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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Visão Cósmica da Educação - Parte 4


II – A educação deteve-se principalmente na organização da mente inferior e a capacidade de uma criança tem sido grandemente avaliada por sua reação à informação acumulada (no que concerne à educação) e aos dados confrontados e coletados, entregues em sequência, dirigidos e organizados para equipar a criança para competir com a informação que outros possuem.

III – A educação tem sido, até agora, grandemente um treino de memória, apesar de estar atualmente surgindo o reconhecimento de que tal atitude precisa acabar. A criança deve assimilar os fatos que a humanidade acredita serem verdadeiros, tenha experimentado no passado, e achado adequados. Mas cada era tem um critério diferente de adequação. A Era de Peixes lidou com o detalhe do esforço para alcançar um ideal. Daí termos uma história que cobre o método pelo qual as tribos adquiriram “status” nacional através da agressão, da guerra e da conquista. Isso foi indicativo da realização racial.

A geografia baseou-se numa reação semelhante à ideia de expansão e, através dela, a criança aprendeu como os homens, levados por necessidades econômicas e outras necessidades, conquistaram territórios e absorveram terras. Também isto, e acertadamente, tem sido considerado como uma realização racional. Os vários ramos da ciência também têm sido considerados como constituindo a conquista de áreas territoriais e, uma vez mais, isto tem sido aplaudido como realização racial. As conquistas da ciência, as conquistas das nações e as conquistas de territórios são todas indicativas do método de Peixes, com seu idealismo, sua combatividade e sua separatividade em todos os campos – religioso, político e econômico. Mas a era da síntese, da inclusividade e do conhecimento está sobre nós, e a nova educação da Era de Aquário precisa começar muito suavemente e penetrar na aura humana.

IV – A educação é mais do que treinamento de memória e mais do que informar uma criança ou um estudante sobre o passado e suas façanhas. Esses fatores têm seu valor e o passado deve ser compreendido e estudado, pois dele deve crescer o que é novo, sua floração e seus frutos. A educação envolve mais do que a investigação de um assunto e a formação de conclusões subsequentes, levando a hipóteses que, por sua vez, levam a ainda mais investigação e conclusões. A educação é mais do que um esforço sincero para preparar uma criança ou um adulto para ser um bom cidadão, um pai inteligente e não constituir qualquer encargo ao Estado. Tem uma aplicação mais ampla do que produzir um ser humano que venha a ser um proprietário comercial e não uma responsabilidade comercial. A educação tem outros objetivos além de tornar a vida agradável e assim capacitar homens e mulheres a adquirir uma cultura que lhes permitirá participar com interesse de tudo que transpira nos três mundos das questões humanas. É tudo isso, mas deveria ser muito mais.

V – A educação tem três objetivos principais, do ponto de vista do desenvolvimento humano:

Primeiro, como foi entendido por muitos, deve fazer de um homem um cidadão inteligente, um pai sábio e uma personalidade controlada; deve adequá-lo para desempenhar seu papel no trabalho do mundo e capacitá-lo para viver de modo pacífico e útil, em harmonia com seus vizinhos.

Segundo, deve capacitá-lo para preencher a lacuna entre os vários aspectos de sua própria natureza mental, e nisto jaz a maior ênfase das instruções que me proponho a dar.

Na filosofia esotérica somos ensinados, como bem sabem, que no plano mental há três aspectos da mente, ou daquela criatura mental que denominamos um homem. Esses três aspectos constituem a parte mais importante de sua natureza:

1 – Sua mente concreta inferior, o princípio do raciocínio. É a este aspecto do homem que nossos processos educacionais se dedicam.

2 – O Filho da Mente a que chamamos Ego ou Alma. Este é o princípio da inteligência e é denominado por muitos nomes na literatura esotérica, tais como o Anjo Solar, os Agnishvattas, o princípio Crístico, etc. Com este, a religião no passado afirmou ocupar-se.

3 – A mente abstrata superior, o guardião das ideias, mensageiro da iluminação para a mente inferior, desde que essa mente inferior esteja em comunicação com a alma. Deste mundo das ideias a filosofia tem declarado ocupar-se.

Poderíamos denominar estes três aspectos:

A mente receptiva, a mente com a qual lidam os psicólogos.
A mente individualizada, o Filho da Mente.
A mente iluminada, a mente superior.


Terceiro, a lacuna entre a mente inferior e a alma tem de ser preenchida e, por estranho que pareça, a humanidade sempre o percebeu e daí ter, consequentemente, falado em termos de alcançar a unidade, ou fazer a unificação, ou efetuar o alinhamento. São tentativas para expressar esta verdade percebida intuitivamente.

VI – A educação também deveria se preocupar, durante a nova era, com o preenchimento dessa lacuna entre os três aspectos da natureza da mente: entre a alma e a mente inferior, disso resultando a unificação entre a alma e a personalidade; entre a mente inferior, a alma e a mente superior. Para isso a humanidade está agora pronta e, pela primeira vez na carreira da humanidade, o trabalho da construção da ponte pode prosseguir numa escala relativamente ampla.

VII – A educação é, por isso, a Ciência do Antakarana. Esta ciência e este termo são a maneira esotérica de expressar a verdade sobre a necessidade desta construção da ponte. O antakarana é a ponte que o homem constrói – através da meditação, da compreensão e do mágico trabalho criativo da alma – entre os três aspectos da natureza de sua mente. Por essa razão, os objetivos primordiais da educação vindoura serão:

1 – Produzir o alinhamento entre mente e cérebro através da correta compreensão da constituição interna do homem, particularmente do corpo etérico e dos centros de força.

2 – Edificar, ou construir, uma ponte entre cérebro-mente-alma, produzindo assim uma personalidade integrada, que seja uma firme expressão do desenvolvimento da alma, moradora interna.

3 – Construir a ponte entre a mente inferior, a alma, a mente superior, para que a iluminação da personalidade se torne possível.

VIII – A verdadeira educação é, consequentemente, a ciência de unir as partes integrais do homem, e também de ligá-los, por sua vez, com seu ambiente imediato, e daí com o todo maior no qual terá de desempenhar seu papel. Cada aspecto, visto como um aspecto inferior, pode sempre ser simplesmente a expressão do superior seguinte. Nesta frase está uma verdade fundamental que engloba não somente o objetivo, mas mostra também o problema ante todos os interessados na educação. Este problema é avaliar com precisão o centro, ou foco, da atenção de um homem e indicar onde a consciência está centrada primordialmente. Ele deve, então, ser treinado de tal maneira que uma mudança daquele foco para um veículo superior seja possível. Podemos também expressar esta ideia de uma maneira igualmente verdadeira dizendo que o veículo que parece de suprema importância pode tornar-se, e deveria tornar-se, de importância secundária à medida que se transforma, simplesmente, no instrumento daquilo que é superior a si mesmo. Se o corpo astral (emocional) é o centro da vida da personalidade, então o objetivo do processo educacional imposto à matéria será fazer da natureza mental o fator dominante, e o corpo astral, por isso, torna-se aquele que é impressionado pelas condições ambientais e é sensível às mesmas, mas sob o controle da mente. Se a mente é o centro da atenção da personalidade, então a atividade da alma precisa ser trazida à expressão mais completa; e o trabalho assim prossegue, continuamente, o progresso se processando passo a passo até que o topo da escada seja alcançado.

Deveria ser notado aqui que esta exegese inteira da mente e da necessária construção da ponte, não passa da demonstração prática da verdade do aforismo ocultista de que “antes que um homem possa palmilhar o Caminho, precisa tornar-se o próprio Caminho”. O antakarana é, simbolicamente, o Caminho. Este é um dos paradoxos da ciência esotérica. Passo a passo, de estágio a estágio, construímos esse Caminho, do mesmo modo que a aranha tece seu fio. É aquele caminho de volta que desenvolvemos de dentro de nós mesmos; é aquele Caminho que também encontramos e trilhamos.

Algumas Perguntas Respondidas.

Em resposta à primeira indagação, a função principal de todos os educadores é dupla:

1 – Treinar o cérebro para responder inteligentemente às impressões chegadas a ele pela via do aparelho sensório, trazendo assim a informação sobre o mundo exterior tangível.

2 – Treinar a mente de maneira a poder cumprir três deveres:


a) Lidar inteligentemente com a informação transmitida a ela pelo cérebro.

b) Criar formas-pensamento em resposta aos impulsos emanando do plano físico; às reações emocionais postas em ação pela natureza da sensação-desejo; ao mundo do pensamento, no qual o meio ambiente do homem é encontrado.

c) Orientar a si mesmo para o ser espiritual subjetivo, de modo a que, de uma condição de potencialidade, possa o ser emergir a um domínio ativo.

Nesta formulação da função do instrumental com o qual todos os educadores têm que lidar (a mente e o cérebro), mostrei a resposta à Segunda pergunta feita, que foi:

“Haverá tipos definidos de atividades, mudando com o correr dos anos e baseados nas fases do processo de crescimento do indivíduo, que contribuam para seu desenvolvimento total?”

Divirjo algo no que diz respeito aos períodos indicados por instrutores ocultistas, como Steiner, pois apesar dos ciclos de sete anos terem seu lugar, a divisão é passível de ser usada em excesso. Sugeriria também os ciclos de desenvolvimento de dez anos, divididos em duas partes: sete de aprendizado e três de aplicação.

Nos dez primeiros anos da vida de uma criança é-lhe ensinado como lidar inteligentemente com a informação que lhe chega ao cérebro através dos cinco sentidos. Observação, resposta rápida e coordenação física como o resultado da intenção, devem ser enfatizados. A criança precisa ser ensinada a ouvir e a ver, a fazer contatos e usar discernimento; e seus dedos devem responder a impulsos criativos para fazer e reproduzir o que ela vê e ouve. Assim são dispostos os elementos das artes e do artesanato, do desenho e da música.

Nos dez anos seguintes a mente estará definitivamente treinada para se tornar dominante. A criança é ensinada a racionalizar suas emoções e seus impulsos de desejo, e a discriminar o certo do errado, o desejável do indesejável, e o essencial do não essencial. Isso lhe pode ser ensinado através da história e do treinamento intelectual, que o ciclo de sua vida torna compulsório sob as leis do país no qual viva. Um senso de valores e de padrões de direito é assim estabelecido. Ela aprende a distinguir entre o treinamento da memória e do pensamento; entre conjuntos e fatos, averiguados por pensadores e tabulados nos livros, e sua aplicação aos conhecimentos da existência objetiva, além de (e aqui jaz um pensamento de real importância) sua causa subjetiva e a relação deles com o mundo da realidade, do qual o mundo fenomênico não é senão um símbolo.

À idade de dezessete anos o estudo de psicologia será acrescentado ao resto do currículo e a natureza da alma e sua relação com a Alma do Mundo será investigada. A meditação, seguindo linhas adequadas, será parte do currículo. Deverá ser observado aqui, entretanto, que as implicações religiosas da meditação são desnecessárias. A meditação é o processo pelo qual as tendências objetivas e os impulsos vindos da mente são frustrados e ela começa a ser subjetiva, a focalizar e a intuir. Isto pode ser ensinado por meio de um pensamento profundo sobre qualquer assunto – matemática, biologia, e assim por diante.

A tendência da nova educação deverá se tornar o sujeito do experimento educacional, possuidor consciente de seu equipamento; deverá pô-lo com visão clara perante a vida, com portas franqueadas ao mundo dos fenômenos objetivos e das correlações; deverá trazê-lo ao conhecimento de uma porta que conduz ao mundo da Realidade e através da qual ele poderá passar à vontade e ali assumir e elaborar sua relação com outras almas.

Esta Segunda questão – relacionada com o tipo de experiência que ajudaria a criança a completar seu desenvolvimento e suplementaria o currículo legal compulsório – é quase impossível de responder, devido às grandes diferenças entre os seres humanos e à impossibilidade prática de encontrar aqueles professores que trabalham com as almas tanto quanto com as mentes.

Toda criança deveria ser estudada em três direções. Primeiro, para averiguar a tendência natural de seus impulsos: serão eles tendentes à expressão física, ao labor manual, no qual se deveria incluir uma larga margem de oportunidades, tais como as de um operário mecânico de fábrica e a habilidade treinada de um eletricista? Haverá uma capacidade latente para uma ou outra arte, uma reação à cor e à forma, ou uma resposta à música e ao ritmo? Será a capacidade intelectual o que justificaria seguramente um treinamento mental em análise, dedução, matemática ou lógica? Então, talvez, conforme a vida prossiga, nossos jovens sejam classificados em dois grupos: o místico, sob cujo título poder-se-iam agrupar aqueles com tendências religiosas, artísticas e não práticas; e o ocultista, que incluiria os tipos intelectuais, científicos e mentais. Ao chegar aos dezessete anos, o treinamento dado deverá ter capacitado o adolescente para vibrar claramente sua nota, e deverá ter mostrado o curso que os impulsos de sua vida mais provavelmente tomarão. Nos primeiros quatorze anos, dever-se-ia dar-lhe oportunidade para experimentar em muitos campos de oportunidade. O treinamento puramente vocacional não deveria ser enfatizado até os anos ulteriores do processo educacional.

Aproxima-se o tempo em que todas as crianças serão estudadas nos seguintes aspectos:

1 – Astrologicamente, para determinar as tendências da vida e o problema peculiar da alma.

2 – Psicologicamente, suplementando o melhor da psicologia moderna com um conhecimento dos tipos dos Sete Raios, que colorem a psicologia oriental.

3 – Clinicamente, com atenção especial para o sistema endócrino. Além dos métodos modernos usuais em relação aos olhos, dentes e outros defeitos fisiológicos. A natureza do mecanismo de resposta será cuidadosamente estudada e desenvolvida.

4 – Vocacionalmente, para situá-las, mais tarde, na vida onde seus dons e capacidades possam encontrar a mais completa expressão e assim as habilite a preencher suas obrigações grupais.

5 – Espiritualmente. Com isso quero dizer que a idade aparente da alma em consideração será estudada e o lugar na escada da evolução será percebido aproximadamente: tendências místicas e introspectivas serão consideradas e sua falta aparente será registrada. A coordenação entre o cérebro e:

a) o instrumento de resposta no mundo exterior dos fenômenos;
b) os impulsos de desejo, mais as reações emocionais;
c) a mente e o mundo do pensamento;
d) a mente e a alma,

será cuidadosamente investigada para trazer o equipamento da criança, latente ou desenvolvido, à atividade, e para unificá-lo como um todo.

A terceira pergunta indaga:

“Qual é o processo do desenvolvimento do intelecto no homem?” “Como se manifesta a mente superior, se o faz, nos anos do crescimento?”

Não é possível, no curto tempo que dispomos, tratar aqui da história do progresso do desenvolvimento mental. Um estudo de seu crescimento racial revelará muito, pois cada criança é um epítome do todo. Um estudo, por exemplo, do crescimento da ideia-Deus na consciência humana daria um esclarecimento proveitoso dos fenômenos do desenvolvimento do pensamento. Uma sequência do crescimento poderia, bem inadequada e brevemente, ser tabulada como segue, baseada no processo de desenvolvimento de um ser humano:

1 – Resposta ao impacto, os sentidos do infante despertos. Ele começa a ouvir e a ver.

2 – Resposta à posse e à aquisição. A criança começa a apropriar-se, tornar-se autoconsciente e apossa-se do seu eu pessoal.

3 – Resposta ao instinto que governa a natureza animal e do desejo, e às tendências humanas.

4 – Resposta ao grupo. A criança torna-se consciente do seu ambiente e de que é parte integrante de um todo.

5 – Resposta ao conhecimento. Isso começa com a revelação de fatos informativos e, portanto, do registro, através da memória, desses fatos; assim são desenvolvidos o interesse, a correlação, a síntese e a dedicação às exigências da vida.

6 – Resposta à necessidade inata de procura. Isto leva à experiência no plano físico, à introspecção no plano emocional e ao estudo intelectivo e ao amor à leitura ou ao ouvir, trazendo a mente, dessa maneira, a alguma condição de atividade.

7 – Resposta à pressão econômica e do sexo, ou à lei da sobrevivência. Isto força-o a usar seu equipamento e conhecimento e assim assumir seu lugar como gente na vida grupal e promover o bem-estar grupal através de algum aspecto de trabalho ativo e pela perpetuação da espécie.

8 – Resposta ao conhecimento puramente intelectual. Isto leva ao livre uso consciente da mente, ao pensamento individual, à criação dos pensamentos-forma e, finalmente, à orientação firme da mente para um campo de realização e conscientização cada vez mais amplo. Essas expansões de consciência trazem, por fim, um novo fator ao campo da experiência.

9 – Resposta ao Pensador ou à alma. Com o registro desta resposta, o homem entra em seu reino. O que se encontra acima e o que se encontra abaixo se tornam um. Os mundos objetivos e subjetivos são unificados. A alma e seu mecanismo funcionam como uma unidade.

Toda educação deveria tender a essa realização. Em geral, exceto em algumas raras e altamente evoluídas almas, a mente superior não se manifesta nas crianças, não mais do que o fez na humanidade nascente. Sua presença só se pode verdadeiramente fazer sentida quando a alma, a mente e o cérebro estejam alinhados e coordenados. Lampejos de percepção e visão quando vistos nos jovens são, frequentemente, a reação de seu muito sensível mecanismo de resposta a ideias grupais e aos pensamentos dominantes de seu tempo e idade, ou alguém de seu ambiente.

Tratarei, agora, resumidamente, dos pontos levantados concernentes à atitude do professor, particularmente em relação aos aspirantes adultos.

O verdadeiro instrutor precisa tratar todos os buscadores com sinceridade e verdade. Seu tempo (tanto quanto é retido pela equação tempo no plano físico) é valioso demais para ser desperdiçado com gentilezas sociais ou abster-se de fazer comentários onde críticas serviriam a um bom propósito. Ele terá que se apoiar inteiramente na sinceridade daqueles a quem orienta. Entretanto, nem sempre a crítica e o apontar enganos e erros se mostram úteis; poderá apenas aumentar a responsabilidade, despertar antagonismos ou descrédito, ou levar à depressão – três dos mais indesejáveis resultados do uso da capacidade de crítica.

Estimulando seu interesse, conseguindo uma síntese subjetiva no grupo que está instruindo e avivando a flama de sua aspiração espiritual, o grupo poderá chegar à discriminação correta quanto à sua qualidade e necessidades comuns e assim tornará desnecessária a atitude usual do instrutor em apontar erros.

Os que estão no raio da instrução aprenderão a ensinar, ensinando. Não há método mais certo, desde que acompanhado por um profundo amor, pessoal mas ao mesmo tempo impessoal, aos que serão ensinados. Acima de tudo, prescrever-lhes-ia o inculcar do espírito grupal, pois essa é a primeira expressão do verdadeiro amor. Destaco apenas dois pontos:

Em primeiro lugar, ao ensinar crianças até os quatorze anos é necessário ter em mente que elas estão focalizadas nas emoções. Elas precisam sentir, e sentir com exatidão, a beleza, a força e a sabedoria. Não se deve exigir que racionalizem antes disso, mesmo que mostrem evidência em poder fazê-lo. Depois dos quatorze anos, e durante a adolescência, sua resposta mental à verdade deverá ser persuadida e estimulada, para tratarem dos problemas que se apresentem. Mesmo que não esteja presente, um esforço deveria ser feito para despertá-la.

Em segundo lugar, uma tentativa deve ser feita para avaliar-se o lugar da criança na escada da evolução através de um estudo dos seus antecedentes, de seu equipamento físico, da natureza de seu mecanismo de resposta com suas variadas reações, e seus principais interesses. Essa averiguação estabelece uma conexão subjetiva com a criança, muito mais potente no seu resultado do que conseguiriam meses de palavras exaustivamente utilizadas no esforço de se transmitir uma ideia.

Teorias, Métodos e Metas


É essencial que ao começarmos nosso trabalho, esteja ele baseado no que há hoje em existência. A natureza trabalha sem vazios e assim é, mesmo quando (do ponto de vista da ciência acadêmica) haja um hiato aparente entre os fatos e as espécies conhecidas. Em períodos transitórios algumas das formas intermediárias desapareceram e o espaço vazio parece estar ali. Mas, na verdade, não é assim. Não descobrimos ainda tudo o que há a ser encontrado no mundo da aparência fenomênica. Estamos atravessando nesta época um dos grandes períodos naturais de transição. Estamos estabelecendo o alicerce para o aparecimento de uma nova espécie de ser humano – uma unidade mais altamente evoluída dentro da família humana – daí muitos dos nossos problemas e muito do fracasso atual em satisfazer as exigências da raça e avaliar a carência humana pelo desenvolvimento.

Temos, no mundo, uma teoria geral quanto à educação, e certos métodos básicos são universalmente empregados. Os países variam grandemente na aplicação de métodos, e os sistemas diferem consideravelmente. Todos, entretanto, ensinam estas mesmas coisas fundamentais: ensinam os jovens do país a ler e a escrever e a obter uma medida razoável de habilidade para calcular através da aritmética elementar. Estes três são curiosamente simbólicos do completo desenvolvimento evolutivo da humanidade.

A leitura tem a ver com o revestir ideias com a forma e está relacionada ao primeiro passo no processo criativo, no qual a Deidade governada ou impelida por uma ideia (corporificando o propósito ou plano de Deus), converteu aquela ideia em substância desejada e revestiu-a com a necessária aparência externa. A escrita simboliza o método através do qual o processo é levado avante, mas, claro, é muito mais pessoal nas suas implicações. A leitura está essencialmente relacionada à percepção de alguma espécie de ideia revestida, enquanto que a escrita, por estranho que pareça, está ligada à própria relação consciente de um indivíduo às ideias, e o uso que faz das palavras, ao escrever, será a medida da compreensão que ele possa ter dessas ideias universais. A aritmética (e o poder de somar, subtrair e multiplicar) está também relacionada com o processo criativo e diz respeito à elaboração dessas formas no plano físico – que produzirão a ideia adequada e trá-la-ão à manifestação.

A visão deve ser considerada como relacionada aos níveis superiores no plano mental, onde a ideia pode ser sentida e vista. Escrever tem uma relação mais definida com os níveis concretos do plano mental e com a capacidade do homem em trazer à luz e expressar essas ideias visualizadas em sua forma particular. A aritmética tem determinada relação com os aspectos subsequentes do processo e com o aparecimento da ideia em alguma forma correlata no plano físico. A visualização do pensamento-forma é um processo que deve ser obtido através da apropriação de tanta energia pela ideia quanto necessário para torná-la efetiva ou “aparente” (falando esotericamente). Disto o simbolismo da aritmética é a expressão.

De outro ângulo, o homem lê o seu destino nos céus e o escreve em sua vida na terra; ele reduz, consciente ou inconscientemente, a ideia de sua alma à forma devida e apropriada, de modo a que cada vida some, subtraia e multiplique, até que a soma de cada experiência da alma esteja completa. Assim, simbolicamente, as três ideias básicas são mantidas na educação elementar, apesar de seu verdadeiro significado estar divorciado da realidade e a real significação estar inteiramente perdida. Tudo o que, todavia, temos emergindo, vagarosa e precisamente, por intermédio da educação mundial, é construído sobre este despercebido sustentáculo. A necessidade fundamental com que hoje se defronta o mundo educacional é a de se relacionar o processo de desenvolvimento da mentalidade humana até o mundo do significado e não ao mundo do fenômeno objetivo. Até que o alvo da educação seja orientar um homem para o seu mundo interior de realidades, teremos a mal colocada ênfase do tempo presente. Até que possamos chegar, em nossos objetivos educacionais, ao preenchimento da lacuna entre os três aspectos inferiores do homem e a alma (uma ponte que deve ter lugar nos níveis mentais de consciência), não faremos senão pouco progresso na direção certa, e todas as atividades do ínterim serão inadequadas à necessidade moderna. Até que a mente superior seja reconhecida e o lugar que a mente concreta inferior deve preencher como servidora da superior seja igualmente reconhecido, teremos o superdesenvolvimento da faculdade materializante concreta – com sua aptidão para memorizar, correlacionar fatos e produzir aquilo que irá de encontro ao desejo inferior do homem – mas ainda não teremos uma humanidade, capaz de pensar verdadeiramente. Por enquanto, a mente reflete a natureza inferior do desejo e não se esforça para perceber o superior.

Quando o método correto de treinamento for estabelecido, a mente se desenvolverá num refletor ou agente da alma e, tão sensibilizada ao mundo dos valores verdadeiros que a natureza inferior – emocional, mental e física ou vital – tornar-se-á simplesmente o servidor automático da alma. A alma, então, funcionará na terra por intermédio da mente, controlando dessa maneira seu instrumento, a mente inferior. Ao mesmo tempo, a mente permanecerá o registrador e o refletor de toda informação vinda do mundo dos sentidos, do corpo emocional, e registrará, também, os pensamentos e as ideias correntes em seu ambiente. No presente, infeliz verdade, a mente treinada é considerada como a expressão mais alta da qual a humanidade é capaz; é vista inteiramente como uma personalidade, e a possibilidade de haver algo que possa usar a mente do mesmo modo que esta, por sua vez, usa o cérebro físico, é desdenhada.

Uma das coisas que procuraremos fazer será o aprender a relação do mundo do significado com o mundo da expressão; estudar a técnica pela qual este mundo da qualidade (que se expressa através do mundo do significado) pode ser penetrado e compreendido pela consciência integrada do ser humano inteligente.

Poderá ser útil aqui esclarecer o uso, que faço, das palavras eu superior. Como sabem, a alma é um aspecto da energia divina no tempo e no espaço. É-nos dito que o Logos Solar circunscreveu para Seu uso e em cumprimento ao Seu desejo, uma certa medida da substância do espaço e deu-lhe forma com Sua vida e consciência. Ele o fez para Seus bons propósitos e em conformidade com Seu plano e intento autopercebidos. Assim, Ele se limitou. A mônada humana seguiu o mesmo processo e – em tempo e espaço – limitou-se de maneira semelhante. No plano físico e no corpo físico, esta entidade fenomênica e transitória controla seu aparecimento fenomênico através dos dois aspectos da vida e da consciência. O princípio vida – o fluxo da energia divina através de todas as formas – é centrado temporariamente no coração, enquanto o princípio consciente, a alma de todas as coisas, está localizado (temporariamente, enquanto diga respeito à natureza forma de uma unidade particular humana) no cérebro. Uma vez mais, como sabem, o princípio vida controla o mecanismo por meio da corrente sanguínea, pois o sangue é vida, e usa o coração como seu órgão central; enquanto o princípio consciência usa o sistema nervoso como seu instrumento, com as intrincadas extensões do órgão da sensibilidade, a medula.

O objetivo da educação deveria ser, pois, o treinamento do mecanismo de resposta à vida da alma. O Eu superior, ou Alma, é a soma total da consciência da Mônada, novamente no tempo e espaço. O eu inferior ou alma é, para nossos fins, o tanto daquela soma total que qualquer pessoa, em qualquer vida, possa usar e expressar. Essa atividade está sujeita ao tipo e qualidade da natureza do corpo, ao mecanismo produzido pela atividade da alma em outras vidas, e ao efeito da reação às condições do ambiente. O aumento do despertar da consciência, o aprofundamento do fluxo da consciência, e o desenvolvimento de uma continuidade interior da consciência, além da evocação dos atributos e aspectos da alma no plano físico por meio de seu tríplice mecanismo, constituem o objetivo de toda educação. Esses aspectos são, como bem sabem:

1 – Vontade ou propósito. Isso, através da educação, deveria ser desenvolvido ao ponto de a vida manifestada ser governada pelo propósito consciente espiritual, e a tendência da vida ser corretamente orientada na direção da realidade.

A direção certa da vontade deveria ser uma das maiores preocupações de todos os verdadeiros educadores. A vontade para o bem, a vontade para a beleza e a vontade para servir deveriam ser cultivadas.

2 – Amor-sabedoria. Este é essencialmente o desabrochar da consciência do todo. Chamamo-la consciência grupal. Seu primeiro desenvolvimento é a autoconscientização, que é a percepção, pela alma, de que (nos três mundos da evolução humana) o homem é Três em Um e Um em Três. Ele pode, então, reagir aos grupos associados de vidas que constituem sua própria pequena aparência fenomênica; a autoconscientização é, portanto, um estágio em direção à consciência grupal e é a consciência do Imediato.

Por meio da educação esta autoconscientização deve ser desenvolvida até que o homem reconheça que sua consciência é parte integrante de um todo maior. Ele, então, se mescla com os interesses, as atividades e os objetivos grupais. Tornam-se finalmente seus e ele se torna consciente do grupo. Isto é amor. Leva à sabedoria, que é amor em atividade manifestada. O interesse pessoal torna-se interesse grupal. Tal deveria ser o principal objetivo de todo verdadeiro esforço educacional. O amor ao ego (autoconsciência), o amor aos que estão à nossa volta (consciência grupal), torna-se, finalmente, amor ao todo (consciência de Deus). Tais são os passos.

3 – Inteligência Ativa. Isto diz respeito ao desenvolvimento da natureza criativa do homem consciente, espiritual. Ela ocorre pelo correto uso da mente, com seu poder para intuir ideias, para responder a impactos, para interpretar, analisar e construir formas para revelação. Assim a alma do homem cria. Este processo criativo pode ser descrito, no que concerne a seus passos, como segue:

a) A alma cria seu corpo físico, sua aparência fenomênica, sua forma exterior.

b) A alma cria, no tempo e no espaço, de acordo com seus desejos. Dessa maneira, o segundo mundo de coisas fenomênicas vem à existência e nossa moderna civilização é o resultado desta atividade criativa da natureza desejo da alma, limitada pela forma. Ponderem sobre isso.

c) A alma cria pela ação direta da mente inferior, daí o aparecimento do mundo de símbolos que preenchem nossas vidas unidas com interesses, conceitos, ideias e beleza, pela palavra escrita, pela palavra falada e as artes criativas. Estes são os produtos do pensamento dos pensadores da raça.

A correta direção desta tendência já desenvolvida é a meta de toda educação verdadeira. A natureza das ideias, a maneira de as intuir, e as leis que deveriam governar todo trabalho criativo são seu intento e objetivos. Assim chegamos ao mundo dos atributos que suplementam a atividade dos três aspectos, do mesmo modo que os três raios maiores são realçados pelo trabalho dos quatro raios menores. Esses quatro desenvolvimentos atributivos no homem, por meio da atividade da alma em manifestação, são:

4 – O atributo da harmonia, produzida através do conflito. Isto conduz à libertação e ao poder final de criar. Este é um dos atributos com os quais a educação deveria lidar do ângulo da intuição e que deveria sustentar ante seus expoentes, como objetivo tanto da personalidade quanto do grupo. É o atributo latente em todas as formas e é aquela solicitação inata ou descontentamento que leva o homem a lutar, a progredir e evoluir, a fim de, finalmente, estabelecer sintonia e união com sua alma. É o aspecto mais inferior daquela tríade superior espiritual e monádica, que se reflete na alma. É a consciência da harmonia e a beleza que impulsiona a unidade humana ao longo do caminho da evolução, até o consequente retorno à sua Fonte emanante.

A educação deveria trabalhar, portanto, com essa insatisfação e interpretá-la para os que são ensinados, para que se possam entender uns aos outros e trabalhar inteligentemente.

5 – O atributo do conhecimento concreto, pelo qual o homem é capaz de concretizar seus conceitos e assim construir pensamentos-forma por onde materializar suas visões e seus sonhos e trazer suas ideias à existência. Isso ele faz através da atividade da mente concreta inferior.

O verdadeiro trabalho da educação é treinar o homem inferior na discriminação correta e na verdadeira sensibilidade para a visão, de maneira que ele possa construir fielmente segundo o propósito de sua alma e produzir na terra o que será sua contribuição para o todo. É precisamente aqui que o trabalho da educação moderna deve começar. O homem ainda não pode trabalhar com inteligência no mundo das ideias e dos modelos; ele ainda não é sensível aos verdadeiros valores espirituais. Essa é a meta do discípulo, mesmo que as massas não possam, todavia, funcionar nesses níveis. A primeira coisa que precisa ser feita é treinar a criança no uso correto da faculdade discriminatória e no poder da escolha e do objetivo dirigido. Ela deve ser levada a uma compreensão mais exata do propósito fundamental da existência e conduzida ao trabalho com sabedoria no campo da atividade criativa, o que significa, em última análise, no adequado uso da substância mental (a chitta de Patânjali). Assim, e somente assim, pode ser libertada do controle de sua natureza inferior.

6 – O atributo da devoção é o seguinte a ser considerado. A devoção cresce a partir (e é o fruto) da insatisfação, mais o uso da faculdade de escolha. De acordo com a profundeza do descontentamento de um homem e do seu poder de ver claramente, ele passa de um ponto de satisfação temporária a outro, demonstrando cada vez sua devoção a um desejo, a uma personalidade, a um ideal e a uma visão, até que, finalmente, ele se unifique com o ideal que representa a mais alta possibilidade para o homem. Este é, primeiramente, a alma; e depois a Superalma ou Deus.

Os educadores se deparam, pois, com a oportunidade de lidar, inteligentemente, com o idealismo inato, a ser encontrado em qualquer criança, e com a interessante tarefa de guiar o jovem do mundo a prosseguir de uma meta realizada à outra. Mas isto deverão eles fazer no futuro, do ângulo do objetivo final da alma e não, como no passado, do ângulo de um critério particular da educação nacional. Esse é um ponto importante, pois marcará a mudança da atenção do não essencial para o essencial.

7 – Finalmente, o atributo da ordem e a imposição de um ritmo estabelecidos através do desenvolvimento da faculdade inata de funcionamento sob objetivos e rituais dirigidos. Este particular atributo de divindade está agora superiormente desenvolvido em um aspecto, de maneira que temos hoje muita padronização da humanidade e a imposição autocrática de um ritmo ritualístico sobre a vida pública num grande número de países. Pode ser visto à perfeição na vida de nossas escolas públicas – mas é uma perfeição indesejável. Isso se deve, em parte, ao reconhecimento de que a unidade, ou o indivíduo, é apenas uma parte de um todo maior (reconhecimento muito necessário) e uma parte do desenvolvimento evolutivo da raça. Devido, entretanto, à nossa aplicação defeituosa de qualquer verdade nova, significa por enquanto a imersão daquela unidade no grupo, deixando-lhe pouca oportunidade para o livre desempenho da vontade, da inteligência, do propósito e da técnica da alma individual. Os educadores terão que trabalhar com este princípio do atributo inato e este instinto para o ritmo ordenado, tornando-o mais criativamente construtivo, assim provendo, por seu intermédio, um campo para o desenvolvimento dos poderes da mente.

Fonte: http://portaldosanjos.ning.com/group/mestredjwalkul/forum/topics/visao-cosmica-da-educacao-4

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