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terça-feira, 26 de julho de 2011

Crianças Índigo: Evolução, Desajuste e Acomodação


Yolanda León Ruiz

Contando somente com um pouco de atenção, observação crítica e fazendo um atalho pela teoria de Darwin, poderemos perceber que a evolução do homem não parou quando chegou a Homo Sapiens. E é assim que tem mostrado a ciência. O homem como espécie se mantêm em uma constante evolução, e assim como seu organismo muda, suas funções mudam, e em uníssono suas faculdades mentais se transformam e sua “consciência” se eleva.
Analisemos um pouco esta conclusão bem sucedida, ao interatuar com crianças e jovens sem e com patologia da Fala e da Linguagem, sem e com rendimentos intelectuais altos à medianos até hoje aprovado. Ao sermos, os humanos, um organismo bioquímico em evolução permanente, é vital para nosso desenvolvimento mental, espiritual e social ter claro e presente que um novo estado orgânico necessariamente produz um desequilíbrio que se mantêm até que se dá uma acomodação no organismo para que funcione harmoniosamente de novo.
Bem, o que é que está acontecendo agora? Por que antes a gente não era assim? São perguntas obrigatórias que me formulam. Pois bem, já disseram vários “observadores da vida” e de diferente profissão: as mudanças “geracionais” acontecem agora num período mais curto, portanto, são mais observáveis. Só que elas se referiam a mudanças de conduta, sociais. A diferença hoje é que temos que ver-nos dentro de sustentáculo bioquímico em evolução. E mais alem, com uma consciência espiritual.
Aos estudantes de Fonoaudiologia, de Educação Especial e Regular é proposto que assumam a profissão no âmbito da neurociência cognitiva. Só assim poderão encontrar as bases de sustentação de nossas funções comunicativas e de cognição. Conhecer e entender os processos que acontecem conosco, é a porta para o acesso a uma mudança de paradigma; mudança necessária para a qualidade de vida de nossas crianças.
Essa mudança de paradigma se refere a como enfrentamos a “patologia” que apresenta esta ou aquela criança que chega a nossa consulta:

- Primeira mudança: não é uma patologia, é a manifestação de uma desordem bioquímica em qualquer esfera.
- Segunda mudança: não nos enfrentamos. Estamos frente a uma pessoa de determinada idade com quem estabeleceremos uma interação.
- Terceira mudança: não permitir-nos atuar sob o chamado “efecto pañete”[1].

Como profissional de Comunicação Humana e de suas desordens, as crianças que são levadas a minha consulta, apresentam uma “alteração” nesta esfera, seja de ordem expressiva e/ou compreensiva com ou sem alteração das demais funções cerebrais superiores, as mais frequentes são na esfera recorrentes de aprendizagem: atenção, concentração, motivação e memória.
É aqui onde é importante esclarecer que há muitas manifestações de desordem comunicativa e que podem influenciar na aprendizagem que se apresentam em crianças, tanto de baixo rendimento intelectual como de alto rendimento, como parte de um quadro sério facilmente detectado ou não. Isso é o que vemos e aqui é onde entra o “efeito pañete”, que não é outra coisa que uma analogia para poder explicar o que acontece.

E tenho observado que, nas crianças com um alto rendimento intelectual, há uma tendência marcada a confundí-los do ponto de vista psicológico, com crianças de baixo rendimento, pelas características comunicativas que possam apresentar alteradas, assim como as cognitivas e que depois afetam a harmonia emocional.
Porem, alguém pode dizer: “ah, mas é uma criança superdotada (eu prefiro falar de alto rendimento) não apresenta nenhuma alteração!” esta pessoa poderia ter razão a partir de seu paradigma de que uma prova psicológica é infalível. Lembrem que estamos em permanente evolução. Portanto, temos que ser conseqüentes, algo que tenho observado ser muito difícil para a maioria de nós.
Sob o princípio de que mudamos, não acreditam vocês que os testes existentes há várias décadas, realizados com uma população, para ser aplicado a outra população com a mesma ou outra cultura, com experiências de vida diferentes, com mudanças bioquímicas diferentes, produzirão resultados diferentes apesar da padronização? Por outro lado, o comportamento social, baseado em estilos de comunicação distintos, também é diferente para cada pessoa.
Convido a precaução na utilização de testes psicológicos, especialmente nas escalas “madurativas” com as quais se conta e enquadra a cada pessoa.

Quando vocês vêem um edifício, se há algo que para vocês é interessante, o notam, se não, este edifício passa despercebido. Imaginem que no caminho para sua casa – sempre pela mesma rota- exista esse edifício. De repente, um dia vêem uma fenda no terceiro andar, e vocês o observam. ‘Ah, o edifício esta rachado!’ Muitos dirão o mesmo. No entanto, alguém comentará, “olha, mas tem um terraço com uma jardineira cheia de flores lindas, e não havia notado”.
Bem, o dono do edifício manda rebocar de novo e assunto resolvido. Porem, várias semanas depois, você nota que a fenda voltou a aparecer e desta vez esta maior e com certeza dias depois já esta reparada novamente. Porem, pela terceira vez aparece a fenda e desta vez chega até o quarto andar, então o dono do edifício chama um arquiteto e o consulta, assim o dono do edifício fica sabendo que o problema não era a fenda, mas sim uma viga da estrutura que estava desalinhada.
Nós somos este edifício, e é muito fácil notar as “imperfeições”, mas um pouco difícil notar as “flores”. As crianças serão levadas por seus pais a profissionais iguais a mim para consultas, e estarão muito preocupados com a “fenda” que eles viram ou que a professora viu e ninguém notará a riqueza que elas são e que elas desenvolveram. Assim, quando os pais trazem as crianças para consultar, dentro do protocolo está o perguntar por “suas flores” e na abordagem terapêutica, não começar pelo rebocar, mas por rever a “estrutura”, e assim como o dono do edifício chama a um arquiteto, se for necessário eu consulto um neurologista ou o profissional que considere pertinente.
Nossa estrutura não é outra que nosso Sistema Nervoso Central e Periférico, onde as vigas de sustentação estão formadas por nosso sistema sensoperceptivo e a rede de ligação forma a Modulação Cerebral ou Integração Sensoperceptiva. Dito de outra maneira, todo nosso sistema senso perceptivo transporta toda a informação sobre nós e do mundo que nos rodeia e é, através da modulação cerebral, que esta informação se integra para operarmos e darmos respostas físicas, mentais e cognitivas. Fazer caso omisso disso é atuar sob o “efecto pañete”.
Outro ponto para ter em conta é a concepção da linguagem como a resultante da assimilação e acomodação desses processos emoldurados num ambiente apropriado e com a estimulação adequada.
 Por fim, mas não menos importante, nesse desenvolvimento no qual estamos imersos parece haver uma grande tendência


Finalmente, este desenvolvimento em que operamos parece ter uma grande tendência para desenvolver ainda mais o hemisfério cerebral direito, abrindo o caminho para a manifestação das suas características inerentes e dando um tempo de espera para que as do esquerdo se ocorram. Isso é o que tenho observado ao longo dos últimos vinte anos e estou a me referir as crianças com um alto amadurecimento. Eles apresentaram dificuldades de ordem expressiva, acompanhada de um alto nível nas provas de Desenvolvimento do Pensamento.
Em alguns, contrastava a informação da psicologia em que se reportavam tanto limítrofes ou difíceis para aprender, ou com déficit de atenção com ou sem hiperatividade ou hiperativo. A abordagem terapêutica o encaminhava ao autoconhecimento através do desenvolvimento psicomotor, dos pontos fortes no desenvolvimento do pensamento, de sua expressão lúdica e escutando suas preferências, as que realmente continham o processo de restabelecimento de suas funções. Por outro lado, as crianças que estavam medicadas, pouco conseguiam: tomavam mais tempo e era mais complexo o restabelecer sua autoestima.
Há cinco anos venho utilizando o computador como ferramenta motivacional com os programas Samira Software realizados por um colega e pensados para conseguir que a criança fixe sua atenção, se concentre e fique motivado. Assim consegue-se aceder ao desenvolvimento cognitivo completando os diferentes programas que se apresentam. Isto, unido ao exercício para a integração neurosensorial, tem permitido que as crianças consigam seu equilíbrio em menor tempo.
Neste momento contamos com três conceitos inestimáveis: a teoria das Inteligências Múltiplas, que a esta altura, com cada vez mais comprovação, está deixando de ser teoria; com o conceito de Inteligência Emocional e por último e não menos importante, o Conceito Índigo.
Atualmente, unidos estes conceitos a algumas avaliações que considero válidas neste momento para poder atuar na pratica, é como obtenho uma direção, das várias que devem existir para poder mostrar uma via as crianças e assim possam seguir se desenvolvendo.
Sendo muito cautelosa com as provas, existem duas delas que tem me orientado bastante. Uma é CTONI que avalia a inteligência não verbal e que em sua realização não media a palavra, mas sim o gesto e que alem do mais permite conhecer as potencialidades em diferentes áreas, que por sua vez potencializam outras. Com este resultado compatível com o WISC, obtenho uma informação mais certeira sobre a capacidade intelectual, especialmente se a esfera da linguagem está comprometida.
Trago esta resenha para registro porque em uma análise retrospectiva destes casos, as características Índigo foram frequentes. E compartilhar este caminho pode fazer com que vários colegas mudem seu paradigma. Foi só a partir de janeiro de 2001 que consegui entender quem eram as crianças que compareceram para minha consulta. Nesse momento compreendi o que estava acontecendo.  Lendo o livro As Crianças Índigo, de L. Carrol e J. Tober, onde os casos relatados não eram novos para mim, nem suas características e, agradavelmente, vi como a abordagem havia sido muito similar. Desafortunadamente não houve registros de fatos anteriores aos casos apresentados, mas eu me atrevo a acreditar, pelas crianças que tenho observado que isto já se apresentava anteriormente as datas mencionadas.
O desenvolvimento espiritual e a consciência de si mesmo estavam explicados ali. Tudo agora parece muito mais fácil de aceitar. As crianças que apresentam características Índigo são donos conscientes de seu próprio processo de desenvolvimento e aprendizagem e se lhes torna mais fácil quando conseguem ter confiança em si mesmo e superar as dificuldades que se apresentam. Porque uma criança Índigo não está isenta de apresentar imaturidade na modulação sensorial, pelo contrário, tenho observado que à nível do lóbulo há mais dificuldade. Não pude comprová-lo com um mapeamento porque no Equador até a presente data, não encontrei um neurologista que o tenha realizado; apliquei o protocolo Teste Neuropsicológico de Muria, versão espanhola para crianças. A maturação e integração de suas funções era mais lenta e as crianças apresentavam algum atraso na fala e/ou na sua escrita e em seu desenvolvimento motor fino.
Nem escapam a este desenvolvimento, crianças com déficit sensorial. Houve dois caso de crianças hipoacústicas severas que gostaria de destacar. A primeira, uma menina, chegou para minha consulta aos quatro anos de idade, diagnosticada tardiamente, em que lhe adaptaram aparelho auditivo e tão somente em cinco meses desenvolveu a sua linguagem verbal oral, sem dislalias, a exceção do /s/ final que espontaneamente não produz, mas que ao fazer-lhe perceber, corrige; com uma gramática e uma competência lingüística igual à de uma audição normal de sua idade; completados os cinco anos ela foi apresentada a uma instituição educativa bilíngüe espanhol-alemão, para iniciar sua escolaridade e até esta data não apresentou nenhum tipo de dificuldade. Ao aplicar-lhe aos cinco anos de idade o CTONI, obteve recordes superiores a sua idade e um detalhe importante, que não pude confirmar, é que aparentava ler meu pensamento, porque quando parecia que ia errar, eu pensava “olhe bem”, ela sorria e indicava a resposta certa. Isto aconteceu quatro vezes, não pensei mais assim e não a olhei nos olhos ate terminar a prova, ela somente sorria, me olhava e assinalava a resposta.
O outro é um menino que chegou para consulta quando tinha onze anos, sua mãe medica, amorosa e intuitiva lhe ensinou a falar. O que inicialmente vi foi a necessidade de melhorar sua gramática. Era muito observador, inquisidor em seu olhar, e de antemão parecia saber o que ia ser pedido que realizasse. Sua expressão verbal era a que utilizaria uma criança culta de origem britânica que estivera aprendendo espanhol. Seu comportamento era assim mesmo e seu gosto por vestir me fazia lembrar os filmes onde aparecem crianças internas, em uma grande escola inglesa dos anos 30 ou 40. Um dia explodiu sua agressividade contra sua mãe, que assistia às sessões de terapia para dar-lhe confiança. Quando conseguiu acalmar-se depois de chorar, com grande frustração falou de como era difícil para ele estar em uma escola com crianças especiais.
A realidade equatoriana em Guayaquil é bem assim. Há uma escola para crianças surdas, porem o método de comunicação é manual, esta criança havia desenvolvido a linguagem oral e uma escola regular não tinha os professores compreensivos que ele necessitava, assim, sua alternativa era a escola em que estudava. Apliquei-lhe o CTONI e as respostas foram muito alentadoras, obteve pontuações elevadas para sua idade. Apresentou durante a prova as mesmas características da menina a quem me referi antes. O programa terapêutico retomou todos os passos para uma integração neurosensorial e de autoestima, dentro do enfoque de Inteligências Múltiplas. Sugeri aos pais tentar uma escola regular, e, superados os temores, encontramos uma. Hoje é um menino tranquilo, com apoio pedagógico em casa, com amigos e crescendo como lhe corresponde.
Não vejo a aura, não sei com toda certeza se são ou não Índigo, mas que têm muitas características das que foram descritas. O que sei é que tanto eles como outra criança de cinco anos, diagnosticado como ADD e que ia ao consultório somente para que “jogássemos para a nuvem” –terapia Reiki na realidade- ou para realizar um “jogo” no computador, conseguiu harmonizar-se igual aos outros, sem outro compromisso alem que o de inquietude motora, grande curiosidade e habilidades extra-sensórias.
Tratar intuitivamente com eles, tem sido o recomendado. Eu lhes proponho fazer uma boa equipe amistosa, respeitosa e profissional com os professores e família das crianças que hoje nos estão mostrando que somos mais, que põem a prova nossas capacidades e que nos brindam este único e maravilhoso momento de compartilhar a grandeza da vida neste ponto de transição, onde o que tão somente nos é pedido é compreender, aceitar e não obstaculizar o desenvolvimento da humanidade.
Em uma oficina em Cuenca, no Equador, pela Fundação INDI-GO, apresentei um paralelo entre as inteligências múltiplas e as diferentes manifestações das crianças Índigo e é surpreendente como coincidem. Nessa mesma oficina, com Noemi Paymal agregamos uma nova coluna abordando as destrezas pedagógicas que sugerimos ter em conta.
 Em resumo, tenho localizado que há muitas crianças neste processo de mudança evolutiva e como disse no começo, o desequilíbrio que produz este novo desenvolvimento se manifesta em dificuldades de integração neurosensorial, nos precorrentes de aprendizagem e na expressão oral e/ou escrita da linguagem. Todos eles suscetíveis de madurar. Poderão ter uma capacidade de entendimento como a mostra o maior, porem seguem sendo crianças, necessitadas de compreensão e orientação e de uma formação em valores que lhes permita adaptar-se a este mundo em mudança. Seu desenvolvimento moral é mais rápido do que foi o nosso, assim se os pais, professores e terapeutas revisam as notas de Piaget, Kolber e Camin sobre o desenvolvimento da moral poderão compreender que assim como os paradigmas educativos devem mudar, nossa conduta e a maneira de interagir com eles também deve.
As crianças requerem de firmeza e de segurança da nossa parte, e depois de flexibilidade. Se formos suficientemente observadores, veremos que eles nos indicam do que necessitam e em quê os podemos ajudar. Não sejam temerosos em solicitar ao médico que os acompanham sobre os medicamentos que o menino ou a menina sob sua responsabilidade (pais, professores, terapeutas) esteja tomando. Se tiveres alguma dúvida escreva ao laboratório fabricante e solicita-lhes o estudo realizado para colocar o medicamento em questão no mercado. Assim fiz eu sobre a Ritalina, e de uma forma muito respeitosa e profissional, com os médicos neurologistas de alguns de meus pacientes, temos feito um estudo em cada caso para determinar quando é necessário e quando não usá-la. Sem dúvida, uma dieta natural, exercícios, esporte e assumir responsabilidades de acordo a suas capacidades têm sido um valioso apoio para as crianças e suas famílias.

Fonte: Consciência Índigo: Futuro presente
Tradução: sandraferris@globo.com





[1] N.T. Não considerar o problema em sua verdadeira magnitude, subtraindo-lhe importância ou dirfarçando-o.

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