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terça-feira, 10 de novembro de 2009

As Duas Gerações

Natalio Domínguez Rivera
Acreditamos ser uma generosa geração de transição.

Estamos entrando em uma encruzilhada histórica. Talvez a mais significativa na história humana. Referimo-nos às crianças "estranhas" que estão aparecendo em todas as famílias e que podemos dar o nome de gênios ou excepcionais, e que, aparentemente, é superior a oitenta por cento das últimas três gerações. O quê? Qual é o problema? Por uma incoerência inexplicável, nossos métodos de ensino os estão travando.

Até muito recentemente, quase ninguém estava interessado em melhorar a mente humana, acreditando que, sem dúvida, a evolução tinha sido concluída, não se poderia ser mais esperto do que nós. Nada mais falso. Segundo biopsicologistas (Princeton University), é raro um ser humano que tenha utilizado em sua vida, dois por cento do seu potencial de inteligência. Ou seja, noventa e oito por cento do córtex cerebral desses privilegiados que usam o percentual máximo, vai para o cemitério servir como adubo para algum capim seco. Demasiada massa encefálica para os “gorilas ilustrados” que também invejamos; que fazem guerras ate a morte, e que criam exércitos e fronteiras, sobre uma bailarina bola de golf.

Mas o resgate desta geração para a solução da crise mundial está nas mãos dos adultos de hoje, infectados pelo vírus de uma sociedade cujos valores são predominantemente e quase únicos, o poder e o dinheiro. É necessário olhar para os seres humanos que atualmente está sendo lançados no milagre da vida, para o pré-natal e a primeira infância, para aqueles que vêm com uma mente fresca, limpa, sem rotinas, sem imposições, que ainda não são tribais ou estão massificados.

A mesma técnica que tem sido disparada para o infinito, acelerando a nossa compreensão do concreto e solucionando os principais problemas de nossas vidas, da mesma forma a educação e a formação integral do homem, pode, em algumas gerações, disparar para o pensamento abstrato, que é próprio e específico do ser humano. E isto vai fazer a criança que ainda é uma esperança, se os técnicos capacitarem os pais e professores para que facilitem os seus filhos e alunos no desenvolvimento desse ser humano consciente, responsável e amoroso. Isso acontecerá quando, a partir do pré-natal através da faculdade e alem dela, se busque uma nova sociedade em que há valores a serem salvos, os poucos que valem à pena, e apareça, sem revoluções e retórica, nem cataclismos, a nova geração de humanos que se comportem como seres humanos, não tendo vergonha de falar de amor, de civilidade, convivência, de limpeza mental, e fidelidade.

Estamos buscando, em cursos e oficinas da CREATICA, conquistar algumas crianças mais "hominizadas" como espécie, mais humanos como indivíduos, mais distante do início da vida de outros mamíferos "inferiores”. Estamos convencidos de que a deshumanização ou “deshominização", ulterior a nossa sociedade, sua complexidade e artificialidade, têm suas fundações e suas origens nas escaramuças iniciais do ensino acadêmico do ser humano: o pré-escolar. É precisamente aí que começa a deformar o mato*, se recebe influências negativas, ou não se ativa e tempera a personalidade.

É por isso que damos tanta importância na CREATICA ao programa Genius do Futuro, como o pilar e fundação da educação, pois para nós, a inteligência não é só pensamento, mas a vida, que é composta de idéias (argumentação e relações mentais), condutas (sociabilidade, convivência, a fraternidade universal) e valores (transcendência, espiritualidade). A forma ou programa Gênios Futuro inclui o pré-natal, neonatal I e II, Maternal, Pré-escolar e preparatório. Tudo isto de 0 a 7 anos de idade cronológica. Se essa fase está bem fundamentada, não há perigo de que o arbusto se deforme em sua verticalidade.

Temos de convidar a criança nesta idade a mais, é preciso desafiá-la a descobrir a quantidade e a qualidade da sua herança biopsíquica, com ênfase na inteligência, raciocínio abstrato e aplicado à vida. Temos de nos antecipar, para evitar preenchê-los, desde o início de "slogans" da atualidade, de dogmas sociais intranscedentes e artificiais, para poluir sua mente e personalidade atormentada pela insegurança e obrigações irritantes, em cuja formulação não fizeram intervenção. Nós os despertamos já nesta idade para mostrar os seus próprios e originais pensamentos, como verdades ou erros que caem, são "seus" erros e as "suas" verdades, sempre com liberdade absoluta de retratação e de mudança, não por medos irracionais, mas pela coragem, honestidade e amor à “verdade verdadeira”.

Temos de preparar a criança do século XXI, não tanto para que se acomode a realidade herdada, e como toda a realidade, mutante, sujeito a ciencidogmas de Niels Bohr e Albert Einstein, enquanto esteja aberto a um novo e continuo modo de conceber a existência, que como adultos de hoje, é difícil chegar a compreender.

Mais que para a informação devemos prepará-los para a informática; mais que para o serviço do homem para o homem, para a robótica; mais que para a eletricidade, a eletrônica, a biônica; mais que para uma única verdade, eles estejam preparados para a alternativa e a reconsideração. Mais do preenchê-los, temos de fazer maior seu vazio interior, seu espaço de idéias, para que eles possam ver e compreender as mudanças fundamentais que já estão à porta e acomodá-las com um sentimento de pertencimento. Não devemos tentar fazê-los iguais a nós - como poderia perdoar nossos pais e avós – que nos repitam, que sejam nossos clones, porque para muitas e válidas razões, nos suspeitamos inacabados, incompletos, mas precisamente para que um dia possam compadecer-se com ternura e maturidade pelo nosso imenso atraso evolutivo. Corresponde-nos ser uma generosa geração de transição para novas formas, tão diferente da nossa, como a espada de Júlio César e um moderno rifle a laser. Não tentemos adiar a inevitável evolução de sua inteligência.

Extraído do livro: A Consciência Índigo: Futuro Presente

Tradução: sandraferris@globo.com


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