Total de visualizações de página

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Comunicação no Espaço Tempo: Ressonância Mórfica




Em 1981, quando ainda não tinha 40 anos, Rupert Sheldrake publicou seu primeiro livro, intitulado A New Science of Life (Uma Nova Ciência da Vida), apresentando ao mundo científico o fundamento teórico para uma visão nova e revolucionária da gênese morfológica, ou seja, para o surgimento das formas no mundo orgânico e inorgânico.

Este jovem biólogo levantou uma teoria, altamente questionável, sobre a capacidade de aprendizagem da “criação” e a interação entre o espírito e a matéria. Tal tese – a qual ele mesmo sabe ser difícil comprovar definitivamente – é tão inacreditável quanto simples: além dos campos energéticos conhecidos pela ciência, como o gravitacional e o electromagnético, a natureza possui campos morfogenéticos, os quais são definidos por Sheldrake como “invisíveis estruturas organizadoras, capazes de formar e organizar cristais, plantas e animais, determinando até o seu comportamento”. Estes campos morfogenéticos contêm a soma de toda a história e de toda a evolução; seria algo semelhante ao conceito de Akasha dos antigos hindus ou ao inconsciente coletivo de C.G. Jung.

O conceito que Sheldrake desenvolve, a respeito da “ressonância mórfica”, supõe que estruturas similares podem estar em comunicação, no espaço e no tempo, através de seus campos morfogenéticos. O que está em jogo na “bomba” lançada por Sheldrake é nada mais nada menos do que uma hipótese científica, que, caso fosse comprovada, derrubaria toda a concepção materialista do universo.


A hipótese de Sheldrake considera que tudo que acontecer, num determinado momento, terá sua consequência, no futuro, em processos similares. No processo de aprendizagem,
por exemplo, o fato de alguma coisa ser aprendida por alguém implica no fato de ela vir a ser aprendida por outrem mais facilmente, onde quer que ele esteja. Para esta teoria, Sheldrake encontrou comprovação numa série de experiências, em que ratos eram treinados para encontrar o caminho ao comedor por um labirinto de passagens. Quando os animais haviam realizado tal aprendizagem, num laboratório qualquer, outros ratos, nas partes mais distantes do globo, realizavam a mesma tarefa num tempo menor.
Mas Sheldrake, biólogo por formação, de maneira alguma restringe a ação dos campos morfogenéticos ao reino orgânico. Não fala apenas em ratos,e no homem, mas fala com igual dedicação, por exemplo, de cristais: assim que, em algum laboratório, se tenha constituído determinado cristal, será mais fácil e mais rápido produzir cristais do mesmo tipo em outros laboratórios. A explicação convencional para tal fenômeno pressupõe o transporte de moléculas de um laboratório a outro, através das roupas e dos cabelos dos químicos viajantes. E Sheldrake considera seu campo morfogenético bem mais plausível do que todos os hipotéticos cientistas transeuntes.

 
Todo neurologista que se sente comprometido com o rigor da ciência  sabe que a memória deve estar alojada, “de alguma forma”, dentro da massa cerebral, talvez em forma de código. “Todos conhecem” a relação que existe entre a memória e o conjunto das funções nervosas, como a sinapse, o neurônio, os dutos neurais, etc. Falta “apenas” descobrir a prova, mas esta já é “iminente”. Em todo o caso, esta questão não está de forma alguma em aberto. Pelo contrário: a memória não seria possível, se não estivesse alojada materialmente no cérebro.
Porém, a disputa pelo assento da memória não passa de uma questão secundária, e o papel do cérebro, uma questão paliativa. A questão radicalmente central é a concepção que Sheldrake apresenta sobre conceitos e leis: estes não são vistos como atemporais, imutáveis, mas em constante evolução e transformação. Todo sistema filosófico ou científico conhecido pressupõe algo imutável, básico, uma lei constante e primordial. Sheldrake, porém, baseia a  sua concepção num cosmos em constante transformação e evolução. O que chamamos de forma comum de “leis naturais” talvez não passem de costumes da criação.

O cerne mais radical de suas ideias, pondera ele mesmo, consiste em refutar a existência de algo que possa estar determinado por leis atemporais, eternas. Infelizmente, a influência que a cosmo-visão pitagórica e platônica exerce sobre nosso pensamento científico ainda é tão grande, que a maioria dos cientistas naturais estranha a imagem de um cosmos em constante evolução.

Sheldrake não concorda que seu posicionamento seja radicalmente novo. A concepção de uma realidade em constante transformação e evolução há muito existe no Budismo, assim como também nas correntes filosóficas do Ocidente, de Heráclito a Bergson: há a ideia de um universo criativo no “vitalismo” de Hans Driesch e no esboço que Whitehead fez de um organismo cósmico vivo, capaz de manter estruturas vivas em todos os níveis.Do outro lado, o materialismo pressupõe as leis platónicas imutáveis, que não passam, segundo Sheldrake, de uma suposição extraordinariamente metafísica e carente deprovas. Aliás, estas leis foram compreendidas originalmente como “ideias ocorridas no espírito de Deus”. O materialista coloca-se no lugar de Deus e acaba  a sós comsuas ideias; portanto, suas bases não são tão pragmáticas e sólidas como se pretende.

Os campos morfogenéticos de Sheldrake, por sua vez, não são fixos. Para ele, há uma conexão constante entre a realidade e a ideia: novos campos modificam os anteriores e vice-versa. O que ocorre é um processo constante e dinâmico: o universo e suas leis – “costumes” – estão submetidos a uma constante evolução.
Desde o lançamento de seu primeiro livro, há experiência a ocorrer por toda parte para testar sua teoria. O centro de conferências Tarrytown, de Nova Iorque , ofereceu US$ 10.000 para o melhor experiência que comprovasse ou desmentisse a teoria de Sheldrake. Uma fundação holandesa acrescentou mais US$ 5.000. Não faltaram boas ideias e, há pouco tempo, iniciou-se algo parecido a um jogo aberto ao público, do qual participavam institutos universitários, revistas científicas, a mídia e também muitos leigos, uma configuração nada aceitável ao tradicional mundo das ciências.

Um exemplo dessa situação ocorreu quando a renomeada revista americana “Boletim do Cérebro e da Mente” desenvolveu um experiência, em que os leitores da revista tinham que decorar três versos em japonês, sendo um verso tradicional; outro de um poeta contemporâneo, e o terceiro, uma sequência aleatória de ideogramas. Segundo a teoria do campo morfogenético, o verso tradicional – que foi praticado por milhões e milhões de Japoneses, ao longo de séculos – deveria causar uma ressonância morfogenética, ou seja, ser mais fácil de decorar. E, de fato, o resultado final do experiência foi este.

Depois de experiências semelhantes um pouco por todo o Mundo, mesmo assim, a ciência tradicional permaneceu céptica: sentenciou que os resultados experimentais eram poucos e os métodos experimentais, de uma maneira geral, fracos. Somente um experiência grande, delineado segundo os mais rigorosos preceitos científicos e realizado no espaço controlável de um instituto de pesquisa, poderia avaliar a existência e eficácia da ressonância morfogenética.

Foi exatamente o que ocorreu, recentemente, no Instituto de Psicologia, da Universidade Georg-August, em Göttingen, na Alemanha. O presidente dessa instituição, Suitbert Ertel, apesar de assumir que achava a hipótese de Sheldrake absurda, admitia que ela continha previsões quantificáveis acerca da memória humana, motivo pelo qual se sentiu tentado, como cético inveterado, a fazer uma experiência que a desmascarasse.
Numa dos vários experiências realizados, alguns alunos tinham que decorar ideogramas japoneses. Uma parte deles estava escrito de forma certa; outra parte, de forma errada, porém, indistinguíveis aos olhos alemães. Contrariando todas as expectativas locais, a experiência resultou numa diferença altamente significativa entre a taxa de memorização do “japonês correto” e o “japonês errado”, como se os alunos alemães possuíssem algum conhecimento prévio da língua japonesa, a qual, no entanto, lhes era totalmente estranha. Tal foi a confusão gerada pelo resultado inesperado, e inexplicável pelas teorias mais alternativas, que se repetiu a experiência, agora no sistema “double blind”, ou seja, os organizadores  não sabiam os objetivos da mesma. O resultado foi igual.

Após o experimento de Göttingen, outros foram iniciados, em Bielefeld (Alemanha) e em Göteborg (Suécia), mantendo acesa a chama do debate. Sheldrake está confiante de que, em alguns anos, a cosmovisão holística terá imperado frente à mecanicista, assim como as teorias dos campos energéticos e a mecânica quântica acabarãp impondo-se  à física tradicional.

Fonte:
http://lugardaalma.com/terapias/a-ressonancia-morfica/#more-3559




Nenhum comentário:

Postar um comentário