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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Educação do Futuro: Triângulos





Primeira Parte
Em muitos países do mundo a educação é, atualmente, uma prioridade alta na agenda da sociedade civil. Pais, educadores, Organizações não Governamentais, políticos e organismos internacionais similares estão buscando caminhos nos quais as crianças e jovens adultos possam contar com um nível mais alto de padrões educacionais. Em anos anteriores, com algumas exceções, a educação pertencia a uma seleta minoria. Só recentemente é que o tema da educação primária universal tornou-se um ideal necessário na consciência humana. Para muitos milhões de crianças e jovens adultos no mundo, aprender os requisitos básicos na leitura, na escrita e na aritmética os conduziria a maior autonomia e liberdade de um ciclo de pobreza e desamparo. Este seria um acontecimento de grande desenvolvimento na vida da humanidade.
E enquanto este grande esforço internacional está a caminho para alcançar Educação Para Todos (Unesco) em 2015, está emergindo outra linha visionária de pensamento. Estão os conscientes educadores espirituais questionando se os modernos estabelecimentos de educação realmente conhecem ou entendem o que as crianças e jovens adultos deveriam aprender para que estejam mais bem preparados para a vida? Uma interessante interpretação escrita há mais de 50 anos, mas que continua relevante até hoje, sugere que a educação “precisa ir de encontro às necessidades do espírito humano. Deve auxiliar as pessoas a desenvolverem uma filosofia pessoal e sendo de valores satisfatórios; a cultivarem o gosto pela leitura, música e artes; a crescerem na capacidade de analisar problemas e a chegarem a conclusões cuidadosas.” (Alice Bailey - Educação na Nova Era, Prefácio)
Sem dúvida, todos nós apoiaríamos esta metodologia. Então, quantos estabelecimentos modernos de educação adotariam este sistema de aprendizagem? A resposta mais simples é que provavelmente muito poucos. A educação hoje ainda está preocupada com a ênfase na aparência externa materialista e mecânica, perdendo o contato com a complexidade da psicologia e do desenvolvimento do indivíduo. No entanto, indivíduos e grupos visionários estão acordando para o desafio e apresentando uma abordagem holística.
No passado a educação serviu para desenvolver uma natureza egoísta e competitiva, mas no futuro a ênfase será deslocada pra abarcar as ideias do valor do indivíduo e o fato da humanidade una. O conceito de corretas relações encontrará, progressivamente, o seu caminho para o currículo escolar. Isto não somente será discutido de uma perspectiva do desenvolvimento desta atitude em nossas crianças, mas também ajudará a demonstrar a interligação de toda a vida. Nas próximas décadas será percebido que a ciência das corretas relações é fundamental para o progresso do pensamento humano e para a expressão da alma humana.
No futuro três grandes ciências predominarão no campo da educação:
A Ciência do Antahkarana
A Ciência da Meditação
A Ciência do Serviço

Embora todos nós estejamos familiarizados com a ciência da meditação e do serviço, nem todos estão acostumados com o antahkarana, a construção da ponte entre a natureza humana e a espiritual. Esta ciência é relativamente nova na consciência da humanidade e tem sido descrita como “a nova verdadeira ciência da mente”. (Alice Bailey - Educação na Nova Era)
O mundo atual ainda não está preparado para levar em conta essas técnicas educacionais avançadas. Mas, na medida em que a consciência humana se desenvolve, os sistemas educacionais serão mais bem adaptados para absorver estas ciências e produzir efeitos de longo alcance na condição humana. Certamente a educação do futuro estará capacitada com um sentido espiritual de cultivo da criatividade, desenvolvimento das faculdades de análise e raciocínio, e o ajustamento do jovem para uma conduta responsável e socialmente informada sobre a vida. Através do trabalho em Triângulos podemos ajudar a revelar e a ancorar este novo modelo educacional no mundo.
Segunda Parte
Flua luz às mentes dos homens... Flua amor aos corações dos homens... Guie o propósito as pequenas vontades dos homens... Estas frases mântricas refletem uma visão da mente e do coração como caminhos abertos que se estendem para dimensões aparentemente sem limites de Luz, Amor, Propósito e Vida. Consciência é entendida como uma continuidade de energias e qualidades que se estendem desde a mais baixa e profana pretensão até o mais alto do sagrado.
Ainda muito da moderna cultura é construída sobre um entendimento da consciência que nega ou ignora seu alto e iluminado alcance. Imagine uma educação moderna estabelecida sobre uma abordagem científica da natureza interdimensional da mente e do coração. Imagine quão radicalmente mudaria a completa abordagem do currículo escolar. Os diferentes temas deveriam, pelo menos em parte, ser estudados de tal maneira a ajudar a construir uma ponte entre a mente e a personalidade, atravessando o vazio na direção da alma e do espírito.
No seu livro “Educação na Nova Era”, Alice Bailey escreve sobre a Ciência do Antahkarana como um componente essencial para uma educação renovada. A palavra Antahkarana parece estranha ao olhar moderno, certamente não é uma palavra vista frequentemente no meio educacional ou mesmo até na literatura metafísica. Todavia, na antiga escritura da Índia, os Vedas, era largamente usado se referir às dimensões de múltiplos níveis ou planos da mente, ou a faculdade interna do instinto, do intelecto e do ego. Alice Bailey desenvolve a ideia de níveis da mente, usando a palavra Antahkarana para se referir ao fio da consciência a ligar aspectos superiores e inferiores da mente. Baseando-se em textos antigos do Oriente, ela apresenta uma descrição detalhada da anatomia sutil deste fio, tanto da perspectiva da personalidade com seu cérebro, glândulas, emoções, mente, e campo elétrico, como da alma, com os vários aspectos de sua iluminada substância.
A ciência está no trabalho com luz, fundindo a dourada luz física dos campos elétricos do corpo com a suprema e pura luz branca característica da alma, trazendo a luz do amor para a manifestação nas atividades do intelecto. Em termos da consciência, isto envolve experimentos com meditação e serviço, planejados para reconstituir o fio do mais baixo ao mais alto da mente criando uma ponte para o retorno ao centro do ser. Estes experimentos são normalmente mencionados como estágios ou passos no caminho espiritual - a ciência vem ao encontro do entendimento do Caminho como uma estrada ou ponte (uma ponte de luz, a ponte do arco-íris) a ser criada pelo indivíduo, que conduz dos rumos exteriores do conhecimento, através do instinto e do intelecto, para o entendimento interior adquirido por meio da intuição e da percepção.
Alguma abordagem da ciência do antahkarana é essencial na educação por causa da desesperada necessidade para a humanidade desenvolver sabedoria, entendimento, senso de síntese, e uma profunda compreensão da natureza interdependente do ser. Todos os problemas da nossa época demandam isto. Temos de encontrar um caminho para aproveitarmos conscientemente os recursos da mente e do coração que estão dentro de nós. Só então teremos, como indivíduos e como espécie, a maturidade necessária para responder adequadamente aos desafios das mudanças evolutivas.
O vínculo que fazemos diariamente com Triângulos é um método completo de trabalho com a ciência do antahkarana. Simplesmente estabelecendo o vínculo e visualizando a rede estamos treinando a mente para registrar, entender e utilizar as energias substanciais de luz e boa vontade no serviço. Enfatizamos; a ponte interna do arco íris é um saudável e vibrante canal de comunicação entre os mais altos e os mais baixos níveis da mente. Que a Luz o Amor e o Poder restabeleçam o Plano na Terra.
Terceira Parte
Um dos feitos humanos mais importantes dos dois últimos séculos é a compreensão da importância da educação para todos. No mundo desenvolvido, a educação é considerada como fundamental para a saúde, o bem-estar e o progresso da sociedade, que por centenas de anos em muitos países tem sido obrigatória desde a primeira infância até a adolescência. A educação superior ou o treinamento profissional, que era utilizado por poucos da elite, é agora largamente encorajada e tornou-se regra. Além disso, existem novas e maravilhosas oportunidades de estudo e aprendizagem, como a Universidade Aberta da Grã Bretanha, que promoveu um novo modelo educacional conhecido como “Supported Open Learning”. Este foi um experimento bem sucedido que está sendo copiado por todo o mundo.
No mundo desenvolvido, a educação para todos é igualmente reconhecida por alguns como um ideal urgente e valiosíssimo. Mas há ainda obstáculos e preconceitos a superar antes que isto possa tornar-se realidade. Por exemplo, em algumas culturas a ideia de educar mulheres é ainda inaceitável para a maioria das pessoas. Os recursos econômicos necessários para alcançar a educação para todas as crianças do mundo não são muitos. Um informe da UNICEF diz que precisaríamos despender cerca de 7 bilhões por ano durante os próximos dez anos. Pondo em perspectiva, isto é menos do que é despendido anualmente nos Estados Unidos da América com cosméticos ou com sorvete na Europa. Então é óbvio que o que é necessário é a mobilização da vontade política em todas as partes do mundo para que a educação para todos possa ser um ideal completamente realizado.
De fato, é verdade que até certo ponto um motivo prático está por trás dos muitos suportes governamentais para programas educacionais: as escolas existem para fornecer literatura, cidadãos capazes de lidar com aritmética e cumpridores da lei para manter o direcionamento do estado moderno lubrificado e progredindo rumo aos mais altos níveis de ganho, posse e consumo pessoal. Mas, apesar disto, um resultado importante e espiritual é que as pessoas estão aprendendo agora a pensar por elas mesmas. É por esta razão que grandes movimentos educacionais no mundo são descritos como a maior atividade espiritual que a humanidade está comprometida atualmente.
A educação foi usada principalmente no interesse de aprender e usar os fatos, mas nas últimas décadas tem havido alguns interessantes e encorajadores desenvolvimentos em muitas partes do mundo onde há sinais de crescimento na ênfase educacional sobre valores e cultivo do senso de responsabilidade. Valor e responsabilidade não são fatos externos, mas realidades interiores. Não é isto uma indicação de que a educação avança rumo ao reino da alma?
Assim, com os educadores do mundo progressivamente enfocando o seu trabalho nesta direção, veremos dois resultados principais. O primeiro será um cultivo consciente da capacidade para concentrar - continuamente desde o estágio inicial na ciência da meditação. É, em grande medida, insignificante que o campo da atividade e do interesse humano seja o veículo para esta concentração; que o que é importante é a capacidade, que a concentração leva ao sentido do significado e da realidade - à alma, em outras palavras - que está por trás de toda forma externa. A consequência disto será o segundo resultado principal - um número crescente de pessoas em todo o mundo conscientemente em contato com suas almas e a infundir os valores da alma no seio da humanidade.
Como sabemos, é a alma evocada que supera o nocivo egoísmo da personalidade e o substitui instantaneamente com o poder da qualidade de ser inofensivo que vê as coisas como um todo em tempo e espaço, apoderando-se do Plano de corretas relações humanas e consagrando o viver diário a ancorar luz, amor e vontade para o bem nos corações e nas mentes humanas. Desta perspectiva, a educação é vista como não limitada à escola e universidade, mas especialmente como uma jornada para toda a vida. Então, a educação torna-se aquilo que verdadeiramente é: uma meditação conectada com a vida com o objetivo de converter conhecimento efetivo e experiência em sabedoria perspicaz e habilidosa; em atividade carinhosa.
Quarta Parte
A maioria de nós, se não todos, reconhecemos que na medida em que cresce a proficiência em nossas práticas de meditação e desenvolvemos um profundo relacionamento com a alma, aparecem novos horizontes e progressivamente sentimos a necessidade de envolvermos em servir ao bem comum. Como resultado, os atrativos e quimeras do mundo material se desfazem gradualmente, e o nosso serviço assume um novo sentido e vitalidade. Nossa participação (humilde) nos assuntos de Deus, que é privilégio e responsabilidade de cada um de nós, reflete a nossa crescente consciência. Em certa medida, esta mesma transformação está se refletindo na vida de milhares de nossos semelhantes ao redor do mundo, e não há dúvidas que este número aumentará com o passar do tempo. O verdadeiro serviço é descrito como “o espontâneo fluxo de um coração amoroso e uma mente inteligente” (Alice Bailey - Um Tratado sobre Magia Branca) - um sem o outro faz nosso serviço incompleto, desprovido de poder e direção. Só a mente treinada e disciplinada combinada com o calor e a compaixão do coração pode começar a compreender que serviço é um caminho, uma estrada infinita da vida que leva, finalmente, à “liberdade dos céus”.
O conceito de serviço como ciência é atraente. A palavra ciência vem do latim que significa conhecer. E, enquanto as ciências físicas exploram o mundo exterior governado pelas leis naturais em que atuamos como observador, as ciências espirituais acenam para nossa participação consciente para absorver as verdades transmitidas, fazendo com que, em essência, elas tornem-se uma parte da nossa consciência. Nossas próprias vidas e esfera de influência se transformam, então, em um laboratório, um campo de prova e experiência no qual aprendemos a afinar nossos corações e mentes com as verdades e valores eternos. Somos conscientes que cada dia utilizamos energia através de nossos pensamentos, palavras e ações, e aprendemos, por meio destes meios de expressão a nos tornar “canais supridores e não pontos retardantes de interesse egoísta na corrente divina”. (Alice Bailey - Telepatia e o Veículo Etérico)
Durante décadas, enormes passos foram dados na educação, mas como qualquer outra ciência, ela se desenvolveu e estabeleceu os altos padrões para a humanidade atual e para o futuro imediato. Em muitos aspectos, a esperança e o futuro do mundo estão nas mãos daqueles encarregados de intuir e apresentar uma profunda filosofia de educação, servindo às necessidades espiritual, psicológica e física da humanidade. Isto não induz muita imaginação para visualizar um mundo em que crianças e jovens aprendem responsabilidade social e grupal, cidadania mundial, e outros aspectos da nova educação, que os capacitarão a crescer como cidadãos do mundo responsáveis e reflexivos.
É interessante notar a tendência para as relações grupais sendo expressadas no labor da vida de muitas pessoas ao redor do mundo. Por exemplo, na medicina, nos negócios, nas finanças e na ciência, equipes ou relações de grupos são práticas essenciais nestas comunidades. Atualmente ser participante de um grupo é, em geral, uma indicação positiva da aptidão individual de trabalhar construtivamente com outros. Todas estas tendências são indicativo do crescimento da experiência e da consciência grupal, onde corações e mentes se reúnem para servir um propósito específico, seja altruístico ou outro qualquer.
As três ciências, do antahkarana, da meditação e do serviço, marcarão o mais alto ponto de todas as nossas futuras práticas educacionais. Tudo que antecedeu foi necessariamente peças do quebra-cabeça a fim de revelar a idade de ouro da educação e da cultura universal. Pode ser difícil para nós antever um tempo em que estas três ciências formarão os fundamentos da nova educação, mas quando se considera o extraordinário desenvolvimento da percepção humana nos últimos cinquenta anos ou pouco mais, é visível que as atuais práticas são inadequadas para estarem à altura das mudanças que a humanidade confronta e é necessária uma maior reavaliação para servir as gerações futuras. Sem dúvida, a atual sublevação nos sistemas de educação do mundo é uma indicação que em algum lugar no caminho perdemos a nossa direção, e que as cambiantes políticas educacionais dos governos e organizações internacionais são igualmente pontos de partida para se alcançar uma estrutura educacional mais erudita e visionária.

Fonte: http://www.encontroespiritual.org/bartigos_educacaodofuturo.html