianças morrem de fome e de doenças, de falta de água potável e de insalubridade e dos efeitos das drogas.

A difícil situação na qual se encontram as crianças nos conflitos armados é uma questão de urgência total. Esta crise tem chamado a atenção do mundo pela escalada da violência em certas áreas nas quais tem sido recusado às crianças o acesso aos serviços de saúde, anteriormente garantidos. Na Conferência Mundial das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos (Junho de 1993), a UNICEF informou que mais de 1,5 milhões de crianças pereceram em conflitos armados durante a década de 1980, e quatro vezes esta cifra foi mutilada. Cerca de cinco milhões se encontram em campos de refugiados esperando o término das guerras, e outras doze milhões perderam seus lares. Números incontáveis se encontram traumatizadas psicologicamente devido sua exposição às brutalidades da guerra, e isso não é mais que a ponta do “iceberg”.

Quantidades muito maiores de crianças são vítimas indiretas da guerra, e seu aumento tem sido observado por fechamento ou destruição de escolas e hospitais, a interrupção da produção de alimentos e a perda de serviços tão elementares como a imunização. Nos países em vias de desenvolvimento, onde tem ocorrido a grande maioria das guerras desde 1945, esses acontecimentos vêm acompanhados de pobreza, secas e doenças.

As crianças abandonadas, obrigadas a se converterem em “crianças de rua”, lutam nas suas próprias guerras diárias. De cidades da América do Norte e do Sul, ao continente africano, à antiga União Soviética e ao extremo oriente, as crianças de rua do mundo abarcam todas as barreiras raciais e econômicas, mas um número crescente delas deixam seus lares voluntariamente depois de terem decidido que as privações e dificuldades das ruas são preferíveis à violência e ao abuso sexual que com frequência se encontram nas suas próprias casas.

As falhas do sistema escolar devem, portanto, ser consideradas dentro do contexto das falhas dos aspectos restantes da vida. Devido a que tudo que toca a vida de uma criança afeta a sua capacidade e o seu desejo de aprender, devemos reconhecer que a melhora do sistema escolar deve ser feita a par da melhora de todos os aspectos da vida ao repercutirem no bem-estar da criança. O princípio de “Prioridade” se baseia nessa mesma perspectiva. É um intento para proteger as crianças, na medida do possível, dos erros, equívocos, excessos e vicissitudes do mundo adulto. É um compromisso para conseguir que as decisões sociais e pessoais se baseiem antes de tudo na proteção e no bem-estar da infância. Desde que esse princípio foi enunciado pela primeira vez em 1990, foram feitos progressos suficientes para que a UNICEF, no seu Estado das Crianças do Mundo de 1993, proclamasse os anos 90 como a “era do interesse”, como contrapartida à passada “era de abandono”. O entusiasmo do informe e do otimismo demonstrado a respeito da nossa capacidade de resolver os numerosos problemas aos quais enfrentam as crianças de todo o mundo se baseia no reconhecimento de que o progresso observado ao longo dos primeiros anos da década de 90 foi conseguido ali onde existia um compromisso e uma vontade política por trás dos objetivos formulados.

Aquele reconhecimento dos anos 90 como “era do interesse” nos trouxe uma esperança muito necessária. Centrar a atenção sobre o progresso realizado até agora confirma o antigo princípio que a energia, certamente, segue o pensamento. Aferrando-nos à visão e energizando-a com nosso compromisso e vontade, conseguiremos realizar esta visão, assegurando um mundo melhor para todos.

Ter uma compreensão dos problemas inerentes a nossos sistemas passados nos ajudará a compreender melhor as mudanças que são necessárias. Assim, assinalamos as seguintes passagens dos livros “Problemas da Humanidade” e “Educação na Nova Era”. Elas proporcionam uma percepção das razões pelas quais nosso atual sistema de educação já não é suficiente.

“Falando em termos gerais... a educação tem sido principalmente competitiva, nacionalista e, portanto, separatista. Tem preparado a criança para considerar os valores materiais como de importância fundamental, a crer que sua nação específica é também de importância fundamental e que qualquer outra nação é secundária; tem alimentado o orgulho e fomentado a crença que ela, seu grupo e sua nação são infinitamente superiores ao resto das pessoas e dos povos. Consequentemente, é-lhe ensinada a ser uma pessoa unilateral, com seus valores mundiais mal ajustados e com suas atitudes perante a vida caracterizadas por parcialidades e prejulgamentos... Não é acentuada a cidadania mundial; sua responsabilidade para com seus congêneres é sistematicamente ignorada; sua memória se desenvolve mediante a transmissão de dados desconexos – a grande maioria dos quais não são aplicáveis à sua vida diária”.(Problemas da Humanidade)

“No ensino da história, por exemplo... a primeira data histórica que geralmente a média das crianças britânicas recorda é “Guilherme, o Conquistador, 1066”. A criança norte-americana recorda o desembarque dos Pais Peregrinos e o gradual despojar dos legítimos habitantes do país e, talvez, o incidente do chá (tea party), em Boston. Os heróis da história são todos guerreiros – Alexandre Magno, Júlio César, Átila o Rei dos Hunos, Ricardo Coração de Leão, Napoleão, George Washington e muitos outros. A geografia é, na sua maior parte, a história com outro formato, mas apresentada de uma forma similar – uma história de descobrimentos, investigação e rapinagem, com frequência seguida de um tratamento iníquo e cruel aos habitantes das terras descobertas. A cobiça, a ambição, a crueldade e o orgulho são as notas chaves do nosso ensino da história e da geografia... Não seria possível construir nossa teoria da história sobre as grandes e nobres idéias que condicionaram as nações e fizeram delas o que são, e acentuar a criatividade que as distinguiram todas? Não podemos apresentar mais efetivamente as grandes épocas culturais que – aparecendo repentinamente nalguma nação – enriqueceram o mundo inteiro e deram à humanidade sua literatura, sua arte e sua visão?”(Idem)

PENSAMENTOS INTRODUTÓRIOS


“O Senhor Buda disse que não devemos acreditar naquilo que é dito simplesmente por ser dito; nem nas tradições que vêm da antiguidade; nem em rumores, como tal; nem nos escritos dos sábios porque eles os escreveram; nem em fantasias que imaginamos foram inspiradas por um deva (isto é, por uma suposta inspiração espiritual); nem em inferências a partir de suposições casuais que fizemos; nem porque parece uma necessidade analógica; nem na mera autoridade de nossos professores e mestres. Mas devemos acreditar quando os textos, a doutrina, ou a fala são corroborados por nossa própria razão e consciência. “Por isso”, ele concluiu, “ensinei-lhes a não acreditar simplesmente porque ouviram, mas quando vocês acreditarem na sua consciência, então ajam acorde e abundantemente”. (H. P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, vol III, pág.401)

“Tudo que pode ser dito será dito, apesar de tudo, será apenas parte das afirmações da grande Verdade velada, e que deve ser oferecida ao estudante como simplesmente uma hipótese de trabalho e uma explanação sugestiva. Para o estudante de mente aberta e para o homem que mantém na sua mente a lembrança que a verdade é progressivamente revelada, tornar-se-á claro que a expressão plena da verdade, possível em qualquer momento, será notada como simples fragmento do todo, e mais tarde ainda reconhecida como sendo apenas parte de um fato e sendo, portanto, uma distorção do real.” (Alice A. Bailey , Um Tratado Sobre o Fogo Cósmico, prefácio)

“Não interessa quanto sabemos acerca de qualquer assunto, sempre há mais para descobrir. Uma das coisas curiosas da ciência moderna é que para cada novo descobrimento, e para cada nova formulação do conhecimento científico, imediatamente aparece uma nova série completa de problemas e perguntas não resolvidas abrindo imediatamente novos campos de investigação. Se a aquisição de conhecimento tornar rombo o gume do constante questionamento, nós estamos então em perigo de sucumbir num ensinamento autoritário e na limitação da mente por um modo único de pensar. Devemos estar conscientes da falibilidade de um ensino autoritário. O ensino pode até estar correto, mas nós não sabemos por que ou como ele é correto.” (Escola Arcana, Luz no Caminho, 1)

“Então se compreenderá por que em todos os sistemas de verdadeiro treinamento, é colocada ênfase sobre o reto pensar, o desejo amoroso e o viver limpo e puro. Somente assim, o trabalho criador pode ser realizado sem perigo, pode fazer a forma mental descer à objetividade e ser um agente construtivo no plano da existência humana.” (Alice A. Bailey, Um Tratado Sobre Magia Branca, pág. 128)

“Homem, conhece-te a ti mesmo.” (Injunção Délfica)

“... o conhecimento de si mesmo permite adquirir a ciência, fim e razão de ser da vida, base de todo o real valor; e este poderio, elevando o homem laborioso que o pode adquirir, incita-o a ficar numa simplicidade modesta e nobre, virtude eminente dos espíritos superiores. Era um axioma que os mestres repetiam aos seus discípulos, e pelo qual lhes indicavam o único meio para atingir o saber supremo: “Se quereis conhecer a sabedoria, diziam-lhes, conhecei-vos bem a vós mesmos e conhecê-la-eis.” (Fulcanelli, As Mansões Filosofais, pág. 295)

“Hoje em dia, a média das crianças é, nos cinco ou seis primeiros anos de vida, a vítima da ignorância ou do egoísmo ou falta de interesse dos seus pais. Ela é mantida quieta e fora do caminho porque seus pais estão muito ocupados com seus próprios assuntos, para lhe dar a devida atenção... Na escola, ela fica, frequentemente, sob os cuidados de alguma pessoa jovem, ignorante, apesar de bem intencionada, cuja tarefa é ensinar-lhe os rudimentos da civilização... Mais tarde, a partir dos onze anos, uma orientação foi efetuada, uma atitude (geralmente defensiva e, por isso, inibidora) foi criada, uma forma superficial de comportamento foi reforçada ou imposta, mas não baseada na sinceridade dos relacionamentos verdadeiros. O ser genuíno que é encontrado em cada criança – expansivo, espontâneo e bem intencionado... – foi, consequentemente, mantido à distância, fora da vista, e ocultou-se sob uma concha exterior que o hábito e a educação impuseram. O dano causado às crianças durante os anos plasmáveis e flexíveis é geralmente irremediável e responsável por muito da dor e do sofrimento, mais tarde na vida”. (Educação na Nova Era)

“A necessidade fundamental com que hoje se defronta o mundo educacional é a de se relacionar o processo de desenvolvimento da mentalidade humana até o mundo do significado e não ao mundo do fenômeno objetivo. Até que o alvo da educação seja orientar um homem para o seu mundo interior de realidades, teremos a mal colocada ênfase do tempo presente”. (Idem)

VALORES E CONCEITOS


Palmilharemos um caminho de valores, conceitos e teorias que nos familiarizarão com aquilo que jaz por trás da trama da vida e que é a base da manifestação de toda a existência.

Tornar-se-á evidente que esses valores, conceitos e arcabouço teórico não se prestam em si mesmos ao magno esforço educacional proposto, mas emergem deles as proposições que colocam os alicerces do edifício onde se abrigarão os postulados e o pano de fundo sobre os quais serão construídas e montadas as peças necessárias e adequadas para tanto.

Veremos, inicialmente nestes Valores e Conceitos e no item sexto a seguir, que fazemos parte de um todo, e a nossa coordenação, integração e alinhamento com esta totalidade nos leva ao portal de entrada de um reino, uma dimensão e um estado de ser que é conhecido internamente, ou subjetivamente. Esse reino, esse estado de ser, tem de ser trabalhado e exteriorizado no mundo objetivo da vida e, ao se manifestar, produzirá os requeridos e desejados efeitos de sua ação.

Quatro postulados fundamentais norteiam essas ideias e são apresentados como uma hipótese merecedora de atenção e experiência de trabalho.

1 – Primeiro, que existe no nosso universo manifestado a expressão de uma Energia ou Vida, que é a causa responsável pelas diversas formas e pela vasta hierarquia de seres sensíveis que compõem a totalidade de tudo o que é. Esta é a teoria hilozoística. Uma vida penetra todas as formas e aquelas formas são a expressão, no tempo e no espaço, da energia central do universo. A vida em manifestação produz existência e ser. É a causa raiz, por isso, da dualidade. Esta dualidade que é vista quando a objetividade está presente, e que desaparece quando o aspecto da forma desaparece, é coberta por muitos termos, dos quais, para maior clareza, os mais usuais poderiam ser aqui reproduzidos: Espírito/Matéria; Vida/Forma; Pai/Mãe; Positivo/Negativo; Trevas/Luz.

2 – O segundo postulado emerge do primeiro e estabelece que a Vida una, manifestando-se através da matéria, produz um terceiro fator que é a consciência. Esta consciência, que é o resultado da união dos dois pólos do espírito e da matéria, é a alma de todas as coisas; ela permeia toda substância ou energia objetiva; ela jaz sob todas as formas, seja a forma daquela unidade de energia a que nós denominamos átomo, ou a forma do homem, de um planeta, ou de um sistema solar. Esta é a Teoria da Autodeterminação, ou o ensinamento de que todas as vidas das quais a vida una é formada, cada uma na sua esfera e no seu estado de ser, se tornam, por assim dizer, apoiadas na matéria e assumem formas onde quer que seu especial estado específico de consciência possa ser compreendido e sua vibração estabilizada; assim podem ser conhecidas como existências. Assim novamente a vida una se torna uma entidade estabilizada e consciente por intermédio do sistema solar e é essencialmente, por isso, a totalidade das energias, de todos os estados de consciência e de todas as formas existentes. O homogêneo se torna heterogêneo e, contudo, permanece uma unidade; o uno manifesta-se na diversidade e, no entanto fica inalterado; a unidade central é conhecida no tempo e no espaço como composta e diferenciada e, no entanto quando o tempo e o espaço não existem (sendo apenas estados de consciência), somente a unidade permanecerá e somente o espírito persistirá, mais uma ação vibratória aumentada, mais a capacidade para uma intensificação da luz quando novamente o ciclo da manifestação voltar.

Dentro da pulsação vibratória da Vida una que se manifesta, todas as vidas menores repetem o processo de ser – Deuses, anjos, os homens e as miríades de vidas que se expressam através das formas dos reinos da natureza e das atividades do processo evolutivo. Tudo se torna autocentrado e autodeterminado.

3 – O terceiro postulado básico é aquele que o objeto para o qual a vida ganha forma e o propósito do ser manifestado é o desdobramento da consciência, ou revelação da alma. Isto poderia ser chamado a Teoria da Evolução da Luz. Quando é compreendido que mesmo o cientista moderno diz que luz e matéria são termos sinônimos, torna-se aparente que através da interação dos pólos e através da fricção dos pares de opostos, a luz resplandece. Verifica-se que o objetivo da evolução é uma série gradual de demonstração de luz. Velada e oculta por cada forma está a luz. À medida que a evolução prossegue, a matéria se torna de maneira crescente um melhor condutor da luz, assim demonstrando a precisão do que o Cristo estatuiu: “Eu Sou a Luz do Mundo”.

4 – O quarto postulado consiste na afirmação de que todas as vidas se manifestam ciclicamente. Esta é a Teoria do Renascimento, ou da reencarnação, a demonstração da lei da periodicidade.

Tais são as grandes verdades subjacentes que formam os fundamentos da Sabedoria Eterna – a existência da vida e o desenvolvimento da consciência através da utilização cíclica da forma.

Para o nosso propósito, a ênfase é dada à pequena vida, ao homem “feito à imagem de Deus”, o qual, através do método do renascimento expande sua consciência até que ela floresça como a alma perfeita, cuja natureza é luz e cuja compreensão é aquela de uma identidade autoconsciente. Esta unidade desenvolvida deve ser finalmente absorvida, com plena e inteligente participação, na consciência maior da qual faz parte.

Contudo, a alma continua sendo uma quantidade desconhecida. Ela não tem um lugar verdadeiro nas teorias dos investigadores acadêmicos e científicos. Ela não está provada e é considerada mesmo pelos acadêmicos mais arejados como uma hipótese provável, mas ainda aguardando demonstração. Ela não é aceita como um fato pela consciência da raça. Somente dois grupos de pessoas aceitam-na como um fato; um é a pessoa ingênua, infantil, de inclinação religiosa. O outro é o grupo pequeno, mas, em firme crescimento, dos Conhecedores de Deus e da realidade, que sabem que a alma é um fato na sua própria existência, mas não são capazes de provar sua existência satisfatoriamente ao homem que somente admite aquilo que a mente concreta pode aprender, analisar, criticar e testar.

Fonte: http://portaldosanjos.ning.com/group/mestredjwalkul/forum/topic/show?id=3406316%3ATopic%3A295674&xgs=1&xg_source=msg_share_topic