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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ENSINAR OU APRENDER: QUEM DE QUEM?

Yhajaira Paz-Castillo


“A única maneira de entender os humanos

É tornar-se um, para saber como sentem e pensam”.

Pedro

Somente a idéia de que vamos “educar” um índigo já assusta porque; podemos orientar, guiar, apoiar, promover situações de aprendizagem mas... educar? A primeira incógnita por resolver é o quê entendemos por educar. Se por isso entendemos canalizar, assinalar, moldar a forma de andar seus caminhos e escolhe-los nós mesmos, dizendo-lhes como pensar e em quê, já começamos mal.

Imagine-se, por um momento, chegar a exercer um cargo e que lhe digam (e lhe obriguem) a maneira de executá-lo, não lhe permitindo tentar de outra maneira diferente apesar de que possa ser mais efetiva, simples e até divertida e a única explicação seja “Porque eu digo!” Como você se sentiria? Não é muito difícil pensá-lo porque a maioria de nós foi “educada” assim. Copiamos os modelos de aprendizagem e os aplicamos, apesar de havermos resistido (interiormente) a muitos deles.

Ao trabalhar com famílias, começando a terapia, se faz um mapa familiar e de uma forma, quase mágica, se desenha a história da mesma e é inequívoco que – a menos que os novos pais tenham decidido aprender a fazer as coisas de maneira diferente – “o que aprende apanhando, ensina batendo”, assim como o que cresceu em um espaço aberto abrirá espaço para seus filhos. Por isso não é muito começar por uma revisão a nós mesmos e voltar a nos sentir como crianças e perguntar-nos: O que gostaríamos de experimentar que não nos permitiram? Quantas maneiras diferentes poderíamos ter encontrado de fazer as coisas? Quais foram esses sonhos que deixamos, por acreditar que eram somente isso, sonhos e que não encontraram eco em quem nos inspiraria a tentar torná-los realidade?

Meu filho Índigo, como muitos dos que tenho encontrado em meu caminho, não aceita um “não” como única resposta e chega o conhecido “por quê?”, e quantas vezes caí nas respostas ilógicas, não apoiadas em razões, senão em crenças, maus hábitos e tantas outras desculpas que damos ao indesculpável: “porque não, porque não pode, porque é assim”. Minha grande sorte, como a de tantos pais de Índigo, foi que meu filho não aceitava estas respostas como válidas e decidia provar por si mesmo. Cada vez que se propunha ou propõe algo que não existe como única alternativa o erro ou fracasso, ao contrário ele impera com um “sim, é possível, eu vou conseguir”.

Uma vez me disse que ele não se sentava a meditar porque Deus não lhe havia concedido algo que ele desejara, mas ele se sentava a pensar o que havia deixado de fazer para não ter conseguido o que se havia proposto; desta maneira não culpava a Deus dizendo que Deus já lhe tinha dado o que queria dar, seus estudos como forma de seguir adiante e que agora depende dele. Suponho que ajudaríamos mais a Deus se assumíssemos essa posição.

Faz anos, em meu consultório, tinha um menino de oito anos com uma condição econômica pouco favorável, tanto que os únicos livros a que tinha em sua casa eram os escolares, que, por certo, eram presenteados, e quando lhe aplicava uma prova me falava dos instrumentos musicais que se usavam em uma orquestra filarmônica, das cores da plumagem da ave do paraíso ou de leis físicas que me explicava em seu léxico infantil e de uma maneira muito simples de entender. Quando lhe perguntava de onde tirava essa informação, dizia que de “sua cabecinha”.

Eu não havia como tantos outros mortais, escutado ainda sobre as crianças Índigo, mas o prazer de aprender dele superava minhas perguntas e me entregava com a maior abertura a seus ensinamentos. Evidentemente, chegou a mim porque “era uma criança problema” que não fazia seus deveres como determinavam, porque perguntava muito em sala de aula e incomodava a professora, porque sempre questionava a mamãe e quase repreendia seu pai quando lhe contestava com uma palmada. É isto novo para algum de nós? Eu duvido.

Este ano comecei a trabalhar em uma escola do Estado. Sempre havia estado entre meu consultório e colégios privados e encontrei todas as respostas aos múltiplos comentários e ataques recebidos nas oficinas, palestras e programas de rádio e televisão nos quais havia sido convidada, algo assim como: “essas são invenções para encarecer a educação, isso é o resultado de uma melhor alimentação (sabemos que nessas condições econômicas a boa alimentação não é a norma), isso é pela estimulação pré-natal (nesses estratos sociais muitas vezes o que existe é maltrato), isso é porque vêem na TV a cabo (não têm este serviço e o que mais vêem são as telenovelas, que não são exatamente a melhor educação), agora há muitas revistas com temas científicos interessantes”. Bom, para minha maior gratificação, foi ali que encontrei respostas em tantos Índigo.

Um dos casos mais belos é o de Pedrinho, a quem sempre estarei agradecida. Um menino de nove anos que por sua forma de expressar chamou muito minha atenção e um dia mantivemos a seguinte conversação:

- Pedrinho, quem é você?

- Em minha vida anterior eu era energia pura, era um raio de luz.

- E, que fazes aqui?

- A única maneira de entender os humanos é tornar-se um para saber como se sentem e pensam.

- Por que vieste?

- Para alertar-lhes que catástrofes maiores que a do Estado de Vargas vai ocorrer (por causa de um grande deslizamento quase que desaparece o estado por completo). Há que mudar.

- Você gosta de ver as estrelas?

- Todos nós gostamos de ver de onde viemos. Como minha casa não tem janela me conformo em ver o reflexo que se projeta numa poça que faço quando tomo banho, mas eu sei que se fecho os olhos as vejo dentro de mim e que mesmo sendo de dia, elas estão ali.

- O que gostaria de fazer?

- Minha missão não começa até que tenha completado 19 anos, enquanto isso, sigo aqui na escola como todos os demais.

Depois de uma conversação assim, Pedrinho saía para jogar bola com seus companheiros como qualquer criança de nove anos. A mãe de Pedrinho me pediu que não fizesse caso e que não aprovasse as coisas que dizia, já que lhe resultava suficientemente difícil entendê-lo e que não queria que falasse dessas coisas por que iam pensar que estava louco. Sem comentários.

Como Pedrinho, conheci muitas crianças na escola, talvez não tão seguros e claros, mas conhecedores de temas que nem sequer imaginamos, especialmente de religião. Mais que muitos adultos, sua fé e respeito, seu amor e apoio para com seus companheiros causam muita surpresa. Um menino de seis anos me disse que “a Virgem esta chorando porque nos dedicamos a fazer muitas máquinas e nos esquecemos de seu Filho” e se os pais, os que trabalhamos na escola, no consultório ou onde quer que seja, não mudarmos nossos paradigmas e apoiarmos estas crianças, tornando mais fácil sua chegada ao planeta, estaremos lhes causando muitos problemas, muita confusão e, o que é pior, muita dor.

Não posso negar a presença daqueles que já afetamos, tanto nos lares como nas escolas, aqueles que apresentam condutas muito rebeldes e violentas e que muitos pais e docentes tratam de dominar a partir da repressão e da autoridade. É como querer deter a erupção de um vulcão colocando-lhe uma tampa, com isso só conseguiremos que a erupção seja pior sem saber onde vai explodir.

É tão simples sentar-se e falar com eles, uma caricia nos cabelos, nas costas ou no ombro, um sorriso, um olhar, não de reprovação, mas de compreensão, podem fazer mágicas e abrir as portas a um mundo novo para nós e a uma saída saudável para esses sentimentos encontrados que podem ter em um momento de muita ira. Se nós vivemos situações deste tipo, por que negamos a possibilidade de que a criança e o jovem as viva? Até agora não se havia prestado atenção ao stress e a depressão infantil e não nos damos conta que neles podem ser ainda mais fortes porque devem responder as diferentes expectativas de todos os que lhes rodeiam.

As mães esperam que seus filhos sejam modelos de cortesia e educação e não perguntam nem se movem alem do que elas consideram correto. Os pais, por sua vez, esperam que não sejam covardes e que se defendam na escola e na rua, passe o que passar, como uns “machinhos”. As mestras, que não se movam nem falem para que não perturbem a aula. As avós esperam que sejam o máximo e que façam o que nunca nos permitiram fazer. Os companheiros, que sejam como o líder da sala: querem ou não os aceitam no grupo. E assim, poderíamos ter uma lista interminável das expectativas que tem os primos, os vizinhos, os do clube e isto... estressa a qualquer um!

Muda o ano, muda o século e até o milênio e nós pretendemos seguir iguais e “educar” como antes. Impossível! Trata-se de proporcionar situações de aprendizagem, apoiar a nossas crianças e jovens acompanhando-os em seu descobrimento do mundo e suas maravilhas, mas não dizendo-lhes o que devem descobrir.

Sei que cada um tem a criatividade e o interesse na melhor preparação e adaptação de nossas crianças e jovens a esta nova era (e a nossa a eles); estes têm sido pontos que tenho praticado durante anos, graças aos que tenho compartilhado, tenho desfrutado dos resultados; por isto, quero sugerir-lhes, e seria para mim um prazer que isso lhes sirva como referencia a suas múltiplas possibilidades.

A chave mestra para a melhor relação de ensinamento-aprendizagem, ou é melhor dizer como o Dr. Natálio Dominguez, “ensinamento-ensinamento”, é o respeito e nunca será suficiente repeti-lo porque é a “chave de ouro”. Se você deseja e espera respeito de seus alunos, ofereça-o primeiro, não se decepcionarão. Estimule seus alunos a estabelecer junto com você as “regras do jogo” de aula, desde o começo, quando são co-participes de um plano de disciplina e trabalho, estarão mais dispostos a respeitá-los. Estabeleça de comum acordo quais são as “regras do jogo”, desta maneira já está estimulando a uma tomada de decisão que será uma grande aprendizagem para toda uma vida.

Escolha um “juiz de paz” entre eles, este escutará razões e situações da sala que se resolverá entre eles mesmos, quando entre companheiros manejam os conflitos e aprendem que há maneira de chegar a acordos sem necessidade da violência. Dedique um tempo diário a um “período de circulo”, que consistirá em comentar todos os dias acerca de situações da vida em família, da comunidade, do país, do dia a dia. Surpreender-se-á dos temas que proporão seus alunos e dos conselhos que poderão dar-se entre eles, por exemplo, frente à morte de um familiar, o nascimento de um irmãozinho, uma mudança... Desta maneira perdem o temor de mostrar sentimentos e de opinar. Estipule um tempo e respeite-o, se ainda não terminaram um tema, sugira continuar no dia seguinte, esta atividade se desfruta tanto que se não se estabelece um limite não quererão parar.

Explique a razão de cada aprendizagem e busque com seus alunos qual é a relação do mesmo com sua vida diária. Ao encontrar-lhe sentido real, lógica e aplicação será mais fácil que o aceitem. Preparem-se para dar explicações às “múltiplas” perguntas que surgirão na aula, mas não tema, ensine-lhes que nem sempre temos todas as respostas, mas que entre nós podemos encontrá-las e na importância que tem como resultado o investigar, aprender a perguntar a especialistas e assim chegar aonde queremos para satisfazer as necessidades e a curiosidade.

É recomendável que cada determinado momento lhes permita um tempo livre dentro das atividades na aula. Todos nos cansamos de uma rotina e nos custa manter focalizada a atenção. Um relaxamento ativo com exercícios divertidos que ajudam a desenvolver e multiplicar as conexões entre os hemisférios direito e esquerdo, são altamente efetivos para este propósito. Utilize musica-terapia existe extensa informação a respeito com todas as recomendações de materiais e as demonstrações de sua validade em aula.

Mantenha-se coerente no que espera e ofereça e cuide para que seus estados de animo não interfiram, pois só conseguirá confundir a seus alunos e, como conseqüência, perderá seu respeito. Convide os representantes de seus alunos a aula para que conversem com eles acerca de seus respectivos empregos. Uma vez convidei a uma amiga Aeromoça que se motivou tanto com a idéia, que se apresentou uniformizada, como se fosse embarcar no avião; para as crianças foi uma experiência muito interessante. Em outro momento o convidado foi um gerente de banco e o surpreendido foi ele, pois logo no início de sua fala acerca de suas funções, lhe fizeram perguntas que não esperava de crianças de nove anos e o “feedback” foi de grande maturidade. Cabe destacar que tudo isto deve ser absolutamente espontâneo.

A segurança que adquirem ao comunicar-se com adultos profissionais e ao indagar detalhes sobre a especialização contribuirá para elucidar sua vocação profissional mais cedo e com mais facilidade. Lembre-se de focalizar sua atenção nas condutas positivas e reforçá-las cada vez que possa. Quando tiver que chamar a atenção de algum dos seus alunos, pense em como gostaria que tivessem feito com você, chame-lhe a parte e pergunte o que está acontecendo, não a partir do julgamento, mas a partir do apoio.

Ensine a seus alunos que se podem expressar sentimentos sem sentirem-se vulneráveis, através de diferentes alternativas para solucionar conflitos e estratégias de auto-ajuda. Lembre que somos seres bio-psico-socio-espirituais e que cada área deve ser atendida. Certamente, se podem adaptar, para os pais, muitas das recomendações oferecidas para os docentes e somá-las as que lhes apresento na continuação.

Lembre que é mais importante a qualidade que a quantidade, no que se refere ao tempo de dedicação a nossos filhos. Trate de que esta qualidade seja maravilhosa para todos. As crianças Índigo vêm com uma alta compreensão do que é a democratização, defendem seu direito a voz e voto com muito afinco, por esta razão se não os inclui nos preparativos do fim de semana, nas mudanças familiares, nas coisas importantes que envolvem a todos, podem tornar-se um pouco rebeldes e não aceitar a imposição.

Lembre que podem ter sua telepatia muito desenvolvida, se quiserem que as coisas fluam positivamente, evite o engano, pois perderia o respeito de seu Índigo, lhe criaria confusão e poderia, como resposta, isolar-se um pouco. Escute seu filho, pergunte-lhe, porem sem que se sinta perseguido. Muitas mamães sentem que estão fazendo muito bem quando o filho chega em casa, do colégio, começando um “interrogatório”, a conseqüência será que somente se limitarão a responder com monossílabos e cada vez contarão menos. Escute, sem julgar, sem interromper-lhes, sem acusar-lhes antes de saber o que aconteceu. Lembre que os extremos são péssimos, não se trata de dar-lhes razão em tudo, mas de ensinar-lhes que, às vezes, existem outras possibilidades para resolver as situações e que toda tomada de decisão traz uma conseqüência.

Quando você comete um erro (todos o fazemos), aproveite a grande oportunidade para ensinar-lhe que reconhecê-lo é sinal de eterna aprendizagem e crescimento e que podem se desculpar e corrigir a situação sem que isto seja sinal de debilidade. Mantenha sempre a comunicação aberta. Seja coerente no que pensa, diga e faça, isto dará muita segurança a seu Índigo. Caso a encontre chorando, por exemplo, e lhe pergunte o que se passa, não lhe responda “nada”, pois sua imaginação voará, quem sabe até onde e só conseguirá confundi-lo.

Desfrute seu Índigo, deixe que a educação flua, cada dia lhe trará nova oportunidade de compartilhar suas aprendizagens. Somente, estejam abertos as múltiplas oportunidades. Faça-lhe saber seu agradecimento por tê-lo como filho ou filha, por havê-lo escolhido como pai ou mãe e por permitir-lhe aprender dele e compartilhar essa bela viagem pela vida.

O mais importante no compartir com o Índigo é sempre, mas sempre, oferecer-lhe alternativas para que ele escolha, dentro dos limites normais. Por exemplo, ante a eterna confrontação de roupa quando vão sair, nunca querem que você escolha e começa a batalha que termina com atrasos, choro, gritos e quem sabe o que mais; é muito mais simples escolher duas ou três possibilidades e deixar-lhe escolher qual quer e magicamente se acabará o problema, seu Índigo sairá sentindo-se respeitado, se vestirá rapidamente e chegarão todos felizes e a tempo.

Lembre que seu Índigo sempre encontrará uma maneira diferente de fazer as coisas, permita-o, e logo lhe dará idéias que a você nunca havia ocorrido. Por favor, traga a memória de como se sentia quando o comparavam (desfavoravelmente, no geral) e não caia você no mesmo erro, cada ser é único e por isso merece o máximo de respeito.

É importante que tenha em mente que as recomendações nunca sugerirão que você não fixe limites, o Índigo necessita saber até onde pode chegar.

Para desenvolver sua segurança, as “regras do jogo” devem estar claras, as consequências também e os limites devem ser respeitados. As reprimendas serão tão necessárias como em qualquer outra criança, porem sem que suas emoções entrem em jogo, não é a partir de sua raiva ou confusão que deve repreender, é desde a compreensão do por que o reprime. O fazê-lo saber é de suma importância, como o é o não esperar os momentos de crise para fazer entender determinadas situações da vida. Certamente, que estas recomendações não se devem limitar ao Índigo (ainda que neste momento quase todos o sejam). Respeite seu filho, fixe os limites, oriente-o, ajude-o, apóie-o e, acima de tudo, desfrute-o.


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