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terça-feira, 30 de junho de 2009

Educando os Educadores - Parte 3

por Daniel Jacob


Neste número, eu gostaria de falar um pouco sobre criar um autêntico ambiente de aprendizagem – um lugar onde as linhas divisórias entre “estudante” e “professor”, por vezes não sejam muito claras. Temos ouvido como são elogiáveis aqueles que “ensinam com o exemplo”, os que se disciplinaram para predicar com o exemplo. Mas pergunto-me quantos de nós já pensaram no poder de aprender com o exemplo? Quantos educadores permitem que a (sua) própria curiosidade infantil seja o tom predominante que os inspire na sua actividade diária?

Da mesma forma que as linhas que distinguem aquele que deve representar o papel de “educador” na escola e quem se supõe que seja o “aluno” se traçam rigidamente, assim se farão distinções rígidas entre a energia do “trabalho” e a do “jogo”. Na minha opinião, este é um modelo extremadamente destrutivo, pois a pessoa leva-o consigo para a vida adulta e pode dominar toda a sua vida.

Os meus Guias Espirituais, As Reconexões, ensinaram-me que há um terceiro tipo de força de vida, caso decidamos elegê-la. Chamam-no “jolho” (plork), que é a junção de jogo e do trabalho (play + work). Oferece um contacto directo com a Criança Mágica, através da acção expontânea e da Consciência do Momento do Agora – e cria um canal para que essa energia regresse ao Plano Terrenal através do exame retrospectivo, uma vez que passou uma “onda” de oportunidade.

A nossa criança mágica

Muitas pessoas têm escrito sobre o Aspecto da Criança Mágica na personalidade e conduta humana. Alguns conectam-no com a fantasia e o assombro, para poder chamá-lo “Peter Pan” ou “Wendy”. Outros, simplesmente consideram-no o equivalente da espontaneidade, a diversão ou a descontracção. Têm uma experiência, ou vêem uma obra de teatro, e exclamam: “Semti-me como uma criança outra vez!” E pelo olhar, em seu rosto, realmente acreditam que este resultado foi magia.

Para os nossos propósitos, aqui, eu simplesmente gostaria de sugerir que uma pessoa sabe que se conectou com a sua Criança Mágica quando “se excita”, física ou emocionalmente. Quando digo isso, compreendo que o uso dessa expressão (em inglês turn on também significa excitar-se) pode fazer com que vos venha a mente conotações sexuais que os educadores justamente deveriam evitar. Mas, Podem? O assunto da sexualidade não está na cabeça, diáriamente, em cada pátio de jogos ou em cada aula de todo o país?

Os corpos físicos foram criados para serem “excitados”. Sentem-se bem quando o são. Nosso foco de atenção restringe-se, a sensibilidade nervosa torna-se mais aguda, o sangue concentra-se nas zonas do corpo que mais necessita para entrar em acção. Sentimo-nos vivos! Vemos algo, respondemos a isso como um estímulo de vida e queremos mais e mais. Queremos beber desse copo até que estejamos satisfeitos. E, então, seguimos adiante.

O termo “mágico” é importante aqui, na nossa discussão também. O que significa para mim é: “Não sei como aconteceu”. Não é essa a essência da magia? Se podemos resolver, não é magia, é lógica. Na nossa sociedade, determinamos que certas pessoas desempenhem o papel de “Magos”, que é uma frase simples que diz: “Não sei como fiz isso.”

Assim temos as gémeas: Magia e Lógica. A primeira é a que nos incita e a segunda é a que nos faz sentir salvos e seguros. Para que os humanos tenham uma experiência educativa de amplo espectro, as duas “gémeas” devem fazer parte do trato.

PLANEAR OU BRINCAR?

Agora que introduzimos a possibilidade de uma actividade chamada “Jolho”, e percebemos a importância de nos conectarmos com esse Ser Mágico que vive no nosso interior, o próximo passo na nossa viagem é perguntar quanto dessa conexão necessita de ser (ou, inclusivamente, pode ser) planejada, para que a vida continue a ser agradável e plena de sentido.

Aqueles que há tempos vêm lendo os meus artigos podem ter notado o quanto gosto das Claves de Allie, essa “Menina das Estrelas” de ficção que é o personagem central da mini-série Taken de Steven Spielberg. Allie tem uns dez anos na história e, constantemente está emitindo a sua própria e adorável forma de sabedoria pessoal que reflecte, formosamente o que significa ser um meta-humano, que tenta funcionar em um mundo muito humano. Para ver a lista destas citações, em inglês, o leitor pode examinar um sítio fantástico na Internet que as compilou. http://spielbergfilms.com/takenquotes.html

EM TODAS AS COISAS, DEVEMOS ESTAR DISPOSTOS A ARRISCAR-NOS AO DESCONCERTO E À CONFUSÃO

SE QUEREMOS EVITAR A MEDIOCRIDADE

Em dado momento, Allie fala com o seu pai, que a felicita pelo seu jogo de futebol americano e a indaga a respeito de como ela parece controlar o jogo ao seu redor mediante a projecção consciente do pensamento. Allie é uma goleadora e sempre parece derrubar aos seus adversários. Ela lhe diz: “Engano-me a mim própria, vês? Digo-me que vou para a direita, então outro jogador se interpõe no meu caminho. Acredito e concentro-me nisso com todo o coração. Como eu acredito, ele acredita também. Então, de repente, vou para a esquerda. Esta atitude apanha-o totalmente de surpresa e assim posso derrubá-lo.”
Nesta altura, o pai de Allie faz-lhe a pergunta inevitável: “ Como planejas ir para a esquerda?” Ao que ela responde: “Não o sei. Se compreendesse como, era capaz de não funcionar mais.”


Esta maravilhosa compreensão, dita com simplicidade que tanto purifica como edifica, dá-nos uma pista de como se relaciona o planeamento de uma experiência de “jolho”, com êxito.

Podemos ter um plano – de facto, devemos tê-lo! Caso contrário, a nossa ansiedade ou forças de entropía poderão corroer-nos. Se não programamos nada, sempre terminamos acertando.


No entanto, em qualquer plano deve-se incluir a prontidão em sair do caminho planejado para uma direcção completamente nova, se as circunstâncias assim o exigirem. Em todas as coisas, devemos estar dispostos a arriscar-nos ao embaraço e á confusão, se queremos evitar a mediocridade. E, diga-se de passagem... essa é uma linda palavrinha, não? “Desconcerto”. (Embarrassment). Exactamente no meio há duas palavras reduzidas: “bare” e “ass”. (rabo pelado). Viva! Apanhados com os nossos (proverbiais) pantalões embaixo!


Quantas vezes se enganou um professor ao falar, enquanto introduzia algum assunto e utilizou uma palavra (proibida) em lugar da que tentava usar? Ficou vermelho, transpirou e as crianças (caso se tenham dado conta) começaram a rir ás gargalhadas! Acontece igual com os pequenos enganos das crianças (bloopers) ao falar. São maravilhosos e há listas deles voando pela Internet.

SE UM EDUCADOR DEIXOU DE APRENDER -EXACTAMENTE AGORA, NESTE MOMENTO - ENTÃO TAMBÉM DEIXÓU DE ENSIÑAR…!

O primeiro passo para criar um autêntico ambiente de aprendizagem, é apenas este: Ser autênticoSe passamos o tempo a planejar e a pré organizar o que se irá fazer no “jolho” – a execução de estes planos tende a ser mecânica e aborrecida. Se os vossos “jolhos” não vos motivam FAÇAM ALGUMA COISA. Eu Adorava meu professor de Economia do 9º ano. Ele gostava muito da Áustria e já havia ido por lá várias vezes. Mais de uma vez, quando chegávamos ao fim da aula, ele, repentinamente fechava o seu livro de economia e nos dizia: “Cansei-me de falar disso. Falemos da Áustria.”

O simples exercício desta opção, na minha jovem mente, era algo prodigioso. Nunca esqueci. Num destes pequenos “desvios”, o Sr. Dunphy ensinou-me a dizer “obrigado” em russo. Eu estava muito interessado, naqueles tempos, pela língua russa, porque eu gostava da forma como falavam os actores no filme “Vêem aí os Russos”. Como se relaciona isso com a economia? Não sei. Tenho medo de que deixe de funcionar se tentar explicar.

Bom, e aqui estamos, dançando com as Crianças das Estrelas e ensinando “Educação Sexual” nas aulas! No entanto, em lugar de estudar anatomia técnica, estamos invocando e utilizando forças poderosas que subjazem sob aquilo que pensamos ser “o acto sexual”. Estamos atiçando as chamas da curiosidade, criando lugar para a experimentação expontânea e nos atrevendo a arriscar um pouco de desconcerto que possa ocorrer enquanto as pessoas se encontram absortas no entusiasmo do momento. O sexo é mais que anatomia! É um estado mental! E é atemporal.

Se um educador deixou de aprender – exactamente agora, neste momento - então também deixou de ensinar. Estas duas energias vão juntas. Quando uma está em acção, deve-se permitir que venha a outra. Se isso não acontece, damos outro rumo a uma nobre profissão distanciando-a de ser potenciadora do poder juvenil para convertê-la numa glorificada cuidadora de crianças.

No próximo mês, eu gostaria de discutir a mudança de ímpeto que ocorre entre proporcionar uma onda de oportunidade de aprendizagem e processar essa experiência depois que passa a onda. Espero os seus comentários e perguntas ao longo do caminho. Todos estamos aqui para aprender!

© Daniel Jacob, 2004

Tradução: Susana Peralta

Fonte: http://www.chamanaurbana.com/amerikaindigo.htm