Total de visualizações de página

segunda-feira, 12 de julho de 2010

SER PAIS HOJE

Por Pat Montgomery. Fundadora e Diretora do Clonlara School

Muitas pessoas me perguntam atualmente se cada vez mais, pais educam seus filhos em casa por causa da presença de crianças com armas nas escolas. A julgar pelas numerosas petições de informação que recebemos diariamente e pelos muitos visitantes de nossa pagina na web, a resposta deveria ser um sim redondo. Inclusive, com esses indicadores, é razoável que tanto pais como estudantes, cujas vidas podem correr perigo, pretendam encontrar alternativas as escolas massificadas.

O principal “trabalho” de serem pais é dar sustento e apoiar os filhos. Sua segurança física é o mais importante, naturalmente. Como podem atender um pai ou uma mãe, todos os demais aspectos da educação quando a segurança do próprio estudante é tão precária?

Na cultura dominante, com freqüência se confunde o apoio e a educação com o mais estrito materialismo – o game mais moderno, a roupa de marca, etc. – deixando de lado o crescimento do espírito e a ajuda aos jovens para que possam desenvolver o propósito de vida.

Assim como é mais fácil constatar como se cresce em altura, em peso, inclusive inteligência e maturidade, não é muito prestar atenção ao crescimento imperceptível a simples vista. Isto é, a força interior fazendo a razão de ser, o trabalho vital que ao longo de uma vida ajudará a que o mundo seja diferente. O crescimento interior é invisível; está inclusive oculto à criança. Por isso, todos nós ignoramos com demasiada freqüência esse fato, que é tão vital para um crescimento saudável como o é comer, correr ou aprender a escrever; talvez inclusive mais.

Os jovens que mataram seus companheiros e professores em várias escolas norte-americanas tinham, a maioria, pais que estavam atentos as suas necessidades. Lemos que um recebia ajuda terapêutica e tomava medicação. Seus pais tentaram conseguir ajuda de fora. O que não sabemos é se esses pais investiram desde a infância a mesma quantidade de tempo e atenção fazendo simplesmente o seu “trabalho”: dedicar tempo a criança, falar com ela, brincar, investigar seus interesses, fazer juntos pequenas excursões, conhecer os amigos da criança, ensinar-lhes, etc.

A tarefa de ser pai ou mãe não consiste em conseguir dinheiro suficiente para comprar para seus filhos todos os games que veja nem os últimos aparatos eletrônicos, ou pagar-lhes as melhores colônias ou melhores escolas. Na realidade, isso inclusive poderia considerar-se abandono de suas responsabilidades, porque isso impede que os pais se envolvam na formação de seus próprios filhos.

Quando se chegou a considerar que o mais importante na vida dos adultos era sua carreira profissional? Ou quando se entendeu o fato que trazer crianças ao mundo não originaria uma mudança importante em seus pais?

Essa mistura que chamamos sociedade norte-americana arrebatou aos jovens casais o modelo que proporcionava uma sociedade mais homogênea: o fácil acesso a família e aos parentes. Aqueles velhos filmes em que podemos ver a irlandeses, russos ou italianos em reuniões familiares de domingo nos parecem pitorescas. Lembram os tempos em que todos conheciam os assuntos de todo mundo, quando vizinhos, amigos e parentes sabiam o que uma pessoa pensava antes que ela mesma o soubesse. Alguns norte-americanos poderão estar agradecidos a esse individualismo pela substituição progressiva da família numerosa pela família nuclear. Porem, o que se perdeu no processo foi o objetivo; a importância de criar as crianças como um dos mais importantes fundamentos da vida para o adulto que escolhe ser pai e mãe.

Na sociedade atual, somos ensinados que para “produzir” jovens independentes temos de, literalmente, abandoná-los aos cuidados dos outros. Assim, crianças de três e quatro anos são enviadas ordinariamente a guarda do colégio inclusive quando nenhum, ou ambos os pais trabalham fora de casa.

Uma vez conheci uma mulher que estava em tramite para adotar um menino de três anos que havia nascido e vivido no Maine. A futura mãe vivia em Ann Arbor e planejava trazer a criança para o nosso colégio. Perguntei-lhe por que sequer refletia o envio da criança a creche. Trabalhava ela fora de casa? Não. Explicou-me: “esta criança foi criada em uma creche, não quero introduzir agora nenhuma mudança em sua vida”. Dei-me ao trabalho de lembrá-la que a criança experimentaria uma imensa mudança em sua vida devido ao fato de ser adotada por uma família estável e ir viver com ela; inclusive, ainda que Clonlara (então, ainda uma creche) fosse um lugar amável para uma criança de três anos, nós éramos, supostamente, secundários na hora de proporcionar o amor e os cuidados que ela mesma poderia dar enquanto ia estreitando os laços com o recém-chegado. “Por acaso, não queres o meu filho em sua escola?” Replicou-me.

As crianças de cinco anos são enviadas as escolas públicas ou privadas como se essa fosse a maneira adequada de educá-las. Estas decisões são tomadas sem nenhum questionamento; isto é o que se está habituado a fazer.

Nós adultos, estamos atrapalhados pelos assuntos que consideramos essenciais na vida: o trabalho, o ganhar bem a vida, nossa promoção profissional, comprar para nossos filhos as últimas novidades tecnológicas...

O fato é que deixamos aos profissionais e aos mestres que invistam tranquilamente seu tempo pintando com os dedos, olhando formigas, brincando, observando as plantas, etc. As tarefas mais importantes relacionadas aos pais são encomendadas a outros enquanto nos atendemos assuntos mais importantes. Neste mundo acelerado que construímos as pequenas coisas, tais como olhar um pôr-do-sol com nossos filhos parecem triviais quando, de fato, essas pequenas coisas são as mais vitais, a matéria com que é feita o amor.

Os psiquiatras e os psicólogos que ajudam as crianças investigam para aprender tudo sobre seus sentimentos e necessidades insatisfeitas. Essencialmente, se mantêm fora do processo os pais, que são os mesmos de quem os adolescentes requerem carinho e cuidados.

Falar com a criança – e não para a criança- abre linhas prematuras de comunicação. Os adolescentes me dizem que a razão porque querem estar todo o tempo com seus amigos (companheiros) é porque são escutados, e não julgados.

Uma criança aprende melhor imitando. No sistema atual, estamos lhes dando como modelos companheiros da mesma idade. A guia, o aprendizado e os cuidados, que uma criança precisa para amadurecer completamente não está à vista em lugar algum.

Os professores e educadores profissionais não podem servir como tal modelo no verdadeiro sentido da palavra, porque estão ocupados cuidando do grupo de crianças, estão atendendo a burocracia da escola. Não estão cozinhando, nem tocando violino, nem pescando ou construindo algo, ou fazendo alguma das coisas que um ávido aprendiz poderia imitar. Não estão calmas e lucidamente discutindo as conquistas diárias – as terríveis especialmente- com o filho ou a filha a quem querem.

A massificação das crianças nas escolas convencionais e os desastres que resultam dele fazem com que os pais se acerquem as alternativas como a educação em casa? Certamente, e eu rogo por isso.

http://www.clonlara.es/Ser%20Padres%20Hoy.htm

Clonlara School

Oficina na Espanha

tel./fax: 93 266 41 53

c/e: clonlara@clonlara.es

Web: www.clonlara.es

Tradução: sandraferris@globo.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário