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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Vencendo o bullyng através da arte


Publicação by Jaudemir Òó Silva.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

O Centésimo Macaco



"Ao longo da costa do Japão, os cientistas estudaram colônias de macacos habitantes de ilhas isoladas, há mais de trinta anos. Para poder manter o registro dos macacos, eles colocavam batatas doces na praia, para que os animas as comessem.

Os macacos saíam das árvores para pegar as batatas e, assim, expunham-se a ser observados com total visibilidade. Um dia, uma macaca de 18 meses chamada Imo começou a lavar a sua batata no mar, antes de comê-la. Podemos imaginar que seu sabor tornava-se assim mais agradável, pois o tubérculo estava livre da areia e do cascalho e, talvez, ligeiramente salgada.

Imo mostrou aos outros macacos de sua idade e à sua mãe como fazer aquilo; os animais jovens mostraram às próprias mães e, aos poucos, mais e mais macacos passaram a lavar as batatas em vez de comê-las com areia e tudo.

No princípio, só os adultos que tinham imitado seus filhos aprenderam o jeito novo; gradualmente, outros também adotaram o novo procedimento. Um dia, os observadores perceberam que todos os macacos de determinada ilha lavavam suas batatas doces.

Embora isso fosse significativo, o que foi ainda mais fascinante de registrar foi que, quando essa mudança aconteceu, o comportamento dos animais nas outras ilhas também mudou: todos eles agora lavavam suas batatas, e isso apesar do fato de que as colônias de macacos das outras ilhas não tinham tido contato direto com a primeira.

Ali estava uma validação para a teoria do campo morfogenético: era possível explicar dessa maneira o que acontecera. O “centésimo macaco” foi o hipotético e anônimo macaco que virou o jogo para a cultura como um todo: aquele cuja mudança de comportamento assinalou ter sido alcançado o número crítico de macacos que modificaram sua conduta, e após o qual todos os animais de todas as ilhas passaram a lavar as suas batatas.

O Centésimo Macaco é uma alegoria da Nova Era que oferece esperança às pessoas que trabalham para operar mudanças em si mesmas e salvar o planeta, às vezes duvidando de se seus esforços individuais, afinal de contas causarão alguma diferença. Como mito, o Centésimo Macaco é declaração que reafirma o compromisso de trabalhar por alguma coisa, como livrar a Terra das armas nucleares, ainda que por longo tempo o efeito desse trabalho não seja visível.

Se é que há um centésimo macaco, é preciso que haja um equivalente humano de Imo e suas colegas; alguém tem de ser o vigésimo sétimo, o octogésimo primeiro e o nonagésimo nono macaco para que então novo arquétipo passe a existir.

A hipótese de Sheldrake nos oferece uma explicação para as mudanças que acontecem numa espécie por meio de atos de indivíduos que, em determinada fase, começam a fazer uma coisa nova. Se o filho de Métis deve suplantar Zeus em dada cultura, essa mudança pode acontecer apenas depois que um número crítico de homens (e mulheres) individuais confiarem mais no amor que no poder, e basearem seus atos nesse princípio.

Quanto mais aumentar o número das pessoas que se comportam assim, mais se tornará fácil que mais pessoas ajam da mesma forma até que, um belo dia, alguém será o anônimo centésimo macaco.

A maioria dos homens e das mulheres, porém, não sente sequer a necessidade nem a fé de que pode enfrentar a idéia de mudar o mundo.

Os que chegam de fato a tentar são encorajados pelo centésimo macaco, porque é mito que descreve aquilo que se sentem atraídos a fazer, de toda maneira.

Sempre que nos reconhecemos num mito, sentimo-nos fortalecidos. O mito que desperta em nós a sensação de “Ah!” ajuda-nos a nos manter fiéis ao que nos mobiliza no fundo de nosso ser, nos incentiva a continuarmos sendo o mais autênticos que pudermos.

Além de falar àqueles que se percebem intimamente motivados a fazer diferença no mundo externo, o Centésimo Macaco é também metáfora para o que se desenrola dentro da psique individual. No mundo interno, fazer é tornar-se: se repetimos vezes suficientes um comportamento motivado por uma atitude ou princípio, ao final de um tempo terminaremos tornando-nos o que fazemos.”

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Uma alma antiga




terça-feira, 16 de setembro de 2014

Como seria sua vida se sua autoestima fosse melhor?

Por Andre Lima

Recebi um e-mail de um rapaz me dizendo: "a falta de dinheiro e o peso em excesso estão acabando com a minha autoestima". Expliquei para ele que é o contrário. A falta de uma boa autoestima é que o está levando a esses problemas. Vamos entender por que.

Ter uma boa autoestima significa gostar de si mesmo: respeitar, admirar-se, apreciar a própria companhia, aceitar-se de forma incondicional. Todos nós temos pontos fortes na autoestima, mas também temos pontos fracos. São áreas onde não conseguimos nos amar de forma incondicional. Guardamos emoções, pensamentos e sentimentos negativos com relação a nós mesmos que acabam refletindo na qualidade da nossa vida exterior.

Problemas como:

Dificuldades de dizer não e impor limites/ necessidade de aprovação e reconhecimento/ não cuidar da saúde (alimentação inadequada, falta de exercícios etc..)/ falta de cuidado com aparência e higiene pessoal/ falta de zelo com os bens materiais/ timidez/ dificuldade de cultivar amizades/ sentimentos de incompetência/ sensação de não ser bom o suficiente/ sentir-se inadequado/ tendência a se autodepreciar, julgar a si mesmo negativamente/ não se permitir errar/ dificuldade de perdoar a si mesmo/ facilidade em se magoar e se ofender/ medo das críticas e julgamentos/ dificuldade de tomar decisões/ pessimismo/ dificuldade de ficar só/ tendência de se autossabotar para não crescer ou melhorar em uma ou mais áreas da vida/ sentimentos de inferioridade/ vício de interpretar as razões por trás das ações de outras pessoas/ ter pena de si mesmo/ dificuldade de encontrar qualidades em si mesmo/ necessidade de julgar e falar mal dos outros / medo de se relacionar/ dificuldades de ficar a vontade socialmente/ ciúme/ necessidade de bebida ou drogas para se socializar/ levar tudo pelo lado pessoal/ sentir-se vítima da vida/ dificuldade de ver qualidades em terceiros e elogiar/ sentimentos de não merecimento (que podem se manifestar em várias áreas da vida: financeira, relacionamentos, saúde física) etc.. São todos indicadores de que existem pontos fracos na autoestima.

Essas dificuldades relatadas acabam levando a outros problemas: vícios de todos os tipos, ganho de peso, depressão, relacionamentos destrutivos, dificuldades de crescimento profissional, problemas financeiros, pânico, fobia social etc..

A autoestima é bastante afetada durante a infância, período em que estamos em formação. Quanto mais recebemos atenção em forma de reconhecimento, elogios e afeto, mais alimentamos o nosso amor próprio.

A criança aprende a amar e aceitar a si mesma a partir do amor externo que ela recebe dos pais. Com o tempo, ela vai amadurecendo e um dia aprende que não precisa desse amor de fora e que pode amar a si mesma independente de fontes externas.

Entretanto, quando a criança é pouco elogiada, pouco reconhecida, tratada com indiferença, recebe muitas críticas, é abandonada e rejeitada, ela começa a interpretar inconscientemente que tem algo de errado com ela, que não é digna de receber amor e passa, então, a desenvolver problemas de autoestima. A criança passa a não conseguir amar a si mesma, pois não aprendeu como fazer isso e desenvolve auto rejeição e abandono. Torna-se, assim, um adulto que não amadureceu de forma plena emocionalmente e que vive em busca do amor externo, reconhecimento e aprovação de terceiros para se sentir bem.

Pais com boa autoestima conseguem dar para a criança o alimento emocional que ela precisa durante a infância. Mas a maioria dos pais carrega muitas dificuldades emocionais e por isso não consegue suprir a carência dos filhos. E assim ficamos marcados.

Felizmente essas marcas emocionais têm cura. Caso contrário, seríamos reféns de um passado que não temos como mudar. A *EFT (técnica para autolimpeza emocional,baixe o manual gratuito aqui)é uma excelente ferramenta para limpar as memórias negativas do passado, lembranças de rejeição, medo, abandono e todo e qualquer tipo de pensamento ou sentimento ligados a padrões de autoestima baixa.

Com a autoestima mais elevada, nossa vida se torna muito melhor. É mais fácil dizer não e impor limites, o que nos faz construir amizades mais saudáveis pois conseguimos nos fazer respeitar. O mesmo é válido na questão dos relacionamentos amorosos. Além de ficar bem mais fácil atrair uma pessoa com um padrão emocional saudável.

Mais autoestima tem a ver com mais autoconfiança. O medo do julgamento e das críticas diminui e assim podemos seguir nosso verdadeiro caminho, independente do que os outros acham. À medida que a autoestima se eleva, ficamos mais otimistas. Fica mais fácil confiar na vida e empreender seja lá o que for.

Se houvesse um aumento considerável na autoestima geral da população, veríamos os níveis de consumo de bebida alcoólica caírem drasticamente. O álcool é usado como uma muleta para se ficar mais à vontade socialmente, e também para amenizar temporariamente o sofrimento interior que as pessoas carregam. Veríamos ainda uma diminuição de todos os outros tipos de vícios.



Eu elaborei um teste pra que você possa avaliar a sua autoestima. O mais importante não é nem tanto a pontuação final que você vai obter nesse teste. O mais importante é a reflexão que cada pergunta traz. Pra fazer o teste é só acessar: Teste a Sua Autoestima

Com a melhora da autoestima, muitos começariam até a emagrecer. Não por que fariam um esforço pra isso, e sim, por que o desejo de comer em excesso simplesmente diminuiria. A comida também é utilizada como uma muleta. O prazer que ela proporciona mascara temporariamente o sofrimento latente que acumulamos. Quando estamos mais em paz, livres da nossa negatividade, além de reduzir o impulso de comer mais do que o organismo precisa, diminui-se também a vontade de se alimentar de comidas calóricas como doces e frituras e aumenta o desejo por comidas saudáveis.

Com uma autoestima melhor é bem mais fácil crescer profissionalmente e prosperar, pois os processos inconscientes de autossabotagem que nos levam à autopunição e perdas de oportunidades diminuem.

Com mais autoestima, aumenta também o senso de merecimento e nos tornamos melhores recebedores, sentindo que somos dignos de ter e receber amor, conforto, abundância material, saúde física. A vontade de cuidar de si mesmo se torna algo natural: fazer exercícios, dedicar tempo para autoconhecimento, ir ao dentista... A preguiça e a falta de vontade vão embora, dando lugar à alegria e energia para viver a vida.

Resumindo, cuidar da autoestima é tudo e mais um pouco.

André Lima

*EFT - Emotional Freedom Techniques - Técnica que ensina a desbloquear a energia estagnada nos meridianos, de forma fácil, rápida e extremamente eficaz, proporcionando a cura para questões físicas e emocionais. Você mesmo pode se autoaplicar o método. Para receber manual gratuito da técnica e já começar a se beneficiar, acesse este link



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Malévola e a redenção do feminino ferido

Por Hellen Reis Mourão 

Psicanalista Clínica com pós-graduação em Psicologia Analítica pela FACIS-RIBEHE, São Paulo. Especialista em Mitologia e Contos de Fada.


Podemos dividir o filme Malévola em duas partes. Na primeira o filme nos apresenta dois reinos distintos e em guerra: o reino de Moors, onde vivem criaturas míticas, incluindo a fada Malévola, e o reino dos humanos. Essa divisão representa uma clara divisão entre o inconsciente, onde habitam os arquétipos e a consciência, no reino dos humanos.


Na primeira parte do filme temos as seguintes figuras, o rei velho, Malévola e Stefan, o jovem pelo qual a protagonista se apaixona.
O rei ambicioso que está para morrer precisa escolher um sucessor digno para o trono. Nota-se que no reino dos humanos não há uma figura feminina expressiva. Não vemos rainha e o rei apenas cita a sua filha. Isto demonstra que a atitude da consciência encontra-se extremamente unilateral, desequilibrada.


O rei simbolicamente incorpora o princípio divino, do qual depende o bem-estar físico e psíquico de toda a nação. O rei pode ser considerado um símbolo do Self manifestado na consciência coletiva. E esse símbolo, conforme Von Franz (2005) tem necessidadede renovação constante, de compreensão e contato, pois, de outro modo, corre o perigo de se tornar uma fórmula morta — um sistema e uma doutrina esvaziados de seu significado e tornar-se uma fórmula puramente exterior.
A atitude unilateral, então, desse reino é a ênfase no Logos. Não há feminino, não há Eros, não há relacionamento com o irracional. E onde falta o amor o poder se instala, por isso, deve-se escolher um novo rei para a renovação.

Entre os pretendentes ao trono está Stephan, que foi o amor de Malévola na infância. A ele, a fada entregou seu coração. Entretanto, Stephan a trai. Movido pelo poder e ambição, ele corta suas asas e as entrega ao rei. Garantindo então seu lugar como novo regente. E assim, o elemento feminino ainda não pode ser resgatado, a atitude unilateral permanece.
Essa atitude é comum em muitos homens, que movidos pelo medo de seu inconsciente, “cortam as asas” de sua mulher. Cortando sua independência, seu progresso profissional e até suas amizades. Eles se apresentam de forma amorosa, prometendo amor verdadeiro, mas visam o poder sobre elas.

Dessa forma, assim como Stephan, eles traem sua anima, traem sua própria alma. Malévola que era a protetora de Moor pode ser considerada a protetora do reino do inconsciente. Uma representação da anima.
Conforme Carl Jung, a anima é responsável por fazer a ligação entre o consciente e o inconsciente do homem. Ela é o guia dele, seu psicopompo. É uma figura arquetípica que contém todas as experiências do homem com a mulher através de toda a história da humanidade, e por meio dela o homem pode compreender e a natureza da mulher.

Malévola transitava entre os dois mundos e executava esse papel. O fato de possuir asas é uma clara alusão ao deus grego Hermes, com suas sandálias aladas. Hermes era o deus mensageiro dos gregos. O único que podia transitar entre todos os mundos. Uma imagem arquetípica dopsicopompo.


Então, quando Stephan corta suas asas, ela perde essa função de guia e ponte e fica renegada ao inconsciente. Outro símbolo digno de nota são seus chifres. O chifre representa virilidade, força, poder e fertilidade. Ou seja, ela é a responsável pela fecundidade do reino e da consciência.
O aspecto feminino do homem, quando rejeitado, e reprimido acaba se tornando não diferenciado. No inconsciente ela ganha mais força e se volta contra a consciência unilateral, se tornando primitiva, vingativa e amarga. Assim o feminino interior, a anima, que representa o aspecto da vida, agora se volta contra a atitude consciente, como aspecto da morte.

Agora chegamos à segunda parte do filme. E nela temos os seguintes personagens: Stephan como rei, que se casou e teve uma filha, Aurora, as três fadas, o corvo Diavale, e claro, Malévola. Nessa segunda parte agora temos o oposto da primeira. Na primeira, havia um desequilíbrio onde o masculino predominava. Agora o feminino é mais forte. Temos mais figuras femininas representadas pelas fadas, Aurora e Malévola.
A psique sempre busca o equilíbrio compensatório. Mas esse equilíbrio só ocorre por meio da enantiodromia. Esse é um ciclo natural da psique, pois tudo deve se reverter em seu oposto para que haja aprendizado e flexibilidade. E agora vemos uma consciência na fase matriarcal, em compensação a fase anterior patriarcal. E nessa fase o feminino ferido e traído busca sua vingança, mais que isso busca seu lugar de direito.

Mas a atitude consciente coletiva, representada pelo rei Stephan, ainda rejeita esse feminino. Vemos isso em seu comportamento, pois além de ainda querer eliminar Malévola, ele envia sua filha amaldiçoada para longe aos cuidados das três fadas, negando assim sua função paterna de proteção e simplesmente ignora sua esposa que está à beira da morte. Um homem quando rejeita seu feminino é frequentemente tomado por ele. Se tornando mal-humorado, pois ao invés de ajudá-lo a administrar suas emoções a anima o carrega de afetos primitivos e indiferenciados.


Assim como Stephan, o homem se afunda cada vez mais em um humor altamente opressivo, rejeitando seus relacionamentos mais próximos e não tendo consideração por ninguém. Malévola, então, traída e amargurada não é mais uma fada. Ela se tornou uma bruxa. Ela agora é a encarnação da Mãe terrível.


A Mãe Terrível liga-se à morte, ruína, aridez, penúria e esterilidade. Nota-se que ela cria uma barreira de espinho ao redor do reino de Moors. E dessa forma, ninguém mais tem acesso ao inconsciente. E por isso a terra se torna estéril, sem vida. Nos contos de fada, a bruxa, representante da Mãe Terrível, sempre está acompanhada por um animal. Esse que representa o animus terrível dela sempre a ajuda. No caso do filme, ela é auxiliada por um corvo, que se transforma em homem, Diaval.
O corvo é associado à bruxaria, magia, azar, mau presságio, mas também fertilidade, esperança e sabedoria. Ele representa as asas que ela perdeu, sendo uma alusão clara a sua função de animus. Porém, o fato de se transformar ocasionalmente em homem, demonstra uma semente de evolução em Malévola. Seu animus não é totalmente primitivo e por vezes a esclarece e serve de consciência para ela.

Malévola, como Mãe Terrível, então se volta contra a criação do rei (sua filha). E nesse momento a Mãe Terrível exige um sacrifício para aplacar sua ira. Aqui vemos um tema mitológico recorrente: o do sacrifício de uma virgem. O tema do sacrifício, em termos psicológicos, significa que para se alcançar um avanço na consciência, e para uma mudança de atitude, a velha forma deve morrer. Ou seja, para se chegar a um equilíbrio entre masculino e feminino alguém deve ser sacrificado e submetido aos domínios da bruxa.


A princesa Aurora é então a vítima escolhida. A bruxa lhe lança uma maldição do sono da morte. Seu pai a envia para longe como forma de proteção e ela não sabe quem ela é e nem que está sob uma maldição. Ela passa a viver com as três fadas escondida, porém essas são inábeis em seu cuidado e proteção. Logo, devido a sua curiosidade, ela passa a viver em Moor com Malévola.


Como nos contos de fada, a princesa perdeu sua mãe representante da Mãe Boa e agora passa a conviver com a Mãe Terrível. O fato de ir para Moors, o mundo do inconsciente, faz uma alusão ao mito deInanna, que empreende uma descida ao mundo subterrâneo de sua irmã sombria Ereshkigal. E é nesse instante, que Malévola começa a encontrar a redenção, uma vez que ela passa a conhecer o amor verdadeiro na forma da maternidade.

Sua redenção não poderia vir pelo masculino, visto que este a traiu, mas por uma menina que a faz relembrar seu lado amoroso, que a faz recordar de um tempo em que era feliz. É pela compaixão de Aurora que ela volta a ter esperanças e a amar. E assim Malévola consegue resgatar suas asas, voltando a ter a sua função de psicopompo. O rei Stephan encontra o destino de todo aquele que se encontra engessado em uma atitude unilateral enrijecida, a morte. E a consciência coletiva encontrou seu equilíbrio entre os opostos com um quarteto que passa a representar a Alteridade e Totalidade: Aurora e o Príncipe e Malévola e Diaval.

Referências:

JUNG, C. G. Símbolos da Transformação. Vozes. Petrópolis: 1986.

____ O eu e o inconsciente. 21 ed.Vozes. Petrópolis: 2008

NEUWMAN, E. A Grande Mãe.Cultrix. São Paulo: 2006.

VON FRANZ, M. L. Mitos de Criação. 2 ed.Paulus. São Paulo:2011.

____ A interpretação dos contos de fada. 5 ed.Paulus. São Paulo:2005.

____ A sombra e o mal nos contos de fada. 3 ed.Paulus. São Paulo:2002.

____ Animus e Anima nos contos de fada. Verus. Campinas: 2010.

Sobre contos de fadas, o (En)Cena apresenta uma análise das "Princesas Disney" em: http://ulbra-to.br/encena/categorias/princesas-disney

A maneira de atuar da Consciencia Indigo/Cristal

terça-feira, 17 de junho de 2014

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Nova Consciencia




terça-feira, 3 de junho de 2014

A ritalina e os riscos de um 'genocídio do futuro


Para uns, ela é uma droga perversa. Para outros, a 'tábua de salvação'. Trata-se da ritalina, o metilfenidato, da família das anfetaminas, prescrita para adultos e crianças portadores de transtorno dedeficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Teria o objetivo de melhorar a concentração, diminuir o cansaço e acumular mais informação em menos tempo. Esse fármaco desapareceu das prateleiras brasileiras há poucos meses (e já começou a voltar), trazendo instabilidade principalmente aos pais, pela incerteza do consumo pelos filhos. Ocorre que essa droga pode trazer dependência química, pois tem o mesmo mecanismo de ação da cocaína, sendo classificada pela Drug Enforcement Administration como um narcótico. No caso de consumo pela criança, que tem seu organismo ainda em fase de formação, a ritalina vem sendo indicada de maneira indiscriminada, sem o devido rigor no diagnóstico. Tanto que, no momento, o país se desponta na segunda posição mundial de consumo da droga, figurando apenas atrás dos Estados Unidos. Como acontece com boa parte dos medicamentos da família das anfetaminas, a ritalina 'chafurda' a ilegalidade, com jovens procurando a euforia química e o emagrecimento sem dispor de receita médica. Fala-se muito que, se não fizer o tratamento com a ritalina, o paciente se tornará um delinquente. "Mas nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona", critica a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. “A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro. Mais vale a orientação familiar”, encoraja a pediatra, que concedeu entrevista, a seguir, ao Portal Unicamp.

Portal Unicamp – Há pouco tempo, faltou distribuição de ritalina no mercado brasileiro. Como essa lacuna foi sentida?

Cida Moysés – Não sabemos verdadeiramente o motivo de faltar o medicamento, mas isso criou uma instabilidade nas pessoas. As famílias ficaram muito preocupadas e entraram em pânico, com medo de que os filhos ficassem sem esse fornecimento. Isso foi sentido de um modo muito mais intenso do que com outros medicamentos que de fato demonstram que sua interrupção seria mais complicada que a ritalina. São os casos dos medicamentos para diabetes ou hipertensão. Apesar de não conhecermos a razão dessa falta do medicamento, sabemos das estratégias de mercado para outros produtos como o açúcar e o café que faltam no supermercado e, por isso, também para os medicamentos que faltam na farmácia. Quando somem das prateleiras, eles criam angústia. No entanto, em geral, retornam mais tarde. E mais caros, é óbvio.

Portal Unicamp – O que é a ritalina? Como ela age?

Cida Moysés – A ritalina, assim como o concerta (que tem a mesma substância da ritalina – o metilfenidato, é um estimulante do sistema nervoso central - SNC), tem o mesmo mecanismo de ação das anfetaminas e da cocaína, bem como de qualquer outro estimulante. Ela aumenta a concentração de dopaminas (neurotransmissor associado ao prazer) nas sinapses, mas não em níveis fisiológicos. É certo que os prazeres da vida também fazem elevar um pouco a dopamina, porém durante um pequeno período de tempo. Contudo, o metilfenidato aumenta muito mais. Assim, os prazeres da vida não conseguem competir com essa elevação. A única coisa que dá prazer, que acalma, é mais um outro comprimido de metilfenidato, de anfetamina. Esse é o mecanismo clássico da dependência química. É também o que faz a cocaína.

Portal Unicamp – Quando a ritalina é indicada?

Cida Moysés – Para quem indica, é nos casos com diagnóstico de TDAH. Eu não indico. Para esses médicos, entendo que é necessário traçar uma relação custo-benefício: quanto ganho com esse tratamento em termos de vantagens e de desvantagens. Sabe-se que é uma droga que possui inúmeras reações adversas, como qualquer droga psicoativa. Considero extremamente complicado usar uma droga com essas reações para melhorar o comportamento de uma criança. Qual é o preço disso?



Portal Unicamp – Quais são os sintomas principais?

Cida Moysés – As reações adversas estão em todo o organismo e, no sistema nervoso central então, são inúmeras. Isso é mencionado em qualquer livro de Farmacologia. A lista de sintomas é enorme. Se a criança já desenvolveu dependência química, ela pode enfrentar a crise de abstinência. Também pode apresentar surtos de insônia, sonolência, piora na atenção e na cognição, surtos psicóticos, alucinações e correm o risco de cometer até o suicídio. São dados registrados no Food and Drug Administration (FDA). São relatos espontâneos feitos por médicos. Não é algo desprezível. Além disso, aparecem outros sintomas como cefaleia, tontura e efeito zombie like, em que a pessoa fica quimicamente contida em si mesma.

Portal Unicamp – Não é pouca coisa...

Cida Moysés – Ocorre que isso não é efeito terapêutico. É reação adversa, sinal de toxicidade. Além disso, no sistema cardiovascular é possível ter hipertensão, taquicardia, arritmia e até parada cardíaca. No sistema gastrointestinal, quem já tomou remédio para emagrecer conhece bem essas reações: boca seca, falta de apetite, dor no estômago. A droga interfere em todo o sistema endócrino, que interfere na hipófise. Altera a secreção de hormônios sexuais e diminui a secreção do hormônio de crescimento. Logo, as crianças ficam mais baixas e também essa droga age no peso. Verificando tudo isso, a relação de custo-benefício não vale a pena. Não indico metilfenidato para as crianças. Se não indico para um neto, uma criança da família, não indico para uma outra criança.

Portal Unicamp – Criança não comportada é um problema social?

Cida Moysés – Está se tornando. E não vai se resolver colocando um diagnóstico de uma doença neurológica ou neuropsiquiátrica e administrando um psicotrópico para uma criança.

Portal Unicamp – Qual seria o tratamento então?

Cida Moysés – Um levantamento de 2011, publicado pelo equivalente ao Ministério da Saúde nos Estados Unidos, envolve uma pesquisa feita pelo Centro de Medicina baseado em Evidências da Universidade de McMaster, no Canadá, que analisou todas as publicações de 1980 a 2010 sobre o tratamento de TDAH. O primeiro dado interessante foi que, dos dez mil trabalhos que provaram que o metilfenidato funciona, é seguro, apenas 12 foram considerados publicações científicas. Todo o resto foi descartado por não preencher os critérios de cientificidade. Esse é um aspecto muito importante. Dos 12 trabalhos restantes, o que eles encontraram foi que a orientação familiar tem alta evidência de bons resultados, e o medicamento tem baixa evidência. Isso não quer dizer que a família seja culpada. É preciso orientá-la como lidar com essa criança. Além disso, os dados dessa pesquisa sobre rendimento escolar foram inconclusivos, assim como não há nenhum dado que permita dizer que melhora o prognóstico em longo prazo. Fala-se muito que, se a criança não for tratada, vai se tornar uma dependente química ou delinquente. Nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona. E o que está acontecendo é que o diagnóstico de TDAH está sendo feito em uma porcentagem muito grande de crianças, de forma indiscriminada.



Portal Unicamp – Dê um exemplo.

Cida Moysés – Quando se fala em 5% a 10% de pessoas com determinado problema, o conhecimento médico exige que se assuma que isso é um produto social, e não uma doença inata, neurológica, como seria o TDAH, e muito menos genética. Não dá para pensar em porcentagens. Em Medicina, sobre doenças desse tipo fala-se em 1 para 100 mil ou em 1 para 1 milhão. Então, é algo socialmente que vem se produzindo. Quando digo isso, de novo, não estou dizendo que a família é a culpada. Pelo contrário, é um modo de viver que estamos produzindo.

Portal Unicamp – Quem está sendo medicado?

Cida Moysés – São as crianças questionadoras (que não se submetem facilmente às regras) e aquelas que sonham, têm fantasias, utopias e que ‘viajam’. Com isso, o que está se abortando? São os questionamentos e as utopias. Só vivemos hoje num mundo diferente de 1.000 anos atrás porque muita gente questionou, sonhou e lutou por um mundo diferente e pelas utopias. Quando impedimos isso quimicamente, segundo a frase de um psiquiatra uruguaio, “a gente corre o risco de estar fazendo um genocídio do futuro”. Estamos dificultando, senão impedindo, a construção de futuros diferentes e mundos diferentes. E isso é terrível.

Portal Unicamp – Na França, o TDAH é praticamente zero. A que se deve isso?

Cida Moysés – Isso se deve a valores culturais, fundamentalmente.

Portal Unicamp – Isso em países desenvolvidos?

Cida Moysés – Não necessariamente. Ninguém pode dizer que os EUA não sejam desenvolvidos. Não obstante, o país é o primeiro grande consumidor mundial da ritalina, da onde irradia tudo. O Brasil vem logo em seguida, como segundo consumidor mundial. Ao contrário do que se propaga, de que a taxa de prevalência é a mesma em todos os lugares, isso não é verdade. Varia de 0,1% a 20%, conforme o estudo da Universidade McMaster do Canadá. Varia de acordo com valores culturais, região geográfica, época e conforme o profissional que está avaliando. Há trabalhos que mostram, por exemplo, que médicas diagnosticam mais TDAH em meninos e que médicos mais em meninas, provavelmente por uma falta de identificação. Alguns trabalhos mostram que crianças pobres têm mais chances de receber o diagnóstico. Estamos falando de uma Era dos Transtornos – uma epidemia dos diagnósticos. A França tem uma resistência muito grande a isso por uma questão de formação de médicos, de valores da sociedade. Lá eles têm um movimento muito grande desencadeado por médicos, muitos deles psiquiatras, que se chama collectif pas de 0 de conduite. Esse movimento surgiu como reação à lei que propunha avaliar o comportamento de todas as crianças até três anos de idade. Era um modelo que pegava especificamente pobres e imigrantes. O movimento conseguiu derrubar tal lei.

Portal Unicamp – Existe no Brasil alternativa diferente da medicalização, da visão organicista?

Cida Moysés – Temos uma articulação mais recente que é o Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, o qual eu e o Departamento de Pediatria da FCM-Unicamp integramos. O nosso Departamento é o seu membro fundador, tendo mais de 40 entidades acadêmicas profissionais e mais de 3.000 pessoas físicas no Brasil, que estão buscando difundir as críticas que existem na literatura científica sobre isso. Além do mais, procuramos construir outros modos de acolher e de atender as necessidades das famílias dos jovens que vivenciam e sofrem com esses processos de medicalização. Em novembro, a Unicamp promoverá um Fórum Permanente sobre Medicalização da Vida, que irá abordar essas questões de medicalização e de patologização da vida. Todos estão convidados.





Fonte: http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2013/08/05/ritalina-e-os-riscos-de-um-genocidio-do-futuro