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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Visão Cósmica da Educação - Parte Final


Inicialmente, dois pontos nortearão a nossa atenção:

1 – A Técnica da Educação do Futuro.

2 – A Ciência do Antakarana.
Esta se refere ao modo de vencer o vazio que existe na consciência do homem entre o mundo da experiência humana comum, o mundo tridimensional da atividade física-emocional-mental, e os níveis superiores do chamado desenvolvimento espiritual, que é o mundo das idéias, da percepção intuitiva, da visão e compreensão espiritual.

I – A educação, até o presente, tem-se ocupado com a arte de sintetizar a história do passado, com a realização do passado em todos os departamentos do pensamento humano, e no conseguir registrar o conhecimento humano. Lida com aquelas formas de ciência das quais evoluiu o passado. E, primordialmente, uma visão retrospectiva e não uma visão prospectiva. Entretanto há muitas e notáveis exceções em tal atitude.

Divaguei até aqui com o escopo de infundir algumas das ideias básicas que deverão fundamentar as tendências educacionais. Estes pensamentos, reunidos àqueles já dados, constituem uma afirmação dos objetivos ante os educadores do mundo que julgarem merecedores de consideração. Anteriormente sugeri a meta. Agora uno aquela meta às possibilidades, uma vez que me referi aqui ao equipamento (aspectos e atributos) encontrado, em algum estágio do desenvolvimento, em todo ser humano. É com essas características e instintos que os futuros sistemas educacionais precisarão trabalhar. Não deverão trabalhar, como hoje o fazem, com o equipamento do cérebro e com os aspectos inferiores da mente; nem deverão pôr ênfase no esforço para imprimir, naquele cérebro e naquela mente, os assim chamados fatos do processo evolutivo e da investigação do plano físico.

Os comentários acima servirão para mostrar-lhes que o verdadeiro educador deveria estar trabalhando com energias num mundo de energia; que estas energias são magnetizadas e qualificadas por atributos divinos característicos, e que cada ser humano pode, portanto, ser considerado um agregado de energias, dominadas por algum tipo particular de energia que serve para torná-lo distinto entre seus companheiros, e que produz as diferenças entre os seres humanos. Se é verdade que há sete tipos principais de energia qualificando todas as formas, e essas, por sua vez, são subdivididas em quarenta e nove tipos de energia qualificada, a complexidade do problema emerge nitidamente. Se é verdade que todas essas energias distintas agem constantemente sobre a energia-substância (espírito-matéria), produzindo “as miríades de formas que caracterizam a forma de Deus” (Bhagavad Gita, XI), e que cada criança é a representação microcósmica (em algum estágio do desenvolvimento) do Macrocosmo, a magnitude do problema se torna evidente, e a dimensão da exigência do nosso serviço revelará, no mais alto grau, os poderes que qualquer ser humano pode expressar a um dado momento no tempo e no espaço.

Devem ter notado que estas palavras no tempo e no espaço têm aparecido repetidamente nestes ensinamentos. Por que isso? Porque é preciso ser constantemente lembrado que estamos vivendo no mundo da ilusão – uma ilusão temporária e transitória, que desaparecerá algum dia, levando consigo a ilusão da aparência, a ilusão do desenvolvimento evolutivo, a ilusão da separatividade e a ilusão da identidade distintiva – aquela ilusão que nos faz dizer eu sou. O educador do futuro iniciará seu serviço à criança pelo reconhecimento desta efêmera e transitória noção errônea da alma e lidará primordialmente com o aspecto mente, e não tanto com a imposição do conhecimento organizado revelado, relativo à existência fenomenológica, tal como a memória da criança é capaz de aprender. Como lhes poderia ilustrar, de maneira mais simples, esta mudança? Talvez destacando que, enquanto pais e tutores da criança desperdiçam muito tempo respondendo ou evitando indagações propostas pela consciência desperta da criança, tempo virá em que a situação se inverterá. Os pais irão ao encontro das exigências da inteligência incipiente da criança, através da constante indagação à criança: Por quê? Por que você pergunta isso? Por que á assim? – e desse modo sempre jogando sobre a criança a responsabilidade das respostas às perguntas, enquanto ao mesmo tempo, sutilmente, deixem a solução cair na mente da criança.

Este processo começará no quinto ano da vida da criança; a inteligência indagadora (que é a própria criança) será sempre forçada pelo professor à posição de busca interior, não à exigência exterior para uma resposta que pode ser memorizada e que se baseia na autoridade da pessoa mais velha. Se isto ainda lhes parece impossível, lembrem-se de que as crianças que virão, ou tiverem vindo à encarnação, normal e naturalmente responderão a esta evocação do elemento mental.

Uma das principais funções daqueles que treinam as mentes infantis da humanidade será determinar, o mais cedo possível na vida, qual das sete energias determinantes estará controlando em cada caso. A técnica a ser aplicada mais tarde será então construída sobre esta importante decisão inicial – daí, novamente, a crescente responsabilidade do educador. A nota e a qualidade de uma criança serão determinadas precocemente, e todo o seu treinamento planificado se desenvolverá a partir deste reconhecimento básico. Isto não é ainda possível, mas brevemente o será, quando a qualidade e a natureza do corpo etérico de qualquer indivíduo puder ser cientificamente descoberta. Esse desenvolvimento não está tão distante como se poderia supor ou antecipar.

O objetivo agora é lidar com a necessidade mais universal e mais imediata de preencher a lacuna entre os diferentes aspectos do eu inferior, a fim de que uma personalidade integrada emerja; e, então, de preencher a lacuna entre a alma e a tríade espiritual, para que assim possa haver o livre desempenho da consciência e a completa identificação com a Vida Una, levando assim à perda do sentido de separatividade e à fusão da parte no Todo, sem perda de identidade, mas sem reconhecimento de auto-identificação.

Aqui, um ponto interessante deveria ser cuidadosamente observado. Ele guarda a chave do futuro desenvolvimento racial.
Para ele, a ciência da psicologia nos está preparando. Os estudantes deveriam treinar-se para distinguir entre o sutratma e o antakarana, entre o fio da vida e o fio da consciência. Um é a base da imortalidade e o outro é a base da continuidade. Aqui jaz uma excelente distinção para o pesquisador. Um fio (o sutratma) conecta e vivifica todas as formas num todo funcionante e personifica em si mesmo a vontade e o propósito da entidade manifestante, seja ela homem, Deus ou um Cristal. O outro fio (o antakarana) personifica a resposta da consciência, dentro da forma, a uma firme expansão gradativa de contatos no interior do todo envolvente.

O sutratma é a corrente direta de vida, intacta e imutável, que pode ser considerada, simbolicamente, como uma corrente direta de energia vivente fluindo do centro para a periferia, e da origem para a expressão externa ou a aparência fenomênica. É a vida. Gera o processo individual e o desenvolvimento evolutivo de todas as formas. É, portanto, o caminho da vida, que vem da mônada à personalidade, através da alma. Este é o fio da alma e é uno e indivisível. Ele transporta a energia da vida e encontra seu ancoradouro final no centro do coração do homem e em algum ponto focal central em todas as formas da expressão divina. Nada é e nada permanece senão a vida.

O fio da consciência (antakarana) é o resultado da união da vida e da substância ou das energias básicas que constituem a primeira diferenciação em tempo e espaço; isso ocasiona algo diferente, que somente emerge como uma terceira manifestação divina, depois que a união das dualidades básicas tenha tido lugar. É o fio que é tecido como um resultado do aparecimento da vida na forma sobre o plano físico. Falando simbolicamente outra vez, poderia ser dito que o sutratma trabalha de cima para baixo e é a precipitação da vida na manifestação exterior. O antakarana é tecido, evolui e é criado como o resultado desta criação primária e trabalha de baixo para cima, de fora para dentro, do mundo do fenômeno exotérico para o mundo do significado e das realidades subjetivas.

Este Caminho de Retorno, por meio do qual a humanidade se retira da ênfase exterior e começa a reconhecer e registrar aqueles conhecimentos de consciência interior daquilo que não é fenomênico, já atingiu (através do processo evolutivo) um ponto de desenvolvimento no qual alguns seres humanos podem seguir ao longo deste caminho, da consciência física à emocional e da emocional à mental. Essa parte do trabalho já está completada em muitos milhares de casos e o que é aqui requerido é o uso hábil e correto deste poder. Este fio de energia, colorido pela sensível resposta consciente, é mais tarde colorido pela consciência discriminatória da mente, e isso produz aquela integração interior que, finalmente, torna o homem um eficiente ser pensante. A princípio, esse fio é usado meramente para interesses egoístas inferiores; torna-se firmemente mais forte e mais potente à medida que o tempo passa, até que seja um fio definido, claro, resistente, vindo da vida física exterior, de um ponto dentro do cérebro, direto ao mecanismo interior. Este fio, entretanto, não é identificado com o mecanismo, mas com a consciência no homem. Por meio deste fio um homem se torna consciente de sua vida emocional em suas muitas formas (observem esta fraseologia), e através disso ele se torna consciente do mundo do pensamento; aprende a pensar e começa a funcionar conscientemente no plano mental no qual os pensadores da raça – em número firmemente crescente – vivem, se movem e têm o seu ser. Cada vez mais ele aprende a palmilhar este caminho da consciência e, em consequência, cessa sua identificação com a forma exterior animal e aprende a identificar-se com as qualidades e atributos interiores. Ele vive primeiro a vida de sonhos e depois a vida de pensamento. Então, chega o tempo quando este aspecto inferior do antakarana está completo e a primeira grande unidade consciente é consumada. O homem é uma personalidade viva, integrada, consciente. O fio da continuidade entre os três aspectos inferiores do homem é fixado e pode ser usado. Ele se estende, se tal termo pode ser usado (minha intenção é inteiramente pictórica), do centro da cabeça à mente, que é, por seu turno, um centro de energia no mundo do pensamento. Ao mesmo tempo, este antakarana é entretecido com o fio da vida ou o sutratma que emerge do centro do coração. O objetivo da evolução na forma está, agora, relativamente completo.

Quando este objetivo tenha sido alcançado, a sondagem sensitiva do universo ambiental prossegue ainda. O homem tece um fio que é como o fio que a aranha tece tão admiravelmente. Ele alcança mais longe ainda no seu possível ambiente e, então, descobre um aspecto de si mesmo do qual pouco havia sonhado nos estágios anteriores de seu desenvolvimento. Ele descobre a alma e então atravessa a ilusão da dualidade. Este é um estágio necessário, mas, não permanente.Caracteriza o aspirante deste ciclo mundial. Ele procura unir-se à alma, identificar a si mesmo, a personalidade consciente, com aquela sobrepujante alma. É neste ponto, tecnicamente falando, que a verdadeira construção do antakarana deve começar. É a ponte entre a personalidade e a alma.

O reconhecimento disto constitui o problema com que o moderno educador é levado a se deparar. É um problema que sempre existiu, mas que disse respeito ao indivíduo mais do que ao grupo. Agora concerne ao grupo, pois tantos dos filhos dos homens estão prontos para esta construção. Através das idades os indivíduos têm construído suas pontes individuais entre o superior e o inferior, mas tão vitorioso tem sido o processo evolutivo que hoje chegou a ocasião para uma compreensão grupal desta técnica emergente, para uma ponte grupal, levando a uma consequente revelação grupal. Isto proporciona a moderna oportunidade no campo da educação. Indica a responsabilidade do educador e destaca a necessidade de uma nova revelação nos métodos educacionais. O aspirante grupal precisa ser encontrado e o antakarana grupal deve ser construído. Isto, entretanto, quando corretamente compreendido, não negará o esforço individual. Este, sempre deve ser encontrado; mas a compreensão grupal ajudará o indivíduo cada vez mais.

Coordenação e Integração


Até aqui nos ocupamos com generalizações relativas a como o processo educacional seria aplicado mais tarde; com o mecanismo mental que fica sob treinamento definido e planejado; e que é subjetiva e superconscientemente influenciado durante o processo. Presumo que já perceberam a necessidade da construção do antakarana e deste trabalho de construção da ponte. É também sábio aceitar o fato de que estamos na posição de começar o processo definido de construir o elo, ou ponte, entre os vários aspectos da natureza do homem, a fim de que, em lugar de diferenciação haja unidade, e em lugar de uma atenção fluída, instável, dirigida aqui e ali para o campo da matéria vivente e das relações emocionais, aprendamos a controlar a mente e a diminuir as divisões, e assim possamos dirigir, à vontade, a atenção inferior em qualquer forma desejada. Dessa maneira todos os aspectos do homem, espirituais e naturais, poderão ser focalizados quando necessários.

Este trabalho já está parcialmente feito. A humanidade, como um todo, já preencheu a lacuna entre a natureza astral, emocional, e o homem físico.

Deve ser observado aqui que a ponte precisa ser feita no aspecto consciência e diz respeito à continuidade da percepção da vida pelo homem, em todos os vários aspectos dele. A energia usada ao conectar, na consciência, o homem físico e o corpo astral, está focalizada no plexo solar. Falando em termos simbólicos, muitos hoje estão levando avante essa ponte e unindo a mente com os dois aspectos já ligados. Esse fio de energia, ou emana da, ou é ancorado na cabeça. Uns poucos estão unindo firmemente a alma e a mente que, por sua vez, está unida a outros dois aspectos. A energia da alma, quando unida com os outros fios, tem sua âncora no coração. Muitos poucos (os iniciados do mundo), tendo efetuado todas as sínteses inferiores, estão agora ocupados em produzir uma união ainda mais alta com aquela tríplice Realidade que usa a alma como um meio de expressão, da mesma forma que a alma, por sua vez, está se esforçando para usar sua sombra, o tríplice homem inferior.

Estas distinções e unificações são questões de forma, símbolos na linguagem falada, e são usadas para expressar eventos e acontecimentos no mundo das energias e forças em conexão com as quais o homem está definitivamente envolvido. É a essas unificações que nos referimos quando o assunto da iniciação é considerado.

O fio da vida, o cordão de prata ou sutratma, é, na medida em que se refere ao homem, de natureza dual. O fio da vida, propriamente, que é um dos dois fios que constituem o antakarana, é ancorado no coração, enquanto que o outro fio, que personifica o princípio da consciência, é ancorado na cabeça. No trabalho do ciclo evolutivo, entretanto, o homem tem de repetir o que Deus já fez. Ele mesmo deve criar em ambos os mundos, o da consciência e o da vida. Como uma aranha, o homem tece fios de conexão e assim estabelece a ponte e faz contato com seu ambiente, daí ganhando experiência e sustentação. O símbolo da aranha é, frequentemente, usado nos antigos livros de ocultismo e nas escrituras da Índia em relação a essa atividade do ser humano. Os fios que o homem cria são tríplices e com os dois fios básicos que foram criados pela alma, constituem os cinco tipos de energia que fazem do homem um ser humano consciente. Os fios tríplices criados pelo homem são ancorados no plexo solar, na cabeça e no coração. Quando o corpo astral e a natureza da mente começam a funcionar como uma unidade e a alma também se conjuga conscientemente (não esqueçam que ela é sempre inconscientemente ligada), uma extensão deste fio quíntuplo – os dois básicos e os três humanos – é levado ao centro da garganta; quando isso ocorre, o homem pode se tornar um criador consciente no plano físico. Destas linhas maiores de energia, linhas menores podem irradiar à vontade. É sobre este conhecimento que todo o futuro desenvolvimento psíquico inteligente deve ser baseado.

No parágrafo acima em suas implicações vocês têm uma breve e inadequada afirmação relativa à Ciência do Antakarana. Tentei expressá-la em termos simbólicos, que transmitirão às suas mentes, alguma idéia geral do processo. Podemos aprender muito através do uso da imaginação pictória e visual. Muitos aspirantes já estabeleceram os seguintes liames ao construir o antakarana:

1 – Do físico ao corpo vital ou etérico. Esse é na realidade uma extensão do fio da vida entre o coração e o baço.

2 – Do físico e do vital, considerando-os como uma unidade, ao veículo astral ou emocional. Este fio emana do plexo solar ou nele é ancorado, e é levado para cima por meio da aspiração, até ele próprio ancorar-se nas pétalas do amor do lótus egoico.

3 – Dos veículos físico e astral ao corpo mental. Um terminal é ancorado na cabeça e o outro nas pétalas do conhecimento do lótus egoico, sendo levado avante por um ato da vontade.

É necessário, portanto, que compreendamos o fato de que:

1 – A nova educação estará primordialmente relacionada com o estabelecimento científico e consciente da ponte entre os vários aspectos do ser humano, produzindo assim a coordenação e a síntese e uma intensificada expressão da consciência por meio do estabelecimento das corretas linhas de energia.

2 – A tarefa da nova educação é, por conseguinte, a coordenação da personalidade, trazendo-a, finalmente, á união com a alma.

3 – A nova educação lidará com as leis do pensamento e as analisará e interpretará, porque a mente será considerada como o elo entre a alma e o cérebro. Essas leis são os meios pelos quais:

a) Idéias são intuídas.
b) Ideais são promulgados.
c) Os conceitos mentais ou pensamentos-forma são construídos e, no devido tempo, farão telepaticamente seu impacto sobre as mentes dos homens.

4 – A nova educação organizará e desenvolverá a mente concreta inferior.

5 – Ela ensinará o ser humano a pensar a partir dos universais para os particulares, bem como a empreender a análise dos particulares. Haverá, consequentemente, nas escolas futuras, menor ênfase no treinamento da memória. O interesse ajudará grandemente o desejo de relembrar.

6 – A nova educação fará de um homem um bom cidadão, desenvolvendo os aspectos racionais de sua consciência e de sua vida, ensinando-o a usar seu equipamento herdado, adquirido e enriquecido para a demonstração da consciência e atitudes sociais.

7 – Acima de tudo o mais, os educadores da nova era esforçar-se-ão para ensinar ao homem a ciência da unificação dos três aspectos de si mesmo que são cobertos pelo título geral de aspectos mentais:

a) A mente concreta inferior
b) O Filho da Mente, A Alma ou Ego
c) A mente superior, abstrata ou intuitiva

Ou

a) A mente receptiva ou o senso comum
b) A mente individualizada
c) A mente Iluminadora

8 – Os educadores na nova era lidarão com os processos ou métodos a serem empregados no preenchimento das lacunas de consciência entre os diferentes aspectos. Dessa maneira a Ciência do Antakarana será definitivamente trazida à atenção do público.

9 – A extensão deste conceito do estabelecimento da ponte será desenvolvido para incluir não apenas a história interior do homem, mas também para ligá-lo aos seus semelhantes em todos os níveis.

10 – Incluirá também o treinamento do mecanismo humano para responder aos impactos da vida e à alma. Esta alma é essencialmente inteligência, vitalmente usada em cada plano. Age como a mente discriminadora no plano mental, como consciência sensível no plano emocional, e como o participador ativo na vida física. Essa atividade inteligente é sempre usada do ângulo da sabedoria.

11 – A nova educação levará em consideração:

a) A mente e sua relação com o corpo de energia, o corpo etérico, que suporta o sistema nervoso e que galvaniza o corpo físico à atividade.

b) A mente e sua relação com o cérebro.

c) A mente e sua relação com os sete centros de força no corpo etérico e sua exteriorização e utilização por meio dos principais plexos nervosos a serem encontrados no corpo humano; e sua relação (que se tornará crescentemente óbvia) com as glândulas endócrinas.

d) O cérebro como um fator coordenador no corpo denso, e sua capacidade para dirigir as atividades do homem através do sistema nervoso.

A educação está começando a dar alguma atenção à natureza da mente e às leis do pensamento. Com relação a isso, muito devemos à psicologia e à filosofia. Há também um crescente interesse na Ciência da Endocrinologia como um meio material de produzir mudanças, geralmente em crianças deficientes ou imbecis. Entretanto, até que os modernos educadores comecem a admitir a possibilidade de que existam unidades centrais no homem que jazem sob o mecanismo tangível, e admitam, também, a possibilidade de uma casa de força central de energia por trás da mente, o progresso na educação estará relativamente estacionário; a criança não receberá o treinamento inicial, nem as idéias fundamentais que a capacitarão a ser um ser humano inteligente, autodirigido. A psicologia, com sua ênfase nos três aspectos do homem – pensamento, sensação emocional e o organismo físico – já deu uma contribuição vital e está fazendo muito para efetuar mudanças radicais em nossos sistemas educacionais. Muito resta a ser feito. A interpretação dos homens em termos de energia e a absorção dos sete tipos de energia que determinam um homem e suas atividades produzirão mudanças imediatas.

Todo trabalho feito agora é, definitivamente, trabalho de transição e, portanto, bastante difícil. Indica um processo de ligação entre o velho e o novo e apresentaria dificuldades quase insuperáveis, não fosse o fato de as duas gerações vindouras produzirem os tipos de egos competentes para lidar com o problema. Um processo de equilíbrio está em formação neste período intermediário, e a isso o educador moderno deveria prestar a devida atenção.

Posso, talvez, indicar a natureza deste processo. Afirmei que a alma se ancora no corpo em dois pontos:

1 – Há um fio de energia, que chamamos aspecto vida, ou espírito, ancorado no coração. Ele usa a corrente sanguínea, como é bem conhecido, como seu agente distribuidor e, através do sangue, a energia da vida leva poder regenerador e energia coordenadora para todo o organismo físico e mantém o corpo como um todo.

2 – Há um fio de energia, que chamamos aspecto consciência ou faculdade de conhecimento da alma, ancorado no centro da cabeça. Ele controla o mecanismo de resposta que chamamos cérebro e, por meio dele, dirige a atividade e induz a percepção por todo o corpo, por meio do sistema nervoso.


Estes dois fatores energéticos, que são reconhecidos pelo ser humano como vida e conhecimento, ou como energia vivificante e inteligência, são dois pólos da existência de uma criança. A tarefa à sua frente é desenvolver, conscientemente, o meio ou o aspecto equilibrador, que é amor ou relacionamento grupal, para que o conhecimento seja subordinado à necessidade e aos interesses do grupo, e que a energia vivificante possa tornar-se consciente e intencionalmente do todo grupal. Ao fazer isso, um equilíbrio verdadeiro será alcançado e realizado pelo reconhecimento de que o Caminho do Serviço é uma técnica científica para alcançar-se equilíbrio. Os educadores devem, portanto, manter em mente três coisas neste atual período de transição:

1 – Reorientar o conhecimento, o aspecto consciência ou o senso de percepção na criança, de maneira que ela compreenda que tudo que lhe tenha sido, ou esteja sendo, ensinado, desde a infância, visa ao bem dos outros, mais do que ao seu próprio. Será treinada, por isso, a definitivamente olhar à frente. O conhecimento do passado histórico da raça ser-lhe-á dado do ângulo do crescimento racial em consciência, e não tanto do ângulo dos fatos de alcance material ou agressivo, como é agora o caso. Uma vez que o passado, na mente infantil, é correlacionado com o presente, sua capacidade para relacionar, unificar e ligar, nos diferentes aspectos de sua vida e nos vários planos, será desenvolvida.

2 – Ensinar-lhe que a vida, que ela sente pulsando em suas veias, é apenas parte da vida total, pulsando em todas as formas, em todos os reinos da natureza, em todos os planetas e no sistema solar. Aprenderá que compartilha com tudo o que existe e, por isso, uma verdadeira Fraternidade de sangue pode ser encontrada em toda parte. Consequentemente, desde bem cedo em sua vida poderá ser-lhe ensinado o relacionamento, e isto a criancinha será capaz de reconhecer mais rapidamente do que o adulto comum, treinado nas maneiras e atitudes dos velhos tempos. Quando estas duas realidades – responsabilidade e parentesco – forem inculcadas na criança desde a infância, então o terceiro objetivo da nova educação surgirá com maior facilidade.

3 – A unificação do impulso da vida e da ânsia pelo conhecimento, na consciência, levará finalmente, a uma atividade planejada. Esta atividade planejada constituir-se-á em serviço, e por sua vez, fará três coisas pela criança que for ensinada a praticá-la:

a) Servirá como um fator direcional dos primeiros anos indicando, finalmente, vocação e ocupação, auxiliando, assim, na escolha de uma carreira.

b) Induzirá ao que houver de melhor na criança e fará dela um centro magnético radiante, onde estiver. Torná-la-á capaz de atrair aos que possam ajudá-la, ou serem ajudados por ela, àqueles que poderão servi-la ou a quem poderá servir melhor.

c) Torná-la-á, por isso, decididamente criativa e assim capacitá-la-á para tecer aquele fio de energia que, quando reunido ao fio da vida e ao da consciência, unirá cabeça, coração e garganta em um só meio unificado e funcionante.

O atendimento aos três requisitos mencionados será o primeiro passo (feito em escala racial) para a construção do antakarana ou ponte entre:

1 – Os vários aspectos da natureza forma.

2 – A personalidade e a alma.

3 – O homem e os outros seres humanos.

4 – O homem como um membro da família humana e seu mundo circundante.


Percebemos, assim, que essa educação deverá dizer respeito basicamente às relações e inter-relações, à ligação com o estabelecimento da ponte ou cura das rupturas e, assim, à restauração da unidade, ou síntese. O estabelecimento da Ciência das Corretas Relações é o próximo passo imediato no desabrochar mental da raça. É a principal atividade da nova educação.

Fritjof Capra diz em “Teia da Vida” que “...na verdade, somos um só... Reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir e educar comunidades sustentáveis, nas quais podemos satisfazer nossas aspirações e nossas necessidades sem diminuir as chances das gerações futuras”.

AÇÃO NO PRESENTE


“A busca de novos caminhos é o problema mais imperativo. Devido às condições extraordinárias do futuro, será impossível prosseguir pelos velhos caminhos. Todos os novos devem ter isto presente. É terrível quando as pessoas não sabem sair do caminho velho. E o mais terrível é quando as pessoas se aproximam de novas condições com seus velhos hábitos. Da mesma maneira como é impossível abrir uma fechadura moderna com uma chave medieval, também é impossível aos homens com velhos hábitos, abrir a porta para o futuro.” ( Agni Ioga, Infinito)

“Entre os assuntos escolares, que sejam ensinados os fundamentos da astronomia, mas que ela seja apresentada como o limiar dos mundos distantes. Assim, as escolas semearão os primeiros pensamentos sobre a vida nos mundos distantes. O espaço se tornará vivo, a astro química e os raios completarão a noção da magnitude do Universo. Os corações jovens se sentirão não como formigas sobre a crosta terrestre, mas como portadores do espírito responsável pelo planeta.” (Idem, Comunidade)

A “Declaração de Chicago sobre a Educação”, de 1991, assinada por oitenta educadores do mundo inteiro, entre eles os representantes dos métodos Montessori e Waldorf, declara que:

“Ao aproximarmos do Século XXI, muitas de nossas instituições e profissões estão entrando num período de profundas mudanças. Nós, os educadores, estamos começando a reconhecer que a estrutura, propósito e métodos de nossa profissão foram desenhadas para um período histórico que agora se aproxima do seu fim. Chegou o momento de transformar a educação para tratar os desafios humanos e do meio ambiente aos quais nos defrontamos.

Cremos que a educação para esta nova era será e deverá ser holística. A perspectiva holística é o reconhecimento de que toda a vida sobre este planeta se encontra interconectada de inumeráveis formas profundas e sutis. A visão da Terra solta na solidão do vazio negro do espaço realça a importância de uma perspectiva global para nos ocuparmos das realidades sociais e educativas. A educação deve alimentar o respeito para com a comunidade global da humanidade.

O holismo acentua o desafio de criar uma sociedade sustentável, justa e pacífica em harmonia com a terra e sua vida. Implica uma sensibilidade ecológica, um profundo respeito pelas culturas tanto indígenas como modernas, assim como pela diversidade de formas de vida no planeta. O holismo busca expandir a forma que temos de olhar nós mesmos e nossa relação com o mundo, celebrando nossos potenciais humanos inatos – o intuitivo, emocional, físico, imaginativo e criativo, assim como o racional, o lógico e o verbal.

A educação holística reconhece que o ser humano busca significado, não somente dados ou conhecimentos, como um aspecto intrínseco de seu pleno e são desenvolvimento. Cremos que somente os seres humanos sãos e plenos podem criar uma sociedade sã. A educação holística nutre as aspirações mais elevadas do espírito humano.

A educação holística não consiste num programa e metodologia específicos; é um conjunto de hipóteses de trabalho que inclui o seguinte:

1. A educação é uma relação humana dinâmica e aberta.

2. A educação cultiva uma consciência crítica dos numerosos contextos das vidas dos alunos – morais, culturais, ecológicos, econômicos, tecnológicos, políticos.

3. Todas as pessoas têm um enorme potencial multifacetado que somente estamos começando a compreender. A inteligência humana se expressa através de diversos estilos e capacidades, os quais são necessários respeitar.

4. O pensamento holístico implica formas de conhecimentos contextuais, intuitivas, criativas e físicas.

5. O aprendizado é um processo que dura a vida toda. Todas as situações vitais podem facilitar este aprendizado.

6. O aprendizado é por sua vez um processo de autodescobrimento e uma atividade cooperativa.

7. O aprendizado é ativo, automotivado, sustentador e alentador para o espírito humano.

8. Um programa holístico é interdisciplinar, integrando por sua vez perspectivas comunitárias e globais. (Global Alliance for Transforming Education)

Dos métodos educacionais mundialmente utilizados, o Montessori, o Waldorf e o Robert Muller são os que mais se aproximam do nosso escopo. Com base neles, daremos os primeiros passos para o estabelecimento da Visão Cósmica da Educação – A Educação na Nova Era, um conjunto de ferramentas aptas a permitir que o estudante abra o portal de acesso ao reino subjetivo da vida e entre nele, tornando-se um cidadão consciente deste reino, podendo viver e trabalhar nele com total desenvoltura, ancorando firmemente no seu meio ambiente novas e corretas relações humanas.

Docemente, a Dra. Maria Montessori observa na sua “Carta aos Governos”:

“Minha vida foi dedicada à busca da verdade. Através do estudo das crianças escrutei a natureza humana na sua origem, tanto no Oriente como no Ocidente, e embora já se passaram quarenta anos desde que comecei meu trabalho, a infância continua me parecendo uma fonte inesgotável de revelações e, permitam-me dizer, de esperança.

A infância mostrou-me que toda a humanidade é uma. Todas as crianças falam mais ou menos na mesma idade, sem contar sua raça, ou suas circunstâncias, ou sua família; caminham, trocam os dentes, etc, em certos períodos fixos de suas vidas. Também noutros aspectos, especialmente no campo físico, são semelhantes e susceptíveis.

As crianças são os construtores de homens, e os constroem tomando a linguagem, a religião, os costumes e peculiaridades de seu ambiente, não somente da raça, não somente da nação, mas também do distrito específico no qual se desenvolveram.

A infância constrói com aquilo que encontra. Se o material é pobre, a construção também é pobre. No que concerne à civilização, a criança está no nível dos que recolhem alimento.

Para construir-se a si mesma tem de colher, ao acaso, qualquer coisa que encontre no seu ambiente.

A criança é o cidadão esquecido e, entretanto, se os homens de Estado e os educadores chegassem a compreender a terrível força que reside na infância, para o bem ou para o mal, creio que dariam a ela prioridade acima de qualquer coisa.

Todos os problemas da humanidade dependem do próprio homem; se o homem não é considerado na sua construção, na sua formação, os problemas nunca serão resolvidos.

Nenhuma criança é um “bolchevique” ou um fascista ou um democrata; todas se convertem no que as circunstâncias ou o entorno as transformam.

Nos nossos dias quando, apesar das terríveis lições de duas guerras mundiais, os tempos futuros se avizinham tão obscuros como sempre, tenho a firme crença de que deve ser explorado outro campo, além dos da economia e da ideologia. Trata-se do estudo do homem – não de um homem adulto sobre o qual qualquer chamamento esteja desaproveitado. Este, economicamente inseguro, mantém-se confuso na voragem de idéias conflitantes e se lança agora de um lado a outro. O homem deve ser cultivado desde o começo da vida, quando os grandes poderes da natureza estão ativos. É então, quando alguém pode ter esperança de planejar para um melhor entendimento internacional” (Hollistic Education Review, Vol. 4)

AÇÃO NO FUTURO


A Ação no Futuro emerge da Ação no Presente. É tão somente a formação do educador, do professor, do executor que vai emergindo da estrutura de ensino dentre os estudantes. São os grupos-semente que darão forma e qualidade atual no tempo futuro à ação da Visão Cósmica da Educação, A Educação na Nova Era.

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Bibliografia:

Alice A. Bailey, Problemas da Humanidade
Idem, Um Tratado Sobre Magia Branca
Idem, Educação na Nova Era
Idem, Um Tratado Sobre o Fogo Cósmico
Idem, Discipulado na Nova Era, Vol. I e II
Idem, Os Raios e as Iniciações
Escola Arcana, Luz no Caminho, 1
HP Blavatsky, A Doutrina Secreta, Vol. III
Fulcanelli, As Mansões Filosofais
Boa Vontade Mundial, As Corretas Relações Humanas, Vol. III
Agni Ioga, Comunidade
Idem, Infinito
Fritjof Capra, A Teia da Vida
Maria Montessori, “The Absorbent Mind”
Rabindranath Tagore, “Fireflies”
“Holistic Education Review”
“Global Alliance for Transforming Education”
Bhagavad Gita
UNESCO
UNICEF




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