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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Educar para a Paz

Mónica Bocaz y Lorena Herrera

Por que educar para a paz dentro de um contexto cada vez mais violento? Esta pergunta, sem dúvida, nós a fazemos na América Latina, muitos educadores. Cada dia há mais violência e cada dia mais é difundida pela Mídia, em um contexto, onde se incrementam as desigualdades entre países ricos e empobrecidos de um mundo globalizado. Sem dúvida, em um panorama tão complexo de violência, poderia dizer-se que estamos nadando contra a corrente.

Dentro deste panorama, o trabalho em educação para a paz implica um grande esforço e sua prática é um procedimento que tem a intenção de criar na criança uma consciência solidária responsável no individual e no coletivo. Para isso, é necessária a cooperação e implicação dos centros educativos, que guiem e complementem este trabalho junto à família desde a primeira infância, onde as crianças estão mais dispostas e receptivas a integrar conhecimentos e a aprender.

EDUCAÇÃO E CONTEXTO SOCIAL

É fundamental considerar que a educação para a paz permite trabalhar consigo conflitos de diferente índole: na escola, na comunidade, no companheiro, na família, etc e, devemos estar preparados para resolvê-los positivamente. Desde o mundo escolar, o ponto crítico é como a escola a partir de uma perspectiva transversal, Educapaz. O manual de atividades para uma educação em valores ensina os alunos a resolver estes conflitos; já que no futuro, dele dependerá grande parte de seus comportamentos

A escola é um lugar de aprendizagem e socialização importante na vida de uma criança. A boa orientação dos conflitos e da violência constitui um grande impulso para o potencial humano e pedagógico. Portanto, as ações que se empreendam nas aulas, destinadas a educação para a paz e a não violência, devem demonstrar que a paz é uma construção coletiva, que depende de cada um e que as atitudes tolerantes trazem benefícios a cada indivíduo em particular e em sua relação com os demais..

No caso da Latino América, a ascensão dos governos democráticos abre novos espaços que colocam a prova a capacidade dos educadores, para apropriarem-se deles, e para construir propostas alternativas. Na Espanha “La LOGSE Ley de Ordenación General Del Sistema Educativo (Lei orgânica 1/1990, de 3 de outubro de 1990) presume um reconhecimento jurídico da Educação para a Paz, planeja como uma peremptória necessidade e também como um imperativo legal. O legado histórico da Educação para a Paz é rico, plural e sugestivo”[1].

Desde nossa perspectiva, e coincidindo com outros educadores para a paz, pensamos que é importante promover nas crianças uma conduta crítica, e não passiva ante a violência que vemos dia a dia, seja física ou psicológica. Tipificá-lo como algo natural das vivencias e relações cotidianas, significa deixá-los vulneráveis ante uma realidade cada vez mais publicitária e invasiva.

Daqui, Solidariedade para o Desenvolvimento e a Paz, www.sodepaz.org, nascem nossas convicções de trabalhar pela paz de forma dinâmica, didática, motivando e criando esperança, entregando à criança a possibilidade de conhecer seu entorno e suas capacidades.

Em outro âmbito tomamos como referência o importante informe da UNESCO, da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI (comissão criada em 1993), no qual participaram grandes personalidades do mundo social e político. Enviaram-se questionários a todas as sedes da UNESCO sobre a educação, com grande resposta das Organizações e ONG; se sustentaram reuniões e se formaram comissões de trabalho, concluindo depois de três anos, o seguinte:

A educação ao longo da vida se baseia em quatro pilares: aprender a conhecer, quer dizer, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a viver juntos, para participar e cooperar com os demais em todas as atividades humanas; e por último aprender a ser, um processo fundamental que acopla os três elementos anteriores.

Para nosso trabalho em Educapaz, temos nos centrado no terceiro pilar que desenvolve esta Comissão: o aprender a viver juntos, que implica desenvolver a compreenção do outro e a percepção das formas de interdependência.

Neste mesmo informe, Roberto Carneiro[2], nos assinala em seu artigo A Revitalização da educação e as comunidades humanas: uma visão da escola socializadora do século XXI:

“Assim como o século que termina tem posto manifestas profundas feridas, o século XXI se inaugura como uma era carregada de esperança que, indubitavelmente, se caracterizará por novas exigências sociais, entre as quais a arte de conviver aparecerá como a forma de cicatrizar estas múltiplas feridas, fruto do ódio e da intolerância que com tanta freqüência tem imperado durante o século XX”.

Com a proposta do projeto Educapaz, se quer dar uma resposta de adesão a este chamado, contribuindo para motivar uma educação que integre e fortaleça a aprendizagem e os valores.

Educapaz, é o resultado de projetos comuns e uma forma de preparação para tratar conflitos, respeitando os valores de pluralismo, compreenção mútua e paz.

Fonte: Educapaz: Manual de actividades para una educación en valores

www.educapaz.org

Tradução: sandraferris@globo.com



[1] Solidariedade para o Desenvolvimento da Paz, www.sodepaz.org.

[2] Filósofo y académico portugués. (UNESCO)



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